O governo está de portas abertas para os empresários brasileiros entrarem com pedido de ações antidumping contra a China. Segundo o secretário Ivan Ramalho (Desenvolvimento), o departamento de defesa comercial do ministério está pronto para examinar qualquer prática desleal de comércio da China, mas é preciso que o empresário faça a denúncia.
Após inúmeras reclamações de empresários da invasão de produtos chineses, o Ministério do Desenvolvimento realizou um amplo estudo sobre o comércio Brasil-China nos dois primeiros meses deste ano. O trabalho mostrou que, depois do reconhecimento da China como economia de mercado pelo Brasil, as importações explodiram.
Em janeiro e fevereiro, o Brasil comprou US$ 649 milhões da China, 54,8% a mais em relação ao mesmo período de 2004. Ou seja, alta de US$ 229 milhões. Desse total, US$ 50 milhões foram de componentes para celulares. Já as exportações subiram 5,5%, para US$ 670 milhões.
Para Ivan Ramalho, o fato de a pasta estar aberta a ações contra a China não significa uma contradição em relação à política de boas relações do governo com o país. "A investigação de dumping é perfeitamente regular e não prejudica o relacionamento entre os países", afirma.
O Brasil já aplica sobretaxas de ações antidumping contra diversos países, incluindo os EUA, seu principal parceiro comercial. Nove produtos chineses também têm sobretaxas. Entre eles, garrafas térmicas, cadeados e ventiladores. Ramalho espera receber de associações empresariais, nos próximos dias, pedidos de análise de ações antidumping.

FRASE

"A investigação de dumping (em relação à indústria chinesa) é perfeitamente regular e não prejudica o relacionamento entre os dois países"