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FREADA
Queda foi de 0,5% na comparação com dezembro; dado positivo foi a alta de 3,7% nos bens de consumo não-duráveis
Produção industrial cai em janeiro, diz IBGE
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
Pesquisa do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada ontem mostra redução de 0,5% na produção industrial brasileira em janeiro na
comparação com dezembro, a
maior queda desde fevereiro do
ano passado. O destaque positivo
ficou por conta de bens de consumo não-duráveis, como vestuário, alimentos industrializados e
medicamentos, com alta de 3,7%.
Esse é o segundo levantamento
em dois dias a apontar a desaceleração da indústria. O levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) registrou retração de 1,97% nas vendas industriais no primeiro mês de 2005.
"Nós estamos entendendo a redução de 0,5% como uma acomodação após o crescimento de dezembro", afirmou Silvio Sales,
chefe da Coordenação de Indústria do IBGE. O instituto reviu o
resultado de dezembro, o que fez
com que o índice passasse de
0,6% para 1,2%.
Na comparação de janeiro de
2005 com janeiro de 2004, a produção registrou alta de 6%, número expressivo, mas que mostra
desaceleração na comparação de
dezembro com o mesmo mês de
2003, quando a alta foi de 8,3%.
"Até aqui a gente não tem a interpretação de freio na economia", diz Sales. "O conjunto de índices leva a supor que a trajetória
de crescimento para os próximos
meses está sinalizada, mas num
ritmo menor do que em 2004."
A recuperação de bens de consumo não-duráveis evitou uma
queda maior da produção industrial. As outras três categorias que
compõem o levantamento apresentaram queda na comparação
com dezembro, sendo bens duráveis (eletrodomésticos, móveis,
veículos) a mais atingida, com retração de 4,3%. Bens de capital
(máquinas e equipamentos) tiveram queda de 1,5% e bens intermediários (plástico, aço), de 1,4%.
Bens não-duráveis teve o desempenho mais titubeante em
2004, com alta de 4% em todo o
ano. No mesmo período, a produção da indústria cresceu 8,3%.
"Os não-duráveis dependem
muito mais da capacidade de
compra à vista do consumidor do
que das condições de crédito, ao
contrário dos bens de consumo
duráveis, que são muito mais estimulados pelo crédito", disse Sales. "Os não-duráveis são de consumo corrente. À medida que aumenta a massa salarial, o setor aumenta a produção."
Salários maiores
Segundo cálculos da consultoria
LCA, a massa de rendimentos,
que inclui salários e benefícios
previdenciários, teve alta real
(descontada a inflação) de 5,3%
em 2004. A estimativa para 2005 é
de crescimento de 4,4%, segundo
a consultoria.
"O destaque de não-duráveis
tem tudo a ver com o que está
acontecendo com o mercado de
trabalho, que tem mostrado uma
recuperação firme e contínua desde maio de 2004", disse o economista da LCA Bráulio Borges.
O diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo Levy,
também considera que a alta de
não-duráveis está ligada ao mercado de trabalho, "que está se
mostrando mais favorável".
O Ipea estimava queda maior da
produção industrial, da ordem de
2% na comparação de janeiro
com dezembro. "Foi menos negativa do que a gente imaginava",
disse Levy. "De todo modo, mostra uma acomodação."
Anteontem, o Ipea reduziu de
3,8% para 3,5% a projeção de
crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2005.
Segundo Borges, a queda na
produção de duráveis não pode
ser tomada ainda como uma tendência. "A retração sofreu influência muito grande de automóveis e da linha branca, como
geladeiras e fogões. No caso de
automóveis, os números da Anfavea [Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores] mostram que janeiro foi
ruim, mas fevereiro já foi muito
bom. É mais um ajuste de estoques do que uma tendência de
queda na produção."
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