São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2005

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ATRASO

País cai de 39º para 46º em pesquisa do Fórum Econômico Mundial, que alerta para perda de competitividade latino-americana

Brasil despenca em ranking de tecnologia

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA

Apesar de ter registrado, em 2004, o maior crescimento econômico em dez anos, o Brasil despencou do 39º para o 46º posto no ranking de desenvolvimento de ICT (sigla em inglês para tecnologia da informação e da comunicação), exatamente o setor de ponta na economia planetária. O ranking cobre 104 países.
A classificação, acompanhado pelo respectivo relatório, foi divulgada ontem pelo Fórum Econômico Mundial, a instituição que promove, todo mês de janeiro, seu encontro anual em Davos, na Suíça, considerado a reunião da elite política, acadêmica e empresarial do mundo.
O relatório diz que "com exceção do Chile, a maioria dos países latino-americanos está perdendo terreno em relação a outras partes do mundo na corrida para transformar as tecnologias de informação e comunicação em poderosas máquinas de crescimento e de melhor competitividade".

Competitividade
Essas tecnologias são instrumento essencial para a competitividade global das economias, segundo a análise de John Chambers, presidente da empresa americana Cisco Systems, que patrocina o relatório.
Mesmo que se desconte o fato de que a Cisco, por ser uma empresa do ramo, ter o maior interesse em promover o desenvolvimento da tecnologia de informação, parece fazer sentido o que diz Chambers:
"Há uma forte correlação entre produtividade e gasto em ICT, como fica demonstrado na presente pesquisa, assim como uma forte correlação entre o ranking [específico do setor] e a competitividade global de cada economia", disse o executivo.
No caso da América Latina, o país mais bem colocado é o Chile, mesmo assim apenas na 35ª posição, à frente de todo modo de outros latino-americanos, como México (60º) e Argentina (76º), além, é óbvio, do Brasil.
"Com exceção do Chile, a região sofre de uma moldura legal pobre para o desenvolvimento do setor ICT, pesadas travas administrativas, reduzida prioridade governamental para o desenvolvimento de ICT, baixa penetração da internet e contínua evasão de cérebros, o que mina o potencial para crescimento mais rápido do setor", diz o relatório.
A erosão da posição latino-americana nessa área vital tende a continuar, prevê o relatório, na medida em que, "em outros países, governos e a comunidade de negócios estão forjando parcerias estreitas para estimular o potencial de ICT como combustível para o processo de desenvolvimento".

Europa Oriental
O texto alerta ainda que a Europa Oriental (ex-comunista) já abriu uma brecha em relação à América Latina nessa área, "para não mencionar Cingapura, Taiwan, Coréia do Sul e Malásia", com tradição em ICT.
"A menos que a liderança política na América Latina apresente alguma iniciativa regional para estimular ICT, fornecendo os tipos de incentivos poderosos já introduzidos na Europa Oriental e Central durante a última década, nós esperamos que outros mercados emergentes continuem a superar as nações latino-americanas", escreve Augusto López-Claros, diretor do Programa de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial.
A novidade no ranking deste ano é a queda dos Estados Unidos da liderança, que ocupou nos três últimos anos, para o quinto lugar. O primeiro posto é agora de Cingapura. Mas o relatório diz que não houve propriamente erosão na performance norte-americana em relação a anos anteriores e, sim, "permanentes melhorias da parte de seus competidores".


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