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São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003

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CURTO-CIRCUITO

Dilma Rousseff diz que sistema privado deve oferecer linhas de crédito ao setor; ministra reconhece crise

Para governo, bancos devem ajudar elétricas

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo quer que bancos privados ajudem no fornecimento de linhas de crédito de capital de giro para as distribuidoras de energia, que vivem crise financeira. "Nós estamos propondo também a participação de bancos privados", disse ontem a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia). A possibilidade de uma nova linha de crédito para solucionar a crise das elétricas havia sido divulgada terça-feira pela ministra, em audiência no Senado.
Ontem, questionada sobre se essa linha de crédito seria estatal, Dilma disse que espera também a participação do setor privado. Segundo ela, os bancos privados poderiam emprestar para elétricas após investimento dos acionistas dessas empresas.
"Na medida em que você capitaliza uma empresa, você melhora a saúde financeira dela e melhora a capacidade de crédito", afirmou a ministra. Ela voltou a dizer que não se trata de um programa para todo o setor. "Isso é caso a caso. Cada empresa é uma empresa", afirmou.

Crise do setor
Na terça-feira, em audiência na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, a ministra havia assumido que existe uma crise financeira no setor elétrico. Ela explicou aos senadores que a crise era causada pela desvalorização do Real e pela "recomposição dos ativos" das elétricas, um processo que atingiu essas empresas em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos.
De acordo com a ministra, os grupos privados que investiram no setor elétrico brasileiro fizeram seus planos de negócio considerando dólar a aproximadamente R$ 1. Esse também foi o cenário usado na captação de recursos, o que gerou dívidas indexadas à moeda norte-americana.
A crise, disse ela, aconteceria mesmo sem o racionamento ocorrido entre junho de 2001 e fevereiro de 2002.
Para conter a crise financeira das distribuidoras de energia, segundo exposição da ministra, serão necessários novos financiamentos em linhas de capital de giro e mais investimentos dos acionistas.
A crise do setor também afeta geradoras, mas nesse caso há ligação direta com o racionamento. Como os hábitos de economia de energia continuam mesmo após o fim da medida, estão sobrando no mercado 7.500 MW médios. A sobra faz com que as geradoras, na sua maioria estatais, deixem de receber cerca de R$ 5 bilhões.
A ministra disse que será preciso criar uma forma de remunerar as geradoras pela energia que não está sendo consumida.


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