São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústria cresce pouco, mas dá sinal de recuperação

BONANÇA MOUTEIRA
DA SUCURSAL RIO

Embora em ritmo lento, a produção industrial completou seis meses consecutivos de crescimento ao encerrar novembro com aumento de 0,5% em relação a outubro, de acordo com os dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O desempenho da indústria revelou indícios, ainda que discretos, de recuperação na demanda interna. Enquanto na comparação com novembro de 2001 a indústria geral avançou 4,6%, a produção de bens duráveis subiu 8,6%, puxada pelo crescimento da indústria automobilística (15,8%) e de eletrodomésticos (4,8%). Já o setor de não-duráveis -que abrange roupas e alimentos- recuou 3,9%.
Na avaliação de Sílvio Sales, chefe do Departamento de Indústria do IBGE, houve migração de recursos das aplicações financeiras para o consumo de bens duráveis, motivada pela inflação ascendente. "Não há renda para sustentar aumento de demanda nos demais setores", afirmou ele.
A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre os carros e a liberação dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) colaboraram para o incremento nas vendas, que teve reflexos também no setor imobiliário.
A produção para insumos da construção civil aumentou 4,6% na comparação entre novembro de 2001 e novembro de 2002.
"As incertezas do cenário político e a alta da inflação geraram procura por ativos reais como imóveis", confirmou Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimentos do Brasil.
O aumento nas vendas puxou o crescimento da produção de bens intermediários -categoria que inclui insumos industriais elaborados, como ferro e aço-, que registrou alta de 6,7%.
No entanto, o crescimento da produção geral -que no acumulado do ano soma 2,1%- permaneceu, como nos cinco meses anteriores, atrelada à pressão cambial e ao conseqüente aumento das exportações. O setor agrícola e a indústria de petróleo e derivados também mantiveram índices positivos.
No acumulado de janeiro a novembro, apenas o setor de bens de capital exibiu perda, de 1,3%. A produção de bens intermediários cresceu 2,7%; bens de consumo, 0,6%; duráveis, 2,2%; e não-duráveis, 0,1%.
O crescimento acumulado de 2,1% da indústria no ano tem duas interpretações, segundo o economista Alexandre Fischer, sócio da RC Consultores.
Ruim, se analisado diante da necessidade de crescimento e geração de empregos, mas bom no contexto de dificuldades do ano passado, em que houve disparada do dólar, alta da inflação, aumento de juros e eleições. Ele estima em torno de 2% o resultado final de 2002 e calcula que a indústria possa crescer 2,4% neste ano.


Texto Anterior: Infra-estrutura: Novo BNDES vai correr mais riscos em empréstimos
Próximo Texto: Dólar a R$ 3 não atrapalha balança, afirma ministro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.