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Arrecadação deve cair R$ 20 bi com a crise
Valor é o previsto pelo Planalto para os efeitos da retração econômica e representa quase duas vezes a verba do Bolsa Família no ano
Maiores perdas deverão ser registradas no Imposto de Renda e também na CSLL, tributos mais ligados ao resultado das empresas
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise internacional custará
pelo menos R$ 20 bilhões em
impostos e contribuições ao governo federal. A Folha apurou
que essa é a estimativa de queda na arrecadação com a qual a
equipe econômica vem trabalhando para 2009. A perda
equivale a mais de seis meses
de recolhimento da antiga
CPMF, que deixou de ser cobrada em 2008, ou quase duas
vezes a verba do Bolsa Família.
Se as projeções se confirmarem, a receita total da União
deve cair para R$ 639,601 bilhões quando comparada com
Orçamento aprovado no Congresso. Isso porque os parlamentares foram mais pessimistas que o governo na estimativa das receitas para 2009.
Durante a tramitação do projeto, reduziram a previsão de
arrecadação em R$ 2,746 bilhões em relação ao que a equipe econômica projetava em
agosto, quando a proposta foi
enviada. As maiores perdas deverão ser registradas no IR
(Imposto de Renda) e CSLL
(Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido), tributos ligados ao resultado das empresas.
A freada econômica afetará o
lucro e a arrecadação. O recolhimento de impostos sobre
operações em Bolsas e demais
operações financeiras também
deve sofrer pelos prejuízos
acumulados no mercado financeiro. Já o IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) cairá por causa das desonerações
feitas pelo governo. Para ter
uma ideia, em 2008, mesmo
com a piora na crise no último
trimestre, o governo arrecadou
14,72% ou R$ 11,1 bilhões a
mais com o IR de empresas e
R$ 7,7 bilhões com a CSLL na
comparação com 2007.
A estimativa de queda na arrecadação vem sendo usada pelo Ministério do Planejamento
para renegociar os limites de
gastos com os ministérios. Até
março, a equipe econômica fará um corte definitivo nas despesas do ano que deverá ficar
abaixo dos R$ 37,2 bilhões já
anunciados. "O impacto na arrecadação é até modesto. Mas
esse governo se caracteriza pela irresponsabilidade fiscal de
aumentar gastos ano a ano",
afirma o professor Ruy Quintans, do Ibmec-RJ.
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