São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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Brasil e Equador estudam implantar corredor de US$ 2,5 bi

Investimento, que pode ser financiado pelo BNDES, inclui estradas, pontes e viadutos, passando também pelo Peru

Corredor multimodal ligaria Manaus à equatoriana Manta, abrindo o acesso do Brasil ao oceano Pacífico e o do Equador ao Atlântico


ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o futuro presidente do Equador, Rafael Corrêa, discutiram ontem em Brasília a implantação de um corredor multimodal entre Manaus e a equatoriana Manta, que poderá abrir o acesso do Brasil ao oceano Pacífico e o do Equador ao Atlântico.
O investimento, estimado em US$ 2,5 bilhões, inclui estradas, pontes e viadutos, passando também pelo Peru. Segundo Corrêa, concorre ao financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A Odebrecht brasileira, maior construtora em atuação no Equador, participa do projeto.
Em entrevista, Corrêa disse que o Brasil pode dar "uma grande ajuda" para o Equador e contou: "Falamos de integração e da infra-estrutura necessária para isso. Não pode haver integração sem desenvolvimento, sem estradas e pontes unindo os países".
Segundo ele, é um "projeto de muito interesse para toda a América do Sul, porque permitiria evitar, por exemplo, o transporte de cargas pelo canal do Panamá, o que economizaria tempo e dinheiro. Estamos pensando em conjunto esse projeto".
Corrêa lamentou, também, que, para ir de avião a Brasília, tenha que fazer escala em Santiago do Chile e em São Paulo. "É mais rápido ir a Bruxelas."

Petróleo e biodiesel
Lula e Corrêa conversaram, ainda, sobre o principal problema do Equador: o país produz e vende óleo bruto e consome praticamente toda a receita recomprando o produto em forma de derivados de petróleo.
Lula se disse disposto a estudar alternativas, o que corresponde a admitir investimentos para a construção de pelo menos uma refinaria. Ontem, Corrêa se reuniu com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, para discutir a questão.
Atualmente, o Equador produz em média 174 mil barris por dia de petróleo e, segundo Corrêa, que é economista e professor universitário, a intenção é elevar esse patamar para algo em torno de 300 mil barris por dia.
Segundo Corrêa, ele também falou com Lula sobre biodiesel e saiu do Planalto com um kit sobre energia alternativa. Seu projeto é construir uma usina de biodiesel no Estado de Manabi, um dos três em que perdeu no segundo turno -de 22 Estados, ganhou em 19.
Outro item da pauta de conversas no Planalto foi o déficit do Equador nas relações comerciais com o Brasil, considerado pelo Itamaraty como "absurdo, vergonhoso". O país exporta menos de 10% do que importa do Brasil. As importações chegam perto de US$ 600 milhões por ano.
Depois dos encontros, Corrêa e seus futuros ministros Gustavo Larrea, homem forte da área política, e Ricardo Patiño, da Economia, almoçaram na Embaixada do Equador em Brasília.
Larrea disse à Folha que está conversando com o embaixador do Brasil em Quito, Antonino Marques Santos, sobre a compra de lotes de medicamentos genéricos do Brasil para distribuição às populações carentes pelo sistema público de saúde do país.


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