São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

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Desemprego cresce mais rápido para imigrantes latinos no país

RENATO ESSENFELDER
DA REDAÇÃO

A taxa de desemprego de imigrantes latinos nos Estados Unidos cresceu a quase o dobro da proporção do desemprego entre não-latinos no país, revela estudo do Pew Hispanic Center, braço do instituto Pew Research Center.
Além disso, inverteu-se tendência contínua dos últimos cinco anos e pela primeira vez no período houve queda no volume de imigrantes latinos trabalhando ou buscando ocupação nos EUA. Para as empresas, as vagas de baixa qualificação geralmente associadas a imigrantes, são mais simples de serem extintas e posteriormente reabertas, o que ajuda a explicar o fenômeno.
A taxa de desemprego passou de 5,7% no terceiro trimestre de 2007 para 7,8% (alta de 2,1 pontos percentuais) em igual período de 2008 para hispânicos, ao passo que o índice foi de 4,6% para 5,8% para não-hispânicos -alta de 1,2 ponto.
O instituto ainda não fechou a comparação detalhada entre latinos e não-latinos a partir de dados de outubro a dezembro, mas já sabe que em dezembro a taxa chegou a 9,2% -maior nível desde 1997 (veja quadro).

Desistências
A princípio, a pesquisa do Pew Hispanic mostra que o agravamento das turbulências no país levou latinos nascidos em território americano a sofrerem mais. Entre eles, a taxa no terceiro trimestre de 2008 foi próxima aos dois dígitos: 9,6%. Entre latinos nascidos fora dos EUA, a taxa foi de 6,4% no terceiro trimestre.
Mas o desemprego dos imigrantes está subdimensionado, avalia o coordenador do estudo e codiretor de pesquisas do instituto, Rakesh Kochhar. "Esse número [6,4%] esconde o fato de que muito imigrantes nascidos no exterior simplesmente pararam de buscar emprego. Se não houvesse desistências, estimamos que a taxa seria de 7,8%, o que faria desse grupo o mais castigado pela crise, com alta recorde de 3,3 pontos percentuais na taxa de desocupação", afirmou à Folha.

Qualificação
O estudo do Pew Hispanic inclui tanto imigrantes legais quanto ilegais. Os irregulares representam, segundo Koch- har, cerca de 5% do total da força de trabalho americana, e são um terço de todos os imigrantes em ação no país.
Ainda pelo estudo, os maiores cortes se deram entre mexicanos e imigrantes que chegaram aos EUA mais recentemente, após o ano 2000.
Para Kochhar, isso significa que trabalhadores com salários menores em empregos menos qualificados estão sendo os primeiros a sentir os cortes. "Geralmente as recessões têm impacto mais severo sobre trabalhadores de pouca qualificação e com baixa remuneração. Este parece ser o caso agora."
O setor que mais fechou vagas entre os terceiros trimestres de 2007 e de 2008, tanto para latinos como para não-latinos, foi o da construção civil.


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