São Paulo, terça-feira, 10 de março de 2009

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Petrobras apura vazamento de balanço

Empresa suspeita de que relatório financeiro tenha sido passado para agentes de mercado antes do fechamento do pregão

Em 2007, vazamentos da compra do grupo Ipiranga e de informações sobre megacampo já haviam sido alvo de investigações

Diego Padgurschi-4.mar.09/Folha Imagem
Frentista em posto da Petrobras na região central de SP; ações da empresa caíram na sexta-feira, antes da divulgação de balanço

DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras abriu uma investigação interna para apurar o vazamento de informações sobre o balanço da companhia, tornado público oficialmente na noite de sexta-feira passada.
Em nota curta, divulgada às 20h43 de ontem aos investidores, a empresa se limitou a afirmar: "A Petrobras, uma companhia brasileira de energia com atuação internacional, informa que constituiu comissão interna para apurar vazamento de informações relativas aos resultados do quarto trimestre e do exercício de 2008", diz a íntegra do texto.
O lucro da Petrobras caiu 32% no quatro trimestre do ano passado na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Passou de um recorde de R$ 10,9 bilhões para R$ 7,4 bilhões.
No acumulado de 2008, a Petrobras registrou seu maior lucro da história: R$ 33,9 bilhões, com expansão de 58% ante 2007. Em relação ao quatro trimestre de 2007, o resultado também foi positivo, com alta de 46%.
O resultado do balanço foi oficialmente anunciado depois do fechamento do mercado.
Houve rumores de que alguns analistas tenham obtido acesso ao balanço ainda enquanto as Bolsas operavam.
Segundo a Folha apurou, a suspeita da empresa recai sobre funcionários do setor de relação com investidores, que teriam vazado o relatório financeiro da Petrobras.
A Folha não conseguiu ouvir a CVM (Comissão de Valores Mobiliários, órgão que regula o mercado de capitais) ontem à noite a respeito do assunto.
Hoje, às 10h, a direção da Petrobras explicará, por meio de conferência telefônica e pela internet, os resultados para analistas de mercado.
Pouco antes da divulgação do resultado do balanço na sexta-feira à noite, a Petrobras havia anunciado que sua produção diária de petróleo no Brasil batera um novo recorde na quarta-feira (dia 4), quando foram extraídos 2.012.654 barris, superando em 12.420 barris a marca anterior, registrada em 25 de dezembro de 2007.
No pregão da Bovespa que antecedeu a divulgação dos resultados, os papéis da Petrobras se desvalorizaram. Houve queda de 1,26% no preço das ações preferenciais e de 1,83% nas ordinárias. O Ibovespa perdeu 0,71% na sexta. Na quinta, os papéis da empresa também haviam recuado.
Na sexta, o preço do barril de petróleo subiu 4,38% em Nova York, colaborando para um dia positivo das ações das principais empresas do setor no mercado internacional.
Os papéis da ExxonMobil, a maior petrolífera privada mundial, valorizaram-se em 2,91%, e os da também americana Chevron, em 3,20%.
Na Europa, as ações da Shell e da BP subiram, respectivamente, 3,52% e 0,24%.

Investigações anteriores
Não é a primeira vez que há investigação do uso de informações privilegiadas em negócios da empresa.
A CVM requisitou da Bovespa a relação de todos os investidores que compraram e venderam ações da Petrobras ao longo de novembro de 2007 para investigar suspeitas de vazamento de informação sobre o megacampo de petróleo na bacia de Santos. As ações da empresa subiram 14% com o anúncio do megacampo.
Em março de 2007, foi aberta investigação para apurar vazamento na compra das empresas do grupo Ipiranga pelo pool Petrobras-Braskem-Grupo Ultra, quando a CVM bloqueou pagamento de venda de ações e processou investidores que teriam se beneficiado do vazamento. Como as ações da Ipiranga tinham baixa liquidez, a movimentação dos investidores fez as ações ordinárias (com direito a voto) da Distribuidora Ipiranga avançarem 33,33%.

Colaborou a Redação


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