São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2005

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RANKING

Valor de mercado da companhia alcança US$ 39,9 bilhões; empresa é também a 3ª maior mineradora do mundo

Vale já é a maior empresa privada da AL

Reuters
Mina Vale do Sossego, em Carajás (PA), da Vale do Rio Doce, a maior companhia da América Latina


JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Vale do Rio Doce atingiu a posição de maior empresa privada da América Latina e passou a ocupar o terceiro lugar na lista dos gigantes da mineração no mundo, disse o diretor financeiro da companhia, Fábio Barbosa. Segundo ele, a mineradora alcançou US$ 39,9 bilhões em valor de mercado.
A escalada da Vale no ranking das maiores empresas mundiais do setor ocorreu cinco anos antes do planejado. Em 2001, ao traçar um plano estratégico, a companhia previa alcançar o terceiro lugar apenas em 2010. Naquele ano, a mineradora ocupava a sétima posição, com valor de mercado de US$ 9 bilhões.
"Ultrapassamos na América Latina empresas como America Movil, Telmex e AmBev. Para ter uma idéia, em 2002, quando a Vale fez a oferta pública, suas ações valiam US$ 24,50. Hoje, valem US$ 105. Crescemos mais que o mercado", disse Barbosa.
Para assegurar esse crescimento, a mineradora investiu R$ 18,3 bilhões nos últimos quatro anos. Em 2005, deverão ser injetados R$ 10,8 bilhões em projetos, pesquisa, desenvolvimento e manutenção de ativos. A maior parte desse investimento -R$ 9,9 bilhões- será feita no Brasil.
Para o período 2005-2010, a empresa elaborou um conjunto de projetos que exigirá um investimento de R$ 40 bilhões. A execução desses planos permitirá a criação de 33 mil empregos no país.
Barbosa destaca que a Vale é uma empresa com característica fundamentalmente exportadora -85% da sua produção é comercializada no mercado externo. No ano passado, estimativas preliminares da companhia mostram que foram exportados US$ 5,2 bilhões em minérios.
O principal mercado consumidor desses produtos é a China. "É impossível ignorar a China, esse mastodonte", afirmou o diretor financeiro, acrescentando que no ano passado foram exportados 600 milhões de toneladas de minério de ferro. Desse total, 34,7% foram comprados pelos chineses. "Neste ano, haverá um aumento de 40 milhões a 50 milhões de toneladas nas exportações e 80% disso será destinado à China", disse Barbosa.

Reajuste
Recentemente, a mineradora brasileira anunciou a elevação dos preços do minério de ferro em 71,5% no mercado internacional. O realinhamento de preços no mercado interno está em fase de negociação. "Deveremos concluir as conversas nas próximas semanas", avisa o diretor.
Barbosa avalia que a decisão do governo de zerar as alíquotas de Imposto de Importação de 15 tipos de aço não influenciará essas negociações. Como a alteração nas tarifas de importação afetam o setor siderúrgico brasileiro -as empresas afirmam que perderão competitividade-, as siderúrgicas poderiam pressionar os produtores de minério de ferro a promover ajustes de preços mais moderados.
"O parâmetro do preço interno é o preço internacional menos os custos de logística. Essa decisão [redução de tarifas a zero] não influencia", afirma o diretor da mineradora.
Ele ainda elogiou a decisão anunciada pelo governo na semana passada de mudanças no regime cambial. A ampliação do prazo para os exportadores trazerem de volta para o país dólares obtidos lá fora é um dos pleitos da Vale do Rio Doce.
"Ainda estamos aguardando a regulamentação. Mas foi um grande passo. Vai contribuir positivamente para a percepção de risco do Brasil. Mas continuaremos discutindo o assunto, o prazo precisa ser mais elástico", disse Barbosa. A mineradora reivindica um período de um ano para internalização dos dólares. O prazo atual é 210 dias.
Se o prazo fosse estendido para um ano, Barbosa afirma que ficaria mais fácil para a empresa pagar o serviço de sua dívida no exterior, que neste ano consumirá US$ 1 bilhão.


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