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Brasil retoma vice-liderança em juros reais
Se Copom mantiver Selic em 8,75% na reunião de hoje, país só ficará atrás da China em ranking de taxa que desconta inflação
Juros reais no Brasil devem
ficar em 4,2%, ante uma
média geral de 0,7% das
40 economias analisadas
pela consultoria UpTrend
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Copom não surpreender
o mercado e ratificar as projeções de manutenção da taxa Selic em 8,75%, na reunião que
termina hoje, o Brasil vai retomar a vice-liderança do ranking mundial de juros reais.
Desde que a taxa Selic não seja alterada, o Brasil vai passar a
contar com juros reais de 4,2%,
ficando atrás apenas da China,
que lidera com taxa de 5,8%. O
ranking é elaborado pela consultoria UpTrend com 40 das
maiores economias do planeta.
A taxa média geral dos países
analisados ficou em 0,7%, sendo que nove economias contam
com juro real negativo.
Na visão dos investidores internacionais, o ranking mostra
que aplicar em ativos brasileiros que rendem juros está entre
as melhores oportunidades do
mundo. Tal percepção tem feito muitos dólares desembarcarem no país, movimento que levou a moeda americana a
ameaçar romper o piso de R$
1,70 recentemente.
Temeroso de que o real apreciado prejudicasse o setor exportador, o governo decidiu começar a cobrar, em outubro,
2% de IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) sobre
investimentos estrangeiros em
ações e títulos de renda fixa.
"A atual política de juros do
BC eleva a colocação do Brasil
no ranking sem sequer mexer
na Selic. A elevação de projeções de inflação em alguns países, aliada a algumas quedas de
juros, alterou a dinâmica do
ranking e colocou em evidência
alguns países antes distantes
dos dez primeiros colocados",
diz Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend.
Atrás de China e Brasil, aparecem no ranking Indonésia,
com juro real de 4%, Malásia,
com 3,7%, e Argentina (3,1%).
Os juros reais são calculados
tendo como referência a taxa
básica -no caso do Brasil, a Selic. Dessa taxa, desconta-se a
inflação projetada para os 12
meses seguintes. Assim, se a taxa básica está estável e a inflação recua, os juros sobem.
A realidade dos outros Brics é
bastante distinta da de Brasil e
China. Na Rússia, os juros reais
estão negativos em 0,1%. E, na
Índia, a taxa está negativa em
7,4%. Isso acontece porque
nessas economias a inflação em
12 meses supera a taxa básica.
O mercado projeta que a Selic seja elevada em 2010, o que
tende a fazer os juros reais brasileiros subirem um pouco
mais em um futuro próximo.
Desde que a inflação se mantenha nos atuais patamares, o
Brasil é candidato a recuperar o
título de país com a maior taxa
real do planeta.
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