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CURTO-CIRCUITO
Dilma Rousseff diz que sistema privado deve oferecer linhas de crédito ao setor; ministra reconhece crise
Para governo, bancos devem ajudar elétricas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo quer que bancos privados ajudem no fornecimento
de linhas de crédito de capital de
giro para as distribuidoras de
energia, que vivem crise financeira. "Nós estamos propondo também a participação de bancos privados", disse ontem a ministra
Dilma Rousseff (Minas e Energia). A possibilidade de uma nova
linha de crédito para solucionar a
crise das elétricas havia sido divulgada terça-feira pela ministra,
em audiência no Senado.
Ontem, questionada sobre se
essa linha de crédito seria estatal,
Dilma disse que espera também a
participação do setor privado. Segundo ela, os bancos privados poderiam emprestar para elétricas
após investimento dos acionistas
dessas empresas.
"Na medida em que você capitaliza uma empresa, você melhora
a saúde financeira dela e melhora
a capacidade de crédito", afirmou
a ministra. Ela voltou a dizer que
não se trata de um programa para
todo o setor. "Isso é caso a caso.
Cada empresa é uma empresa",
afirmou.
Crise do setor
Na terça-feira, em audiência na
Comissão de Infra-Estrutura do
Senado, a ministra havia assumido que existe uma crise financeira
no setor elétrico. Ela explicou aos
senadores que a crise era causada
pela desvalorização do Real e pela
"recomposição dos ativos" das
elétricas, um processo que atingiu
essas empresas em todo o mundo,
inclusive nos Estados Unidos.
De acordo com a ministra, os
grupos privados que investiram
no setor elétrico brasileiro fizeram seus planos de negócio considerando dólar a aproximadamente R$ 1. Esse também foi o cenário usado na captação de recursos, o que gerou dívidas indexadas à moeda norte-americana.
A crise, disse ela, aconteceria
mesmo sem o racionamento
ocorrido entre junho de 2001 e fevereiro de 2002.
Para conter a crise financeira
das distribuidoras de energia, segundo exposição da ministra, serão necessários novos financiamentos em linhas de capital de giro e mais investimentos dos acionistas.
A crise do setor também afeta
geradoras, mas nesse caso há ligação direta com o racionamento.
Como os hábitos de economia de
energia continuam mesmo após o
fim da medida, estão sobrando no
mercado 7.500 MW médios. A sobra faz com que as geradoras, na
sua maioria estatais, deixem de
receber cerca de R$ 5 bilhões.
A ministra disse que será preciso criar uma forma de remunerar
as geradoras pela energia que não
está sendo consumida.
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