|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VÔO DA ÁGUIA
Taxa de desemprego cai, mas só 1.000 vagas são abertas em dezembro
EUA criam poucas vagas de trabalho
DA REDAÇÃO
A economia norte-americana
praticamente não criou postos de
trabalho no mês passado, despejando um balde de água fria nas
estimativas de que os EUA entraram em uma nova fase de crescimento acelerado e duradouro.
Ainda assim, houve uma redução
na taxa de desemprego.
De acordo com relatório divulgado ontem pelo Departamento
do Trabalho, foram criadas mil
novas vagas em dezembro. O número ficou bem abaixo da expectativa média dos analistas do mercado financeiro, que era de um
aumento líquido de 130 mil postos. Alguns esperavam a criação
de 200 mil vagas.
Já a taxa de desemprego recuou
de 5,9%, em novembro, para
5,7%. Mas a redução ocorreu sobretudo devido ao fato de que 309
mil pessoas deixaram o mercado
de trabalho, ou seja, não procuraram emprego no período.
"A taxa de desemprego está
caindo, mas está caindo pelas razões erradas", comentou Bill Cheney, economista-chefe do banco
John Hancock Financial Services.
"Isso não dá uma boa sensação a
respeito da situação do mercado
de trabalho."
A indústria segue como o setor
mais fragilizado. As fábricas norte-americanas reduziram o número de funcionários pelo 41º
mês consecutivo. Em dezembro,
o setor manufatureiro fechou 26
mil vagas. Em todo o ano passado, as fábricas eliminaram cerca
de 500 mil postos.
"É um choque. O único raio de
sol no relatório, a queda na taxa
de desemprego, é ironicamente
um sinal de fraqueza", disse Cary
Leahey, economista-sênior do
Deutsche Bank Securities, em Nova York. "A única razão para o declínio na taxa é que menos pessoas procuraram emprego em dezembro."
Tiroteio eleitoral
Os EUA perderam 2,3 milhões
de empregos desde que George
W. Bush assumiu a Casa Branca,
no início de 2001. O tema promete
ser um dos calcanhares-de-aquiles de Bush na campanha eleitoral
deste ano, em que tentará a reeleição para permanecer mais quatro
anos no cargo.
Os democratas, de oposição,
aproveitaram os fracos números
para fazer críticas à política econômica de Bush, republicano.
"Está na hora de George W.
Bush perder seu emprego para
que nós possamos colocar os
americanos de volta ao trabalho",
afirmou Wesley Clark, um dos
pré-candidatos à Presidência na
chapa democrata.
Bush, por outro lado, tentou
mostrar confiança na recuperação econômica. "Sou um otimista", afirmou, durante encontro de
pequenos empresários. "Todos os
sinais são de que nossa economia
está bastante forte."
Para os analistas de opinião pública, a economia será um tema
decisivo na campanha.
"Os democratas pareciam estar
quase se conformando em descartar a economia como uma
questão eleitoral. Esse relatório
muda isso e reacende a questão",
afirmou Dean Spiliotes, chefe do
Instituto de Política de New
Hampshire.
Reação do mercado
Os fracos números do mercado
de trabalho ampliaram a possibilidade de o Federal Reserve (banco central dos EUA) não mexer na
taxa de juros tão cedo. De acordo
com analistas, como não existe
pressão inflacionária, o Fed só deverá aumentar a taxa, hoje em 1%
ao ano, quando houver sinais claros de criação de emprego.
Com isso, houve uma queda nas
taxas de juros futuros ontem. As
taxas estavam em ligeira trajetória
de alta porque, graças aos bons
indicadores do segundo semestre
do ano passado, havia a expectativa de que o Fed elevasse os juros
ainda neste semestre.
O dólar voltou a perder valor e
bateu novos recordes de baixa
diante do euro, da libra esterlina e
do franco suíço. A Bolsa de Nova
York fechou em forte baixa. O índice Dow Jones recuou 1,26%,
mas acumulou alta de 0,5% na semana. A Nasdaq perdeu 0,63%
ontem, enquanto teve ganho de
0,4% na semana.
"Precisamos ver crescimento do
emprego para sustentar essa recuperação nas Bolsas", afirmou
Matthew Wickens, economista
do ABN Amro.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Vizinho em crise: FMI conclui 1ª revisão de acordo argentino Próximo Texto: Moeda: Japão eleva em 43% suas reservas cambiais Índice
|