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Emprego na indústria tem queda recorde em dezembro
Recuo de 1,8% ante novembro foi o maior desde o início da série histórica, em 2001
Cortes refletem diminuição da produção, que foi 12,4% menor em dezembro em relação ao mês anterior, segundo dados do IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Sob impacto da crise, o emprego na indústria teve a maior
queda em oito anos: recuou
1,8% em dezembro na comparação livre de influências sazonais com novembro. Foi a
maior retração da série histórica do IBGE, iniciada em 2001.
Trata-se do terceiro mês consecutivo de redução do nível de
emprego, período no qual a
perda acumulada chega a 2,5%.
Em relação a dezembro de
2008, a ocupação caiu 1,1%, na
primeira taxa negativa em dois
anos e cinco meses e a menor
desde janeiro de 2004.
O setor industrial acusou rapidamente o golpe da crise e reduziu a produção com força em
dezembro (-12,4% em relação a
novembro), o que afetou o emprego, segundo o IBGE. "Esses
resultados do mercado de trabalho acompanharam o menor
dinamismo da indústria", diz
André Macedo, economista do
IBGE. O instituto não divulga
os números absolutos de postos de trabalho fechados. Mas o
Caged, que usa metodologia diferente e só registra o emprego
formal, contabilizou um saldo
negativo de 277 mil empregos
no mês.
A reversão do emprego nos
três últimos meses do ano passado impediu que 2008 fechasse como o melhor ano para o
emprego industrial. Em 2008, a
expansão da ocupação ficou em
2,1%, abaixo do recorde de 2,2%
de 2007. Mas, até setembro, antes do "contágio" da crise, o emprego no setor subia 2,7%.
Para Fábio Romão, economista da LCA, a indústria fez
um ajuste muito intenso e rápido de estoques em dezembro,
reduzindo a produção e o nível
de emprego. Esse movimento,
diz, foi mais sentido justamente nos setores que lideravam
até setembro a geração de postos de trabalho, como os de máquinas e equipamentos e automobilístico.
No acumulado até setembro,
o emprego na indústria automobilística, por exemplo, cresceu 10,1%. Em dezembro, a taxa
passou para 1,1% na comparação com o mesmo mês de 2007.
Com a crise, os ramos líderes
perderam fôlego rapidamente e
os que já vinham mal no emprego intensificaram os cortes.
Em dezembro, as maiores quedas foram de madeira (-11,9%),
calçados (-8,7%) e vestuário
(-8,4%). Regionalmente, a
maior contribuição negativa
veio de São Paulo (-0,8%).
Segundo Romão, dezembro
foi o pior mês para o emprego
industrial. Ele estima nova retração em janeiro, mas menos
intensa. O economista afirma
que o Caged apontará o fechamento de 16,5 mil vagas. "Foi
uma inversão muito rápida. A
produção da indústria em dezembro foi um desastre, com
reflexo no emprego. O desempenho de janeiro ainda será
ruim, mas a maior parte do
ajuste ficou em dezembro."
Rendimento
A folha de pagamento real da
indústria caiu 0,7% de novembro para dezembro. Foi o terceiro mês consecutivo de retração, com perda acumulada de
3,6% no período.
Na comparação com dezembro de 2007, a folha de pagamento cresceu 4,1%. O indicador fechou o ano de 2008 com
expansão de 6%, o melhor resultado desde 2004 (9,7%). O
rendimento na indústria, porém, chegou a crescer a taxas
próximas a 8% antes da crise.
Para Romão, a massa de salários na indústria tende a se desacelerar em 2009, mas menos
do que o emprego graças ao impacto do reajuste real do salário
mínimo. Ainda assim, o economista diz que menos categorias
terão reajustes reais neste ano.
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