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Pacote vai dar prioridade à construção, diz Mantega
Investimentos em infra-estrutura e saneamento também serão incentivados
Embora tenha ficado de fora do pacote o redutor de despesas, ministro afirma que haverá novas regras com efeitos semelhantes
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O governo quer tornar a
construção civil um dos principais pólos de crescimento do
país. O pacote de destravamento do crescimento que está sendo elaborado irá conter uma série de medidas para incentivar
o setor a dar esse salto nos próximos quatro anos. O setor de
saneamento e a infra-estrutura
também serão contemplados
pelo pacote.
A informação foi dada ontem
à Folha pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. De
acordo com ele, se a construção
civil cresce hoje a taxas de 5% a
6% ao ano, bem acima, portanto, do PIB, o pacote deverá fazer com que o setor cresça num
ritmo ainda mais forte. "Nós
vamos criar medidas que reforcem esse crescimento", diz ele.
Segundo Mantega, apesar
desse ritmo acelerado de expansão, a construção civil ainda representa apenas a parcela
de 6% do PIB, assim como também absorve somente 2% do
crédito na economia. Um dos
objetivos do pacote é o de, nos
próximos quatro anos, ampliar
significativamente tanto a sua
fatia no PIB como a sua participação no crédito.
O setor de construção civil
foi eleito como prioritário por
preencher todas as características do projeto de desenvolvimento que o governo pretende
adotar no país. "O impulso a esse setor é importante porque
também beneficia a área social", diz Mantega.
Isto porque, segundo ele,
quando se investe em habitação, além de contribuir para o
crescimento da economia,
também atende à necessidade
básica da população, que é a de
ter acesso à casa própria.
O saneamento básico também é outro setor que será estimulado pelo pacote econômico. "O setor de saneamento
também gera emprego e atende a uma necessidade básica do
país, que é a de melhorar a condição de vida da população",
diz ele. "Nós estamos buscando
apoiar justamente esses setores que estão na fronteira da
expansão do crescimento".
O pacote econômico já está
bem avançado. De acordo com
Mantega, o presidente Lula deve anunciar as medidas dentro
de dez dias aproximadamente.
Só falta concluir a parte relativa à infra-estrutura.
Segundo Mantega, o pacote
irá conter uma lista dos principais projetos de infra-estrutura
com um detalhamento dos
obstáculos que emperram sua
execução, como aqueles que
dependem de licença ambiental para se tornarem viáveis. O
objetivo do governo é o de realizar obras que que acelerem o
escoamento da produção e facilite a exportação.
De acordo com Mantega, outra vantagem, ao incentivar esses setores da economia, é a de
que o Brasil não depende das
importações para viabilizar o
crescimento, já que o país possui todos os insumos (cimento,
aço e minério de ferro) que
permitem incentivar os setores
eleitos pelo governo. São os
chamados "non-tradables"
(não-comercializáveis).
Apesar de o redutor de despesa ter sido abolido do pacote
econômico, Mantega afirma
que, na prática, serão criadas
regras que funcionam como se
ele existisse. Só não será mais
adotada a idéia de obrigar as
despesas a cair 0,1% ou 0,2%,
como se pretendia.
O pacote irá obrigar as despesas a crescer abaixo do PIB, o
que, segundo Mantega, na prática, terá o mesmo efeito de um
redutor. A idéia é que os gastos
sejam corrigidos pela inflação e
mais um pequeno percentual
inferior ao crescimento do PIB.
De acordo com Mantega, não
há como o governo conseguir
cortar os gastos correntes, seja
de salários ou da Previdência,
e, por isso, a alternativa foi a de
adotar normas para estabelecer parâmetros para o crescimento da despesa.
Segundo Mantega, serão regras de longo prazo, de modo a
se ter uma perspectiva de uma
política fiscal sustentável para
os próximos dez anos. E, com
isso, abrir espaços para o investimento privado na economia.
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