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Boeing põe em teste bioquerosene de inventor brasileiro
Biocombustível para aviões é produzido com óleo de palmáceas, como o babaçu, e não tem elementos poluentes
Nasa acompanha os testes da Boeing, que fez convênio com a Tecbio, do engenheiro químico Expedito Parente, também criador do biodiesel
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Desde o ano passado, a
Boeing, empresa norte-americana de aviões, está testando
em laboratório o bioquerosene,
criado pelo mesmo inventor do
biodiesel -o engenheiro químico Expedito Parente- e produzido no Ceará.
O biocombustível é produzido com o óleo extraído de plantas da família das palmáceas,
entre elas o babaçu, planta típica da região Norte do país, e não
tem elementos poluentes. Não
são todas as oleaginosas usadas
para o biodiesel que são aptas
para o bioquerosene.
Ainda não há aviões da empresa voando com o novo biocombustível. "Afinal, lá em cima não tem acostamento", disse Parente, 66, ao comparar os
testes empíricos feitos para desenvolver o biodiesel, em caminhões e ônibus, antes de lançá-lo no mercado.
A Nasa (agência espacial dos
EUA) também acompanha os
testes da Boeing, que firmou
um convênio com a Tecbio, empresa presidida por Parente e a
única que já produz o bioquerosene. O convênio está na segunda etapa e deve durar pelo menos por mais um ano. O governo brasileiro não tem participação nenhuma.
Descoberta
A descoberta do bioquerosene aconteceu, de acordo com
Parente, na mesma época do
biodiesel, no final da década de
70. Após conversas com ministros militares da época, o combustível chegou a ser utilizado
em um avião Bandeirante, da
Embraer, que voou em outubro
de 1984. Assim como aconteceu
com o biodiesel, no entanto, o
projeto foi engavetado.
O ressurgimento só aconteceu depois que Parente apresentou o bioquerosene em uma
conferência internacional de
tecnologia, em 2005, na China,
promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas), e até
recebeu um prêmio por isso, o
troféu Blue Sky Award.
Em maio de 2006, ele foi chamado a uma reunião em Seattle, com representantes da
Boeing, da Nasa e do governo
norte-americano. Nos EUA, o
bioquerosene tem sido chamado de "biojet fuel".
Para Parente, o bioquerosene será uma boa solução para o
futuro, por impedir a alta emissão de gases poluentes no céu
pelos aviões comerciais, chamados por ele de "pulverizadores de efeito estufa".
Testes
Como ainda não foram feitos
testes em aviões, ainda não é
possível saber, segundo Parente, como deve ser o desempenho de velocidade no ar e se vai
ser necessário fazer alguma
adaptação nos motores e nas
turbinas para a utilização do
novo combustível.
Precursor do biodiesel, Parente agora preside a maior
empresa de desenvolvimento
de plantas para usinas do biocombustível instalada no país.
Já existem nove pequenas usinas de biodiesel e três grandes
em funcionamento, além de
três que deverão ser inauguradas ainda no primeiro semestre
deste ano.
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