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Empresas vêem risco maior de apagão
Cálculos do setor energético apontam que a ameaça de escassez de energia está acima do que é considerado tolerável
Operador do sistema elétrico nega risco de apagão neste ano e diz que
é preciso esperar ciclo de chuvas para prever 2009
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cálculos de empresas do setor energético apontam risco
de falta de energia superior ao
limite estabelecido pelo próprio governo como tolerável.
O CNPE (Conselho Nacional
de Política Energética), órgão
de assessoramento da Presidência da República, definiu
que o maior risco tolerável é de
5%. Esse teto já foi superado
até para este ano, em todas as
regiões do país, e o maior risco
está no Nordeste, segundo o
mercado.
Segundo cálculos feitos por
analistas a pedido da Folha,
com base nos números oficiais
do ONS (Operador Nacional do
Sistema Elétrico), o risco de
um apagão em 2008 é de 23,4%
no Sudeste e de 26,2% no Nordeste.
As chances de o déficit de
energia ser maior, com cortes
superiores a 5% do consumo,
são menores -6,5% no Sudeste
e 13,4% no Nordeste.
Para o ano que vem, a expectativa de aumento da oferta de
gás natural para termelétricas
reduz as chances de falta de
energia. O risco passa a ser de
16,8% no Sudeste (8,8% para
cortes maiores de 5%) e de
14,8% no Nordeste (7,2% para
corte maior que 5% do consumo).
Os números foram calculados com base no documento
oficial mais atual sobre oferta e
demanda de energia, chamado
de PMO (Programa Mensal de
Operação), válido para janeiro.
Como no Brasil a maior parte
da energia gerada vem de hidrelétricas, o percentual de risco está relacionado às séries
históricas de acompanhamento da quantidade de chuvas.
Esse número muda periodicamente, em função da quantidade de chuvas verificadas, da
variação da capacidade de geração de energia e de mudanças
nas projeções de demanda.
Os números não são reconhecidos pelo governo como
oficiais. Em resposta a questionamento da Folha, o Ministério de Minas e Energia encaminhou um documento do ONS
chamado Plano Anual da Operação Energética 2007.
No documento, elaborado
em setembro do ano passado,
são feitas várias simulações sobre o risco de falta de energia e,
em todas, os percentuais são
sempre muito mais baixos que
os do mercado.
Segundo o ONS, o risco de
falta de energia fica abaixo de
5% em quase todos os cenários
previstos na região Sudeste
neste ano e em 2009, considerando um crescimento econômico médio de 4,8% ao ano.
Em 2010 e 2011, o risco ultrapassa o limite, ficando em 5,3%
e 6%, respectivamente. Os percentuais se referem à possibilidade de faltar qualquer quantidade de energia.
No Nordeste, a situação é um
pouco pior, e o limite considerado tolerável já seria ultrapassado neste ano, ficando em
5,1%. O risco aumenta nos anos
subseqüentes, chegando a 8,4%
em 2009. Para 2010 e 2011 os
riscos ficam em 4,2% e 5,9%.
Na avaliação do ONS, não há
risco de faltar energia em 2008
e qualquer projeção para os
anos seguintes só faz sentido se
feita após o período de chuvas,
que termina em abril.
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