São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cortes e lentidão emperram programa

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O maior e mais importante programa de inclusão digital do governo Lula, o PC Conectado, ainda não saiu do papel devido aos cortes orçamentários e ao ritmo do governo, que já realizou várias reuniões mas não concluiu nada de prático até agora. E o Planalto não demonstra ter pressa.
"Não serão 30 dias a mais ou 30 dias a menos que farão diferença num projeto que pretende duplicar as vendas de computadores no mercado nacional, que estão estáveis nos últimos três anos", disse Cezar Alvarez, assessor de Lula e coordenador do programa.
O subsídio de R$ 200 aos compradores do PC Conectado tem chance "remota", hoje. Como alternativa, Lula pediu que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, estudasse uma forma de reduzir impostos sobre componentes para computadores, de modo a viabilizar a venda das máquinas a preço mais acessível.
Alvarez disse que "nesse cenário de corte orçamentário, a hipótese do bônus ao consumidor em dinheiro é muito remota, mas não está descartada. O presidente pediu que o ministro Palocci avaliasse as clássicas medidas de redução fiscal para os equipamentos, e isso pode acabar universalizando mais o programa."
Outro dever de casa da equipe da Fazenda é verificar formas mais baratas de financiamento dos computadores. A resposta deve sair em 15 dias. "A criação de uma linha específica de financiamento não está descartada", acrescentou Alvarez.
Em síntese, o PC Conectado pretende incentivar a venda de 2 milhões de computadores até o final do governo Lula, metade neste ano e metade no ano que vem, com o foco nas famílias de baixa renda -até cinco salários mínimos por mês. Os computadores devem possuir um mínimo de 27 aplicativos, conexão à internet com tarifas mais baixas e assistência técnica. Mas ainda falta fechar detalhes. Muitos.
O governo não decidiu, por exemplo, se o sistema operacional utilizará software livre, o que reduz bastante o preço. Não há decisão sobre os provedores de acesso à internet, nem como será feito o financiamento das máquinas. Nas últimas reuniões, ocorridas em janeiro deste ano, o preço para o consumidor beirava os R$ 1.400 por unidade.
Mesmo com as indefinições, Alvarez disse que espera lançar o programa oficialmente no dia 15 de abril, apesar de "o calendário estar cada vez mais apertado". Nas próximas semanas, devem ocorrer reuniões em Brasília com fabricantes de peças, montadores, representantes de varejo e da área financeira para acertar detalhes.
Hoje são vendidos cerca de 1 milhão de computadores por ano no país. Segundo Alvarez, o "mercado está bom de estoque" para iniciar o PC Conectado. Fabricantes internacionais já manifestaram ao assessor a intenção de vender no Brasil programas e peças usadas em programas de inclusão digital em outros países.


Texto Anterior: Economia dos EUA está "muito forte", diz Gates
Próximo Texto: País aprova venda da IBM para chinesa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.