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Equipe da Fazenda já vê PIB de 2% no ano
Mantega mantém "meta" de 4%, mas técnicos do ministério reduzem previsão com cenário externo ruim e juros altos
Equipe espera ainda que IBGE anuncie hoje retração de até 2,8% do PIB no quarto trimestre de 2008 em relação ao terceiro trimestre
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A equipe do Ministério da
Fazenda já admite internamente que o crescimento do
Brasil neste ano deverá ficar
entre 2,5% e 2%, segundo a Folha apurou. A projeção, ainda
acima das expectativas do mercado, é menor que os 4% que o
ministro Guido Mantega aponta publicamente como "meta"
para o desempenho do PIB de
2009. O ministério vai fechar a
nova previsão para o ano depois de o IBGE divulgar hoje o
resultado do PIB do último trimestre de 2008.
Se confirmada por Mantega,
a nova previsão deverá ser incluída no Orçamento junto da
projeção de receitas do ano.
Com isso, o governo poderá decidir o tamanho do corte nos
gastos públicos. Ocorre que,
politicamente, é improvável
que o governo admita publicamente a forte desaceleração
-todo o discurso do governo
sobre a crise é baseado na ideia
de que a economia está sólida e
que o consumo deve ser incentivado.
A estimativa atual prevista
no Orçamento é de crescimento de 3,5%. O Banco Central
prevê 3,2%, mas também poderá revisar para cerca de 2%. Na
média, os analistas de mercado
apostam em alta de 1,2% do
PIB.
A diferença entre a projeção
da Fazenda e a do mercado está
na aposta para o quarto trimestre deste ano. Nos últimos três
meses, os técnicos do governo
acreditam que a queda de juros
e os efeitos do pacote habitacional poderão puxar a economia.
Ontem, os técnicos da Fazenda estimavam que o IBGE divulgará hoje crescimento entre
5,1% e 5,4% do PIB de 2008. Para este número se confirmar, a
economia terá que registrar
crescimento entre 1,5% e 2,7%
no último trimestre de 2008
em comparação com o quarto
trimestre de 2007. Se comparado com o terceiro trimestre do
ano passado, haverá uma retração da economia entre 2,8% e
1,5%.
Juros altos
No final do ano passado,
quando a Fazenda manteve a
projeção de crescimento de 4%
para este ano, a equipe do ministério acreditava que a taxa
básica de juros seria reduzida
pelo BC já em dezembro. Como
o corte da taxa Selic só veio em
janeiro, o ritmo de queda dos
juros e seu efeito na economia
serão mais lentos que o projetado inicialmente.
Na avaliação de técnicos do
ministério, mesmo se o BC fizer um corte mais forte dos juros na reunião do Copom que
termina amanhã, de um ponto
percentual ou mais, o efeito só
virá em seis a nove meses. Na
média, o mercado financeiro
espera corte de um ponto nos
juros amanhã, para 11,75% ao
ano.
O quadro internacional, por
sua vez, deteriorou-se mais do
que o Ministério da Fazenda
previa anteriormente. Embora
o pacote fiscal do presidente
dos EUA, Barack Obama, possa
apresentar uma resposta rápida, o quadro ainda é muito
ruim. Não se sabe, por exemplo,
quando o crédito voltará a circular no mercado internacional.
A demora no anúncio do pacote habitacional é outra justificativa para a revisão dos números. A ideia inicial era fazer
medidas com respostas imediatas, mas o conceito mudou para
um programa mais amplo e de
mais longo prazo. Com isso, a
projeção é que as medidas habitacionais só apresentem efeito
no crescimento da economia
no fim deste ano e em 2010.
A última justificativa para o
crescimento menor neste ano é
o preço da gasolina. A aposta
era a redução do combustível,
mas, diante da queda no lucro
da Petrobras e da previsão de
alta na cotação do barril de petróleo nos próximos três meses, a empresa poderá manter o
valor cobrado na bomba ou até
aumentar o preço, o que impediria queda da inflação e reduziria a renda disponível para o
consumo em geral.
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