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Cortes e lentidão emperram programa
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O maior e mais importante programa de inclusão digital do governo Lula, o PC Conectado, ainda não saiu do papel devido aos
cortes orçamentários e ao ritmo
do governo, que já realizou várias
reuniões mas não concluiu nada
de prático até agora. E o Planalto
não demonstra ter pressa.
"Não serão 30 dias a mais ou 30
dias a menos que farão diferença
num projeto que pretende duplicar as vendas de computadores
no mercado nacional, que estão
estáveis nos últimos três anos",
disse Cezar Alvarez, assessor de
Lula e coordenador do programa.
O subsídio de R$ 200 aos compradores do PC Conectado tem
chance "remota", hoje. Como alternativa, Lula pediu que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, estudasse uma forma de reduzir impostos sobre componentes para computadores, de modo
a viabilizar a venda das máquinas
a preço mais acessível.
Alvarez disse que "nesse cenário
de corte orçamentário, a hipótese
do bônus ao consumidor em dinheiro é muito remota, mas não
está descartada. O presidente pediu que o ministro Palocci avaliasse as clássicas medidas de redução fiscal para os equipamentos, e isso pode acabar universalizando mais o programa."
Outro dever de casa da equipe
da Fazenda é verificar formas
mais baratas de financiamento
dos computadores. A resposta deve sair em 15 dias. "A criação de
uma linha específica de financiamento não está descartada",
acrescentou Alvarez.
Em síntese, o PC Conectado
pretende incentivar a venda de 2
milhões de computadores até o final do governo Lula, metade neste
ano e metade no ano que vem,
com o foco nas famílias de baixa
renda -até cinco salários mínimos por mês. Os computadores
devem possuir um mínimo de 27
aplicativos, conexão à internet
com tarifas mais baixas e assistência técnica. Mas ainda falta fechar
detalhes. Muitos.
O governo não decidiu, por
exemplo, se o sistema operacional
utilizará software livre, o que reduz bastante o preço. Não há decisão sobre os provedores de acesso à internet, nem como será feito
o financiamento das máquinas.
Nas últimas reuniões, ocorridas
em janeiro deste ano, o preço para
o consumidor beirava os R$ 1.400
por unidade.
Mesmo com as indefinições, Alvarez disse que espera lançar o
programa oficialmente no dia 15
de abril, apesar de "o calendário
estar cada vez mais apertado".
Nas próximas semanas, devem
ocorrer reuniões em Brasília com
fabricantes de peças, montadores,
representantes de varejo e da área
financeira para acertar detalhes.
Hoje são vendidos cerca de 1
milhão de computadores por ano
no país. Segundo Alvarez, o "mercado está bom de estoque" para
iniciar o PC Conectado. Fabricantes internacionais já manifestaram ao assessor a intenção de
vender no Brasil programas e peças usadas em programas de inclusão digital em outros países.
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