São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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VÔO DA ÁGUIA

Taxa de desemprego cai, mas só 1.000 vagas são abertas em dezembro

EUA criam poucas vagas de trabalho

DA REDAÇÃO

A economia norte-americana praticamente não criou postos de trabalho no mês passado, despejando um balde de água fria nas estimativas de que os EUA entraram em uma nova fase de crescimento acelerado e duradouro. Ainda assim, houve uma redução na taxa de desemprego.
De acordo com relatório divulgado ontem pelo Departamento do Trabalho, foram criadas mil novas vagas em dezembro. O número ficou bem abaixo da expectativa média dos analistas do mercado financeiro, que era de um aumento líquido de 130 mil postos. Alguns esperavam a criação de 200 mil vagas.
Já a taxa de desemprego recuou de 5,9%, em novembro, para 5,7%. Mas a redução ocorreu sobretudo devido ao fato de que 309 mil pessoas deixaram o mercado de trabalho, ou seja, não procuraram emprego no período.
"A taxa de desemprego está caindo, mas está caindo pelas razões erradas", comentou Bill Cheney, economista-chefe do banco John Hancock Financial Services. "Isso não dá uma boa sensação a respeito da situação do mercado de trabalho."
A indústria segue como o setor mais fragilizado. As fábricas norte-americanas reduziram o número de funcionários pelo 41º mês consecutivo. Em dezembro, o setor manufatureiro fechou 26 mil vagas. Em todo o ano passado, as fábricas eliminaram cerca de 500 mil postos.
"É um choque. O único raio de sol no relatório, a queda na taxa de desemprego, é ironicamente um sinal de fraqueza", disse Cary Leahey, economista-sênior do Deutsche Bank Securities, em Nova York. "A única razão para o declínio na taxa é que menos pessoas procuraram emprego em dezembro."

Tiroteio eleitoral
Os EUA perderam 2,3 milhões de empregos desde que George W. Bush assumiu a Casa Branca, no início de 2001. O tema promete ser um dos calcanhares-de-aquiles de Bush na campanha eleitoral deste ano, em que tentará a reeleição para permanecer mais quatro anos no cargo.
Os democratas, de oposição, aproveitaram os fracos números para fazer críticas à política econômica de Bush, republicano.
"Está na hora de George W. Bush perder seu emprego para que nós possamos colocar os americanos de volta ao trabalho", afirmou Wesley Clark, um dos pré-candidatos à Presidência na chapa democrata.
Bush, por outro lado, tentou mostrar confiança na recuperação econômica. "Sou um otimista", afirmou, durante encontro de pequenos empresários. "Todos os sinais são de que nossa economia está bastante forte."
Para os analistas de opinião pública, a economia será um tema decisivo na campanha.
"Os democratas pareciam estar quase se conformando em descartar a economia como uma questão eleitoral. Esse relatório muda isso e reacende a questão", afirmou Dean Spiliotes, chefe do Instituto de Política de New Hampshire.

Reação do mercado
Os fracos números do mercado de trabalho ampliaram a possibilidade de o Federal Reserve (banco central dos EUA) não mexer na taxa de juros tão cedo. De acordo com analistas, como não existe pressão inflacionária, o Fed só deverá aumentar a taxa, hoje em 1% ao ano, quando houver sinais claros de criação de emprego.
Com isso, houve uma queda nas taxas de juros futuros ontem. As taxas estavam em ligeira trajetória de alta porque, graças aos bons indicadores do segundo semestre do ano passado, havia a expectativa de que o Fed elevasse os juros ainda neste semestre.
O dólar voltou a perder valor e bateu novos recordes de baixa diante do euro, da libra esterlina e do franco suíço. A Bolsa de Nova York fechou em forte baixa. O índice Dow Jones recuou 1,26%, mas acumulou alta de 0,5% na semana. A Nasdaq perdeu 0,63% ontem, enquanto teve ganho de 0,4% na semana.
"Precisamos ver crescimento do emprego para sustentar essa recuperação nas Bolsas", afirmou Matthew Wickens, economista do ABN Amro.


Com agências internacionais


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