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ATRASO
País cai de 39º para 46º em pesquisa do Fórum Econômico Mundial, que alerta para perda de competitividade latino-americana
Brasil despenca em ranking de tecnologia
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
Apesar de ter registrado, em
2004, o maior crescimento econômico em dez anos, o Brasil despencou do 39º para o 46º posto no
ranking de desenvolvimento de
ICT (sigla em inglês para tecnologia da informação e da comunicação), exatamente o setor de ponta
na economia planetária. O ranking cobre 104 países.
A classificação, acompanhado
pelo respectivo relatório, foi divulgada ontem pelo Fórum Econômico Mundial, a instituição
que promove, todo mês de janeiro, seu encontro anual em Davos,
na Suíça, considerado a reunião
da elite política, acadêmica e empresarial do mundo.
O relatório diz que "com exceção do Chile, a maioria dos países
latino-americanos está perdendo
terreno em relação a outras partes
do mundo na corrida para transformar as tecnologias de informação e comunicação em poderosas
máquinas de crescimento e de
melhor competitividade".
Competitividade
Essas tecnologias são instrumento essencial para a competitividade global das economias, segundo a análise de John Chambers, presidente da empresa americana Cisco Systems, que patrocina o relatório.
Mesmo que se desconte o fato
de que a Cisco, por ser uma empresa do ramo, ter o maior interesse em promover o desenvolvimento da tecnologia de informação, parece fazer sentido o que diz
Chambers:
"Há uma forte correlação entre
produtividade e gasto em ICT, como fica demonstrado na presente
pesquisa, assim como uma forte
correlação entre o ranking [específico do setor] e a competitividade global de cada economia", disse o executivo.
No caso da América Latina, o
país mais bem colocado é o Chile,
mesmo assim apenas na 35ª posição, à frente de todo modo de outros latino-americanos, como
México (60º) e Argentina (76º),
além, é óbvio, do Brasil.
"Com exceção do Chile, a região
sofre de uma moldura legal pobre
para o desenvolvimento do setor
ICT, pesadas travas administrativas, reduzida prioridade governamental para o desenvolvimento
de ICT, baixa penetração da internet e contínua evasão de cérebros,
o que mina o potencial para crescimento mais rápido do setor",
diz o relatório.
A erosão da posição latino-americana nessa área vital tende a
continuar, prevê o relatório, na
medida em que, "em outros países, governos e a comunidade de
negócios estão forjando parcerias
estreitas para estimular o potencial de ICT como combustível para o processo de desenvolvimento".
Europa Oriental
O texto alerta ainda que a Europa Oriental (ex-comunista) já
abriu uma brecha em relação à
América Latina nessa área, "para
não mencionar Cingapura, Taiwan, Coréia do Sul e Malásia",
com tradição em ICT.
"A menos que a liderança política na América Latina apresente
alguma iniciativa regional para
estimular ICT, fornecendo os tipos de incentivos poderosos já introduzidos na Europa Oriental e
Central durante a última década,
nós esperamos que outros mercados emergentes continuem a superar as nações latino-americanas", escreve Augusto López-Claros, diretor do Programa de Competitividade Global do Fórum
Econômico Mundial.
A novidade no ranking deste
ano é a queda dos Estados Unidos
da liderança, que ocupou nos três
últimos anos, para o quinto lugar.
O primeiro posto é agora de Cingapura. Mas o relatório diz que
não houve propriamente erosão
na performance norte-americana
em relação a anos anteriores e,
sim, "permanentes melhorias da
parte de seus competidores".
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