São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Empresas vêem risco maior de apagão

Cálculos do setor energético apontam que a ameaça de escassez de energia está acima do que é considerado tolerável

Operador do sistema elétrico nega risco de apagão neste ano e diz que é preciso esperar ciclo de chuvas para prever 2009

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cálculos de empresas do setor energético apontam risco de falta de energia superior ao limite estabelecido pelo próprio governo como tolerável.
O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), órgão de assessoramento da Presidência da República, definiu que o maior risco tolerável é de 5%. Esse teto já foi superado até para este ano, em todas as regiões do país, e o maior risco está no Nordeste, segundo o mercado.
Segundo cálculos feitos por analistas a pedido da Folha, com base nos números oficiais do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o risco de um apagão em 2008 é de 23,4% no Sudeste e de 26,2% no Nordeste.
As chances de o déficit de energia ser maior, com cortes superiores a 5% do consumo, são menores -6,5% no Sudeste e 13,4% no Nordeste.
Para o ano que vem, a expectativa de aumento da oferta de gás natural para termelétricas reduz as chances de falta de energia. O risco passa a ser de 16,8% no Sudeste (8,8% para cortes maiores de 5%) e de 14,8% no Nordeste (7,2% para corte maior que 5% do consumo).
Os números foram calculados com base no documento oficial mais atual sobre oferta e demanda de energia, chamado de PMO (Programa Mensal de Operação), válido para janeiro. Como no Brasil a maior parte da energia gerada vem de hidrelétricas, o percentual de risco está relacionado às séries históricas de acompanhamento da quantidade de chuvas.
Esse número muda periodicamente, em função da quantidade de chuvas verificadas, da variação da capacidade de geração de energia e de mudanças nas projeções de demanda.
Os números não são reconhecidos pelo governo como oficiais. Em resposta a questionamento da Folha, o Ministério de Minas e Energia encaminhou um documento do ONS chamado Plano Anual da Operação Energética 2007.
No documento, elaborado em setembro do ano passado, são feitas várias simulações sobre o risco de falta de energia e, em todas, os percentuais são sempre muito mais baixos que os do mercado.
Segundo o ONS, o risco de falta de energia fica abaixo de 5% em quase todos os cenários previstos na região Sudeste neste ano e em 2009, considerando um crescimento econômico médio de 4,8% ao ano. Em 2010 e 2011, o risco ultrapassa o limite, ficando em 5,3% e 6%, respectivamente. Os percentuais se referem à possibilidade de faltar qualquer quantidade de energia.
No Nordeste, a situação é um pouco pior, e o limite considerado tolerável já seria ultrapassado neste ano, ficando em 5,1%. O risco aumenta nos anos subseqüentes, chegando a 8,4% em 2009. Para 2010 e 2011 os riscos ficam em 4,2% e 5,9%.
Na avaliação do ONS, não há risco de faltar energia em 2008 e qualquer projeção para os anos seguintes só faz sentido se feita após o período de chuvas, que termina em abril.


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