São Paulo, terça-feira, 10 de março de 2009

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Por US$ 41,4 bi, Merck compra Schering-Plough

Nova farmacêutica nasce como 2ª maior em vendas

DO "NEW YORK TIMES"

A farmacêutica americana Merck vai pagar US$ 41,4 bilhões pela aquisição da rival Schering-Plough, anunciaram as duas empresas ontem.
As companhias disseram que a transação foi aprovada unanimemente por ambos os conselhos e que a empresa criada pela fusão manterá o nome Merck e será comandada por Richard Clark, presidente-executivo e do conselho da Merck. Com a transação, a Merck amplia suas linhas de medicamentos cardíacos, respiratórios e oncológicos. Reforça seu setor de pesquisa, que passará a incluir o projeto TRA, medicamento promissor cujo objetivo é impedir a formação de coágulos sanguíneos. Além disso, a Merck se beneficiará do alcance mundial da Schering-Plough, que gera cerca de 70% de suas vendas fora dos EUA.
Ontem, a Merck sofreu baixa de até 11% no pregão matinal em Nova York, enquanto a Schering-Plough subia mais de 14%, em meio a especulações quanto a uma possível contraoferta da Johnson & Johnson. A transação, que necessita de aprovação das autoridades regulatórias, deve ser concluída no quarto trimestre, e a nova empresa vai continuar a pagar o dividendo pleno da Merck, afirmaram as companhias. A sede ficará em Nova Jersey.

Patentes
A Merck está entre as grandes companhias farmacêuticas que terão de enfrentar expiração de patentes de alguns de seus remédios mais importantes na próxima década, e há poucas perspectivas promissoras de substituição. A mais premente é a expiração do Singulair, seu medicamento para asma e produto mais vendido, cuja patente vale até 2012, de acordo com Richard Purkiss, analista sênior de medicamentos da Atlantic Securities, de Londres. As vendas mundiais do Singulair foram de US$ 4,3 bilhões no ano passado, 18% do ganho total.
Em contraste, "a Schering-Plough não tem grande exposição a vencimentos de patentes, no período em questão", disse Purkiss, acrescentando que "essa combinação é um esforço de proteção da receita". O acordo prevê que os acionistas da Schering-Plough recebam 0,5767 ação da Merck e US$ 10,50 por ação. As ações da Merck se tornarão ações da nova empresa. O acordo avalia a Schering-Plough em US$ 23,61 por ação, ou US$ 41,1 bilhões, ágio de cerca de 34% ante o preço de fechamento da Schering-Plough na sexta-feira. Os acionistas da Merck deterão 68% da empresa combinada, e os da Schering-Plough, o restante.
Merck e Schering-Plough, que já têm uma joint venture de US$ 4,6 bilhões para um remédio que combate o colesterol (Vytorin), disseram que preveem cortes de custos anuais de US$ 3,5 bilhões, depois de 2011. A Merck anunciou em outubro que demitiria 7.200 funcionários e a Schering-Plough também anunciou demissões. No Brasil, a Schering-Plough e a Merck disseram não ter informações em nível local. A Merck tem um escritório em São Paulo, uma fábrica em Campinas e 700 funcionários.
No país, a Schering-Plough tem um escritório e uma fábrica na capital paulista.

Aquisições
O acordo marca a segunda grande transação do ano no setor farmacêutico. Em janeiro, a Pfizer, maior fabricante de remédios do mundo, adquiriu a Wyeth por US$ 68 bilhões. A Roche, farmacêutica suíça, tenta comprar o grupo de biotecnologia Genentech, no qual já detém participação majoritária. Ontem, segundo "The Wall Street Journal", a Roche elevou o valor de sua oferta de US$ 93 para US$ 95 por ação.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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