São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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Mantega vê meta de crescimento de 3,5% como viável e até "superável"

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do Planejamento, Guido Mantega, assegurou que um crescimento de 3,5% em 2004 é "absolutamente viável e mesmo superável". Em sua avaliação, a variação do PIB (Produto Interno Bruto) próximo de zero (retração de 0,2%) no ano passado levou a "conclusões equivocadas" de que a economia ficou estagnada.
Mantega argumentou que economia apresenta "sinais fortes" de retomada e que essa recuperação seria evidenciada pelos recentes dados do INA (Indicador do Nível de Atividade) da Fiesp, que apontou aumento de 1,8% na produção industrial em São Paulo em janeiro comparado a dezembro e de 3,3% se confrontada com a de janeiro de 2003. Recorreu a uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) segundo a qual os empresários pretendem aumentar os níveis de produção em 18% nos próximos três anos.
"O PIB de 2003 muito próximo a zero levou a conclusões equivocadas de que a economia ficou estagnada. Essa é a história da cabeça no forno e os pés na geladeira. Se tomar a temperatura do corpo, a média será baixa", afirmou.
Ou seja, o argumento do ministro fora de que o PIB do ano passado refletiu um primeiro semestre de baixa atividade, mas que no segundo semestre houve uma recuperação. "Teríamos um PIB anualizado de 6% se usássemos como base o crescimento do último trimestre", disse Mantega.
Mencionou, nesse caso, que a política industrial será apresentada ainda neste mês, que o governo preparou um programa de recuperação de infra-estrutura e disse que serão anunciadas novas medidas para estimular a construção civil. "Precisamos que os empresários sejam ousados e transformem a intenção em investimentos e que os banqueiros liberem crédito e reduzam os "spreads" [diferença entre o custo de captação do dinheiro e o cobrado dos clientes], que são os mais altos do mundo", sustentou o ministro, depois de participar da abertura de seminário da Febraban.
De sua parte, o presidente da Febraban, Gabriel Jorge Ferreira, argumentou que os "spreads" não recuam só com corte na taxa Selic (juros básicos da economia), mas dependem de elementos como condições jurídicas estáveis.
Mantega disse haver uma "ansiedade" para que ocorra crescimento. "É natural que, depois de 20 anos de crescimento baixo, exista ansiedade para um crescimento vigoroso. Mas é como um carro. Não se pode entrar nele e sair a 100 km por hora, a não ser que seja uma Ferrari. É um processo, em que se acelera até chegar à velocidade de cruzeiro."
O ministro minimizou as seguidas revisões (para baixo) na previsão do PIB no ano passado. "Não vou jurar que teremos um crescimento x ou y. Posso jurar de pés juntos que será maior que em 2003." (JOSÉ ALAN DIAS)


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