São Paulo, quarta-feira, 09 de dezembro de 2009

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Brasil retoma vice-liderança em juros reais

Se Copom mantiver Selic em 8,75% na reunião de hoje, país só ficará atrás da China em ranking de taxa que desconta inflação

Juros reais no Brasil devem ficar em 4,2%, ante uma média geral de 0,7% das 40 economias analisadas pela consultoria UpTrend


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o Copom não surpreender o mercado e ratificar as projeções de manutenção da taxa Selic em 8,75%, na reunião que termina hoje, o Brasil vai retomar a vice-liderança do ranking mundial de juros reais.
Desde que a taxa Selic não seja alterada, o Brasil vai passar a contar com juros reais de 4,2%, ficando atrás apenas da China, que lidera com taxa de 5,8%. O ranking é elaborado pela consultoria UpTrend com 40 das maiores economias do planeta.
A taxa média geral dos países analisados ficou em 0,7%, sendo que nove economias contam com juro real negativo.
Na visão dos investidores internacionais, o ranking mostra que aplicar em ativos brasileiros que rendem juros está entre as melhores oportunidades do mundo. Tal percepção tem feito muitos dólares desembarcarem no país, movimento que levou a moeda americana a ameaçar romper o piso de R$ 1,70 recentemente.
Temeroso de que o real apreciado prejudicasse o setor exportador, o governo decidiu começar a cobrar, em outubro, 2% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre investimentos estrangeiros em ações e títulos de renda fixa.
"A atual política de juros do BC eleva a colocação do Brasil no ranking sem sequer mexer na Selic. A elevação de projeções de inflação em alguns países, aliada a algumas quedas de juros, alterou a dinâmica do ranking e colocou em evidência alguns países antes distantes dos dez primeiros colocados", diz Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend.
Atrás de China e Brasil, aparecem no ranking Indonésia, com juro real de 4%, Malásia, com 3,7%, e Argentina (3,1%). Os juros reais são calculados tendo como referência a taxa básica -no caso do Brasil, a Selic. Dessa taxa, desconta-se a inflação projetada para os 12 meses seguintes. Assim, se a taxa básica está estável e a inflação recua, os juros sobem.
A realidade dos outros Brics é bastante distinta da de Brasil e China. Na Rússia, os juros reais estão negativos em 0,1%. E, na Índia, a taxa está negativa em 7,4%. Isso acontece porque nessas economias a inflação em 12 meses supera a taxa básica.
O mercado projeta que a Selic seja elevada em 2010, o que tende a fazer os juros reais brasileiros subirem um pouco mais em um futuro próximo. Desde que a inflação se mantenha nos atuais patamares, o Brasil é candidato a recuperar o título de país com a maior taxa real do planeta.


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