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ANÁLISE
Brasil nunca teve tantos casos de recall de veículos
FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS
O Brasil nunca teve tantos
casos de recall de veículos. No
ano passado, foram 40 convocações e quase 1,2 milhão de
carros com defeitos que comprometem a segurança.
É um número quatro vezes
maior do que o de 2007, segundo informações do Procon e do
DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), do Ministério da Justiça.
Os dados só do DPDC são
menos abrangentes e apontam
35 recalls para 460 mil carros.
Ainda é pouco. Nos EUA,
com 215 milhões de veículos
-no Brasil, são 45 milhões-, só
o recall da Ford em 2009 convocou 4,5 milhões de Fusion,
metade de todos os carros envolvidos em recalls nos últimos
20 anos no Brasil.
Isso sem falar no último recall da Toyota, que, desde fevereiro, convoca 8,5 milhões de
carros com problemas no acelerador nos EUA e na Europa.
Afinal, as montadoras perderam o controle de qualidade?
Segundo Paulo Butori, presidente do Sindipeças (Sindicato
dos Fabricantes de Autopeças),
"o aumento da produção e algumas dificuldades nos projetos,
devido à alta velocidade dos
lançamentos, têm contribuído
para o aumento nos recalls".
Por lei, as montadoras são
apenas obrigadas a comunicar
aos proprietários via mala direta e anunciar o recall em veículos de grande circulação.
No anúncio, é preciso informar a gravidade do problema, o
risco de acidentes fatais, os modelos e os números dos chassis
do carros envolvidos. Para as
montadoras, se o anúncio sair
no pé da página, melhor.
O prejuízo com a troca dos
componentes e o treinamento
das revendas é o de menos.
Muitas montadoras passam
anos para reconstruir a imagem da marca após um recall.
Quem não se lembra do caso
do banco traseiro do Fox? A
Volks insistia em dizer que o
sistema desenvolvido e fabricado no Brasil era perfeito. Os
usuários, segundo a montadora, não liam o manual e machucavam o dedo.
As intimações do Procon não
foram suficientes. O DPDC teve de intervir para obrigar a
VW a convocar 477 mil donos
de Fox. Foi o segundo maior recall do país, só perdendo para o
do Chevrolet Corsa -em 2000,
foi convocado 1,3 milhão de
carros com problemas no cinto
dianteiro.
Só que nem sempre as campanhas são suficientes. Segundo os fabricantes, só metade
dos convocados no Brasil vai às
revendas checar os problemas.
Na Europa e nos EUA -país
no qual o primeiro recall de
carro foi feito, em 1966-, o
comparecimento chega a 90%.
Por isso, o deputado Otávio
Leite (PSDB-RJ) propôs o projeto de lei 1.527/07. Ele obrigaria o Detran a fiscalizar os carros na vistoria anual. Se o dono
não tiver atendido ao recall,
não poderá licenciar o carro.
Até o momento, o projeto está parado na CCJC (Câmara de
Constituição e Justiça e Cidadania) da Câmara.
"Não há interesse de grandes
grupos pressionando. Aí o processo não anda", admite o presidente da CCJC, deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS).
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