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Brasil e Equador estudam implantar corredor de US$ 2,5 bi
Investimento, que pode ser financiado pelo BNDES, inclui estradas, pontes e viadutos, passando também pelo Peru
Corredor multimodal ligaria Manaus à equatoriana Manta, abrindo o acesso do Brasil ao oceano Pacífico e o do Equador ao Atlântico
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o futuro presidente
do Equador, Rafael Corrêa, discutiram ontem em Brasília a
implantação de um corredor
multimodal entre Manaus e a
equatoriana Manta, que poderá
abrir o acesso do Brasil ao oceano Pacífico e o do Equador ao
Atlântico.
O investimento, estimado
em US$ 2,5 bilhões, inclui estradas, pontes e viadutos, passando também pelo Peru. Segundo Corrêa, concorre ao financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A
Odebrecht brasileira, maior
construtora em atuação no
Equador, participa do projeto.
Em entrevista, Corrêa disse
que o Brasil pode dar "uma
grande ajuda" para o Equador e
contou: "Falamos de integração e da infra-estrutura necessária para isso. Não pode haver
integração sem desenvolvimento, sem estradas e pontes
unindo os países".
Segundo ele, é um "projeto
de muito interesse para toda a
América do Sul, porque permitiria evitar, por exemplo, o
transporte de cargas pelo canal
do Panamá, o que economizaria tempo e dinheiro. Estamos
pensando em conjunto esse
projeto".
Corrêa lamentou, também,
que, para ir de avião a Brasília,
tenha que fazer escala em Santiago do Chile e em São Paulo.
"É mais rápido ir a Bruxelas."
Petróleo e biodiesel
Lula e Corrêa conversaram,
ainda, sobre o principal problema do Equador: o país produz e
vende óleo bruto e consome
praticamente toda a receita recomprando o produto em forma de derivados de petróleo.
Lula se disse disposto a estudar alternativas, o que corresponde a admitir investimentos
para a construção de pelo menos uma refinaria. Ontem, Corrêa se reuniu com o presidente
da Petrobras, José Sergio Gabrielli, para discutir a questão.
Atualmente, o Equador produz em média 174 mil barris
por dia de petróleo e, segundo
Corrêa, que é economista e
professor universitário, a intenção é elevar esse patamar
para algo em torno de 300 mil
barris por dia.
Segundo Corrêa, ele também
falou com Lula sobre biodiesel
e saiu do Planalto com um kit
sobre energia alternativa. Seu
projeto é construir uma usina
de biodiesel no Estado de Manabi, um dos três em que perdeu no segundo turno -de 22
Estados, ganhou em 19.
Outro item da pauta de conversas no Planalto foi o déficit
do Equador nas relações comerciais com o Brasil, considerado pelo Itamaraty como "absurdo, vergonhoso". O país exporta menos de 10% do que importa do Brasil. As importações
chegam perto de US$ 600 milhões por ano.
Depois dos encontros, Corrêa e seus futuros ministros
Gustavo Larrea, homem forte
da área política, e Ricardo Patiño, da Economia, almoçaram
na Embaixada do Equador em
Brasília.
Larrea disse à Folha que está
conversando com o embaixador do Brasil em Quito, Antonino Marques Santos, sobre a compra de lotes de medicamentos genéricos do Brasil para distribuição às populações
carentes pelo sistema público
de saúde do país.
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