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Risco-país cai abaixo dos emergentes
Mercado otimista faz dólar recuar mais e se aproximar dos R$ 2; Bovespa bate novo recorde histórico e vai a 46.854 pontos
Risco-país brasileiro desce a 156 pontos, indicador já recuou 19% neste ano; dados de emprego nos EUA animaram os investidores
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A volta do feriado foi de recordes para os ativos brasileiros. A Bolsa de Valores de São
Paulo fechou em um patamar
nunca antes atingido (46.854
pontos), após registrar valorização de 0,45%.
O risco-país desceu aos 156
pontos pela primeira vez na
história, com queda de 4,9%.
Além disso, conseguiu chegar
ao fim do dia abaixo do Embi+
(que é a média do risco dos países emergentes, que ficou ontem em 157 pontos).
No fim de 2006, o risco brasileiro registrava 192 pontos, enquanto a média dos emergentes estava em 169 pontos. Isso
mostra que o Brasil apresentou
rápida melhora nos últimos
meses. No ano, o risco do Brasil
recuou quase 19%.
Calculado pelo Banco JP
Morgan Chase, o risco-país reflete o comportamento dos títulos da dívida externa dos países. Quanto menor o risco menor o temor dos investidores
em relação ao governo dar calote em sua dívida. A estabilidade
econômica do Brasil, somada a
um cenário internacional favorável, tem empurrado o indicador de risco para baixo.
"É a primeira vez que o risco
brasileiro se equipara à média
dos emergentes", diz Alex
Agostini, economista da consultoria Austin Rating.
Mas apesar da rápida queda,
o risco brasileiro segue acima
do de países como México (90
pontos) e Peru (118 pontos).
O dólar também recuou ontem, 0,39%, indo a R$ 2,025
-valor que não atingia desde
março de 2001.
Esse clima favorável foi instigado pelos dados melhores que
o esperado apresentados pelo
mercado de trabalho americano na sexta-feira, quando não
houve negócios no mercado financeiro devido ao feriado.
O índice Dow Jones, da Bolsa
de Nova York, teve alta mais
modesta, de 0,07% ontem.
Em Tóquio, o índice Nikkei
saltou 1,48% e voltou aos níveis
praticados antes da crise desencadeada pela Bolsa de Xangai em 27 de fevereiro.
Os números positivos do
mercado de trabalho dos EUA
sinalizaram que a economia do
país pode estar melhor do que
os analistas supunham. Assim,
aumentaram as expectativas de
que pode demorar mais para
ocorrer a retomada da queda
dos juros americanos.
"A boa evolução do mercado
de trabalho reforça a idéia de
que o Fed [banco central dos
EUA] mantenha a taxa de juros
inalterada por mais tempo.
Dessa forma, mantemos nossa
visão de que a redução da taxa
de juros norte-americana para
5% anuais ocorrerá apenas na
última reunião do ano", avaliou, em relatório, o Departamento de Estudos Econômicos
do Bradesco.
Os juros americanos estão
atualmente em 5,25% anuais.
Durante o pregão de ontem,
A Bovespa chegou aos inéditos
47.239 pontos.
Os pontos da Bolsa oscilam
de acordo com o valor das
ações. O fato de a Bolsa estar
com pontuação recorde mostra
que as ações listadas no mercado acionário brasileiro nunca
valeram tanto. As companhias
listadas na Bovespa encerraram a semana passada valendo
R$ 1,67 trilhão.
Real forte
Com o cenário externo favorável e o risco-país brasileiro
em queda, analistas avaliam
que o dólar pode romper o piso
dos R$ 2 ainda nesta semana.
Para isso, terá de recuar cerca
de 1,25%.
Neste mês, o dólar registra
desvalorização de 1,70% diante
do real. No ano, a queda acumulada chega a 5,24%.
Como o Banco Central tem
intervindo apenas com compras de dólares das instituições
financeiras, sem uma turbulência externa o real tende a continuar se apreciando.
"Não temos piso para a taxa
de câmbio. A tendência do dólar é para baixo, tendo tudo para romper os R$ 2 nos próximos dias", afirma Agostini.
Para mudar a rota do câmbio,
profissionais do mercado afirmam que o BC teria de mudar
sua postura. Ofertar contratos
de "swap cambial reverso" (títulos que têm o efeito de compras de dólares no mercado futuro) é a opção mais lembrada
pelos analistas como forma de
conter a apreciação do real.
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