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NA ÚLTIMA HORA
FMI decide esperar pagamento efetivo dos US$ 3,15 bilhões para se pronunciar hoje sobre a dívida da Argentina
Fundo evita comentar revisão de acordo
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Por precaução, o FMI (Fundo
Monetário Internacional) tomou
a decisão de não se pronunciar
oficialmente ontem sobre a Argentina e a segunda revisão do
atual acordo com o país.
Na tarde de ontem, o Fundo decidiu esperar o pagamento efetivo
da parcela de US$ 3,15 bilhões devida pela Argentina à instituição
para só então vir a público.
O fato revelou a incerteza das
autoridades do Fundo em relação
ao pagamento, mesmo após os sinais emitidos por Buenos Aires de
que o país honraria a dívida.
Com o pagamento concretizado, o porta-voz do FMI, Thomas
Dawson, fará somente hoje pela
manhã uma avaliação do caso.
Uma entrevista marcada para
quinta foi antecipada para hoje,
quando Dawson deverá revelar
mais detalhes do conteúdo e exigências incluídas nas negociações
entre o FMI e a Argentina para a
segunda revisão do atual acordo.
No final da tarde de ontem ainda estavam "em andamento" os
detalhes da revisão, mas o FMI já
tinha dados sinais positivos ao
presidente Néstor Kirchner de
que a revisão será recomendada
ao comitê executivo do Fundo.
Ontem pela manhã, a diretora-gerente interina do FMI, Anne
Krueger, telefonou a Kirchner sinalizando essa disposição.
O Departamento do Tesouro
dos EUA teve novamente um papel importante no caso e foi o único entre os membros do G7 acionistas do FMI a recomendar a
aprovação da revisão.
O objetivo norte-americano é
evitar qualquer turbulência econômica na América Latina no
momento em que o presidente
George W. Bush afirma em sua
campanha eleitoral estar obtendo
uma "consolidação" da recuperação econômica dos EUA.
Para o Fundo, o não-pagamento também teria conseqüências
imprevisíveis. Como terceiro devedor individual do Fundo, a Argentina tem pagamentos previstos de US$ 16,3 bilhões à instituição programados até 2008.
Só em 2004, o país precisa pagar
US$ 6,8 bilhões. Outros US$ 4,3
bilhões vencem em 2005, e há
mais US$ 3,2 bilhões e US$ 2 bilhões previstos para 2006 e 2007,
respectivamente.
Um calote argentino também
obrigaria o Fundo e sua instituição irmã, o Banco Mundial, a reconsiderarem as taxas de risco
embutidas também em pacotes
de ajuda e financiamento para todos os outros países da região, inclusive o Brasil. Assinado em 20
de setembro de 2003, o atual acordo entre o Fundo e a Argentina
vale até setembro de 2006.
Embora Kirchner tenha de fato
conquistado desta vez uma vitória política interna no embate
com o Fundo Monetário Internacional, a expectativa é que o Fundo recoloque sobre a mesa exigências mais duras em setembro.
A principal deverá ser o aumento
da meta de superávit primário
(economia para pagar dívidas), fixada em 3% para o país.
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