São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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Exportações para os EUA crescem menos

No total, vendas brasileiras para o exterior crescem 16,6% até novembro, enquanto para os americanos aumento foi de 10,2%

Apesar de o Brasil manter benefício de tarifas nos EUA, setor exportador reclama de falta de missões comerciais para o país


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A manutenção do Brasil no SGP (Sistema Geral de Preferência), conforme acordo fechado na quinta-feira no Congresso americano, garante exportações para os EUA de vários setores com mão-de-obra intensiva, mas também revela que os embarques para aquele mercado não estão acompanhando o ritmo do aumento das exportações brasileiras, segundo a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Até o fechamento desta edição, os deputados americanos estavam debatendo a continuidade do Brasil no SGP.
"À medida que as vendas para os Estados Unidos aumentam, é natural que o país seja excluído do sistema, como já aconteceu com a Coréia do Sul. Se, por um lado, mantemos mercado para setores importantes e para pequenas e médias empresas que oferecem empregos, por outro isso demonstra que não estamos dando a devida atenção para aumentar as exportações para o mercado americano", disse o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro.
De acordo com a AEB, neste ano os EUA foram o mercado para o qual os embarques menos aumentaram. No total, as exportações brasileiras cresceram 16,6% até novembro. Para os Estados Unidos, as vendas aumentaram 10,2%, enquanto para o Mercosul cresceram 30,30%, e, para os demais países da América Latina, 17,1%. Para a Europa, as vendas aumentaram 13,7%; para a África, 23%, e, para a Ásia, 14,5%.
"O atual governo não organizou uma única missão comercial para os EUA. É bom permanecer no SGP, até porque o Brasil é um país desigual, mas é ainda melhor aumentar as vendas", disse Castro.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, a Apex (agência de promoção das exportações) está abrindo um centro de distribuição de produtos em Miami. Para Castro, a iniciativa é importante porque beneficia pequenas e médias empresas, mas afirma que o governo precisa propor ações que alcancem todos os tipos de exportação.
Em agosto, Washington já havia avisado ao governo brasileiro de que recomendaria a manutenção do país no programa. A batalha, porém, se deu no Congresso, por causa do lobby agrícola americano, que é contra benefícios aos produtos do agronegócio brasileiro.
Segundo o Itamaraty, o Congresso americano não pode alegar a graduação do Brasil como país competitivo para retirá-lo do sistema, porque o conceito de competitividade de aplica a produtos, e não a países.
O governo americano concede o benefício para uma lista de 3.348 produtos, mas, para fazer parte do sistema, os produtos não podem ser mais competitivos do que os similares americanos. Para medir a competitividade, o USTr (espécie de Ministério do Comércio Exterior dos EUA) estabelece que as importações do produto pelo mercado americano não podem ser superior à metade do total das compras deste produto e não podem ultrapassar US$ 110 milhões.
Dos 3.348 da lista, o Brasil fornece aos EUA 1.493 e, no ano passado, conseguiu aprovação para 1.386 dessas mercadorias, ou seja, obteve aproveitamento de 90,3%. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, esse número era de 87% em 2004.
Em 2002, o Brasil preencheu apenas 32,90% da cota máxima. Para o ministério, o aproveitamento das empresas brasileiras está aumentando devido à divulgação do sistema.


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