São Paulo, segunda, 10 de março de 1997.

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TELEVISÃO
Emissora diversifica investimentos para aumentar audiência e lucro
Internet e TV paga são os novos mercados para SBT

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local

O SBT, a segunda maior rede de televisão do país, com 20% de audiência nacional, começa a diversificar seus investimentos, apostando no crescente interesse do público por Internet e TV paga.
A prioridade número 1 continua sendo, porém, a televisão aberta, até porque ainda haveria muito espaço para o SBT crescer nesse segmento, no qual detém cerca de 15% das verbas publicitárias.
Seus planos são chegar ao ano 2000 com 30% tanto de audiência quanto de participação no bolo publicitário. ``No Brasil, temos 5% de ricos e 95% de pobres. Não existe mágica que faça isso mudar de uma vez. No ano 2000, vamos ter 10% de ricos e 90% de pobres'', diz Guilherme Stoliar, 41, vice-presidente do SBT.
Segundo ele, a emissora vai continuar apostando nos pobres -e também nos ricos porque quem tem TV paga também tem TV aberta e a preferência nessas casas continua sendo a Globo, depois o SBT, Bandeirantes etc. e só depois os canais pagos.
Ele faz as contas: hoje existem 36 milhões de domicílios com TV no Brasil e 1,8 milhão assinantes de TV a cabo. No ano 2000, deverão ser 40 milhões de casas com TV e 5 milhões com TV paga. ``Só temos 15% do mercado de TV aberta. Temos potencial para crescer.''
Stoliar acredita que vai ganhar terreno em cima da Globo, que não teria mais condições de continuar com sua parcela de 65% do mercado, muito mais competitivo atualmente. O grupo Silvio Santos considera, porém, que a TV paga ``é um bom negócio'' -valeria a pena, portanto, entrar na área.
Para isso, está formando um consórcio para participar de licitações para a concessão de TV por assinatura, a partir de abril.
Ele não quis informar detalhes sobre o empreendimento porque as negociações ainda não terminaram. ``Os investimentos são muito pesados e por isso procuramos um parceiro porque não temos condições de bancá-los sozinhos.''
Lucros
Mais avançado está o projeto para a criação do SBT on Line, uma provedora de acesso à Internet, com um investimento de cerca de US$ 30 milhões a US$ 40 milhões no prazo de cinco anos. O SBT on Line deve começar a operar em julho ou agosto próximos.
Não serão esses projetos, porém, que vão garantir um melhor desempenho em 1997 do que no ano passado -o retorno nos dois casos é demorado, reconhece Stoliar.
A curto prazo, o SBT está apostando no Campeonato Brasileiro de Futebol, que quer transmitir com exclusividade. A disputa com a Rede Globo deve ser definida nesta semana. Stoliar também está otimista com os resultados do acordo, recentemente fechado, com a Disney, que dá exclusividade ao SBT para veicular desenhos e um programa especial.
Em 96, o SBT teve lucros bastante modestos -R$ 20 milhões- se comparados com a receita operacional líquida -R$ 360 milhões. Em dezembro, a empresa corria o risco de ter prejuízo em 97.
Profilaxia
``Chegamos ao final de 1996 com um resultado bem inferior ao de 1995 e percebemos que se não tomássemos algumas medidas e corrigíssemos o rumo da empresa, teríamos em 1997 um resultado negativo'', diz Stoliar.
A decisão foi cortar aproximadamente 12% das despesas. ``Foram cortes profiláticos para evitar prejuízos.'' Uma das razões para esse resultado foi o investimento de US$ 110 milhões no complexo Anhanguera (estúdios e escritórios), que já foi amortizado.
``O investimento foi feito com dinheiro do SBT. Apenas cerca de 7% desse valor refere-se a operações de leasing de equipamentos, feitas no exterior, com taxas de juros favoráveis.'' Além disso, o SBT apostou pesado em uma nova programação, com três novelas, que não teve o retorno, em termos de audiência e publicitário, esperado.

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