|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indústria cresce pouco, mas dá sinal de recuperação
BONANÇA MOUTEIRA
DA SUCURSAL RIO
Embora em ritmo lento, a produção industrial completou seis
meses consecutivos de crescimento ao encerrar novembro
com aumento de 0,5% em relação
a outubro, de acordo com os dados divulgados ontem pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
O desempenho da indústria revelou indícios, ainda que discretos, de recuperação na demanda
interna. Enquanto na comparação com novembro de 2001 a indústria geral avançou 4,6%, a
produção de bens duráveis subiu
8,6%, puxada pelo crescimento
da indústria automobilística
(15,8%) e de eletrodomésticos
(4,8%). Já o setor de não-duráveis
-que abrange roupas e alimentos- recuou 3,9%.
Na avaliação de Sílvio Sales,
chefe do Departamento de Indústria do IBGE, houve migração de
recursos das aplicações financeiras para o consumo de bens duráveis, motivada pela inflação ascendente. "Não há renda para
sustentar aumento de demanda
nos demais setores", afirmou ele.
A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
sobre os carros e a liberação dos
recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) colaboraram para o incremento nas
vendas, que teve reflexos também
no setor imobiliário.
A produção para insumos da
construção civil aumentou 4,6%
na comparação entre novembro
de 2001 e novembro de 2002.
"As incertezas do cenário político e a alta da inflação geraram
procura por ativos reais como
imóveis", confirmou Sandra Utsumi, economista-chefe do BES
Investimentos do Brasil.
O aumento nas vendas puxou o
crescimento da produção de bens
intermediários -categoria que
inclui insumos industriais elaborados, como ferro e aço-, que registrou alta de 6,7%.
No entanto, o crescimento da
produção geral -que no acumulado do ano soma 2,1%- permaneceu, como nos cinco meses anteriores, atrelada à pressão cambial e ao conseqüente aumento
das exportações. O setor agrícola
e a indústria de petróleo e derivados também mantiveram índices
positivos.
No acumulado de janeiro a novembro, apenas o setor de bens de
capital exibiu perda, de 1,3%. A
produção de bens intermediários
cresceu 2,7%; bens de consumo,
0,6%; duráveis, 2,2%; e não-duráveis, 0,1%.
O crescimento acumulado de
2,1% da indústria no ano tem
duas interpretações, segundo o
economista Alexandre Fischer,
sócio da RC Consultores.
Ruim, se analisado diante da
necessidade de crescimento e geração de empregos, mas bom no
contexto de dificuldades do ano
passado, em que houve disparada
do dólar, alta da inflação, aumento de juros e eleições. Ele estima
em torno de 2% o resultado final
de 2002 e calcula que a indústria
possa crescer 2,4% neste ano.
Texto Anterior: Infra-estrutura: Novo BNDES vai correr mais riscos em empréstimos Próximo Texto: Dólar a R$ 3 não atrapalha balança, afirma ministro Índice
|