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Banco privado quer retomar espaço perdido
Após crescimento tímido das carteiras de crédito em 2009, bancos falam em expansão de até 25% nos empréstimos neste ano
Com a crise, setor privado freou financiamentos e abriu caminho para banco público; agora prepara ofensiva para crescer nessa modalidade
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os bancos privados encerraram 2009 desarmando o arsenal anticrise e prontos para retomar a disputa pelo filão mais
promissor do mercado: o crédito. Após crescimento tímido no
ano passado, os grandes bancos
privados planejam expandir
seu crédito e recuperar o terreno perdido para as instituições
públicas. Na mira, uma expansão em torno de 20% no ano.
O Bradesco, que foi o mais
agressivo dentre as maiores
instituições privadas, viu sua
carteira de crédito ter expansão
de apenas 5,8% em 2009. No
Itaú Unibanco, o aumento foi
de 3,6%. Já o Santander amargou encolhimento de 1,3%.
"Com as boas perspectivas
para a economia neste ano, os
privados vão entrar para tentar
retomar o espaço que perderam. Mas o BB, que cresceu
muito durante a crise, não deve
querer perder o que conquistou. Vai ser uma briga de gente
grande", diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.
Em 2009, os bancos públicos
ampliaram sua fatia no mercado de crédito de 36,2% para
41,4%. A eclosão da crise financeira levou os bancos privados
a frearem a oferta de crédito,
em meio à explosão da inadimplência e à desaceleração da
economia. Nesse período, o governo acionou as instituições
públicas para ocuparem espaços abertos, o que se refletiu no
avanço, especialmente, do BB.
Otimista, o presidente do
Bradesco, Luiz Carlos Trabuco
Cappi, fala em crescimento de
até 25% na concessão de empréstimos neste ano. "O maior
crescimento dos bancos oficiais ocorreu devido a uma postura anticíclica. Mas o crédito é
um foco fundamental de uma
instituição como o Bradesco",
disse o executivo quando anunciou o balanço de 2009, já de
olho na retomada do crédito.
"Além do maior apetite dos
privados, não se pode ignorar
que o BB está com um nível
mais baixo de Basileia que seus
principais concorrentes. Isso
significa que, nas atuais condições, tem menos espaço para
crescer no crédito", avalia Luis
Miguel Santacreu, analista financeiro da Austin Rating.
O índice de Basileia faz parte
de um acordo internacional e
mede a relação entre o capital
de um banco e o volume de empréstimos. Pelas regras brasileiras, o índice deve ser de, no
mínimo, 11%. A cada R$ 100
emprestados, os bancos precisam ter R$ 11 em patrimônio.
Em setembro, o BB contava
com índice de 13,29%. O Santander apresentou índice de
25,6% em seu balanço anual. O
Bradesco, índice de 17,8%, e o
Itaú Unibanco, de 16,7%. Ou seja, segundo esses critérios, os
privados contam com maior espaço para avançarem.
O crédito mais fraco em 2009
não se refletiu em um ano ruim
para o setor, que buscou formas
de lucrar em outros espaços.
Retornos com serviços bancários, seguros e tesouraria foram
fundamentais para que os gigantes privados conquistassem
lucro líquido de R$ 23,8 bilhões
em 2009, o que representou
um crescimento de 9,5%.
Isso permitiu que a rentabilidade sobre o patrimônio -que
serve para avaliar o potencial
de retorno de uma empresa-
se mantivesse elevada. No caso
do Santander, a rentabilidade
foi de 16,8% para 19,3%. No Itaú
Unibanco, recuou de 23,4% para 21,4%, e, no Bradesco, de
23,7% para 21,8% -apesar da
baixa, ficaram em níveis altos.
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