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BANCOS
Instituição conservadora faz parceria para lançar fundos de investimento baseados em derivativos
Itaú e Matrix criam fundos de alto risco
DAVID FRIEDLANDER
da Reportagem Local
O Itaú, um dos bancos mais
conservadores do país, entrou
nos fundos de investimento "tarja
preta". São aplicações de altíssimo risco, que apostam em derivativos e são capazes de criar ou destruir pequenas fortunas de um dia
para o outro. O Itaú marca presença nessa área por meio da associação anunciada ontem com o
Matrix, uma das instituições financeiras mais agressivas do país.
Com a parceria, o Itaú vira uma
potência no ramo dos derivativos
-apostas simultâneas em várias
aplicações de risco, como ações,
juros e câmbio. O Itaú já é o segundo maior administrador privado de fundos de investimento,
com uma carteira de R$ 26 bilhões. Desse total, apenas R$ 800
milhões são aplicados em derivativos. O Matrix, com uma carteira
de R$ 1,8 bilhões, está entre os cinco maiores administradores desse
tipo de investimento no país.
Nesse casamento de interesses,
que junta estilos opostos, os fundos do Matrix serão transferidos
para o Itaú, que irá oferecê-los a
grandes clientes, no Brasil e no exterior. O público alvo da nova família de fundos, que levará o nome Itaú-Matrix , são os cerca de 8
mil de investidores, empresas e
fundos de pensão que possuem
muito dinheiro para aplicar. A
gestão da carteira será compartilhada com os novos sócios do
banco Matrix.
Tarja preta
"O Itaú já tinha uma presença
grande em derivativos, mas nossos fundos são mais calmos. Com
o Matrix, passamos a ter também
os tarja preta", diz Alfredo Setúbal, vice-presidente executivo de
mercado de capitais do Itaú.
Na avaliação de Setúbal, a estabilidade da economia e a previsão
de queda nas taxas de juros deverão chamar cada vez mais a atenção do investidor para aplicações
que são de risco, mas oferecem a
chance de lucro maior. O Itaú
passa a contar com um produto
reconhecido na praça e o Matrix
abre mão de parte da receita de
seus fundos em troca do acesso a
uma clientela muito maior.
Desconhecido do grande público, o Matrix é o que na praça financeira se chama de banco de"butique". Em vez de conta corrente, caderneta de poupança e
empréstimo para a compra da casa própria, esse tipo de banco é especialista na administração de
grandes fortunas.
Nesse tipo de negócio, o Matrix
é considerado um dos mais lucrativos. Ele foi criado em 1993, com
um capital de R$ 8 milhões. Seu
patrimônio, hoje, é de R$ 142 milhões. Ou seja, em sete anos, o tamanho do Matrix aumentou
1.675%.
Nos últimos dois anos, o Matrix
vinha sendo muito assediado por
outras instituições. No mercado,
esperava-se que mais cedo ou
mais tarde o banco fosse vendido,
provavelmente para um banco estrangeiro. Nos últimos dias, correu o boato de que os donos do
Matrix estavam negociando com
a Goldman Sachs, um dos maiores bancos de negócios dos Estados Unidos.
A associação com o Itaú foi uma
surpresa e alguns analistas de
bancos especulavam ontem que o
Matrix, na verdade, teria vendido
parte de sua carteira de fundos ao
Itaú. "Não foi venda, foi associação", diz Antonio Carlos de Freitas Valle, sócio fundador do Matrix. "Nossa intenção não era vender o negócio para embolsar o dinheiro, era achar um sócio para
ampliar nossos fundos".
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