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São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2003

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VAREJO

Promoção com desconto acima de 50% visa garantir dinheiro para lojista adquirir novas coleções, diz Fecomercio

Loja descarta lucro para ter capital de giro

Fabiana Beltramin/Folha Imagem
Vitrine exibe cartaz de liquidação em loja do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo


ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Há lojas que estão praticamente pagando para conseguir desovar os estoques nas atuais promoções. A conclusão faz parte de um levantamento da Fecomercio-SP, com base nas taxas médias de desconto oferecidas pelo comércio atualmente.
Pelas contas da entidade, obtidas pela Folha, reduções superiores a 50% nos preços não garantem nenhuma margem de lucro na venda. Portanto, os comerciantes só têm lucros nos casos em que os descontos ficam em até 40%, em média.
Para lojas que praticam descontos mais tímidos, de 10%, por exemplo, é possível manter o lucro na venda se o número de itens vendidos daquela peça em promoção crescer 13% durante o período de saldão, segundo cálculos dos economistas da entidade.
Quanto maior o desconto, maior também deverá ser o número de peças comercializadas para conseguir manter a rentabilidade da loja.
"Pesquisa nos Estados Unidos feita recentemente mostra que 75% das vendas são de produtos que já sofreram alguma remarcação nos preços para baixo", diz Alberto Serrentino, sócio da consultoria GS&MD, especializada em varejo.
A política de preços agressiva no mercado norte-americano é mantida por redes de faturamento milionário como Wal-Mart e, na Europa, Carrefour e Casino. No Brasil, hipermercados (Extra e Carrefour) iniciam a temporada de saldões, seguida pelas redes de médio e pequeno porte. O Extra, por exemplo, além da política de preços, decidiu ampliar o número de parcelas no financiamento em eletrônicos, para ampliar vendas, fracas em janeiro e fevereiro.

Riscos
Com base nos dados da Fecomercio-SP, na prática, portanto, não existiriam razões para manter promoções que nem sempre garantem retorno ao varejo.
A questão, porém, é que os saldões realizados atualmente têm como principal meta elevar o capital de giro da loja. Mesmo que a venda não garanta a lucratividade na operação.
"É muito mais uma questão de obter recursos para a compra da próxima coleção do que de ter retorno na venda", diz Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da Fecomercio-SP.
Na tentativa de elevar o capital de giro, as lojas até aumentaram o período de promoções. Isso ocorreu neste ano, em níveis superiores aos de outros anos, numa tentativa do varejo de reforçar o caixa com mais recursos. Ocorrerão promoções durante todo o primeiro trimestre.
Por decisão dos lojistas, a Liquida São Paulo, a mais importante ação promocional na capital paulista, mudou de data em relação ao ano passado e ocorreu de 22 de fevereiro até o último dia 2. Em 2002, a queima de produtos iniciou-se no fim de janeiro.
A melhor estratégia, na avaliação de Borges, não é praticar a mesma taxa de desconto para todos os produtos na loja. É comum, nos saldões atuais, a rede de varejo definir uma taxa única para todos os produtos.
Como as linhas de produtos (infantil e adulto, por exemplo) têm períodos de estoque e rentabilidade diferentes, pode ser mais interessante dar descontos elevados para as linhas que tiveram menor demanda, por exemplo.


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