São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2007

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Risco-país cai abaixo dos emergentes

Mercado otimista faz dólar recuar mais e se aproximar dos R$ 2; Bovespa bate novo recorde histórico e vai a 46.854 pontos

Risco-país brasileiro desce a 156 pontos, indicador já recuou 19% neste ano; dados de emprego nos EUA animaram os investidores


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A volta do feriado foi de recordes para os ativos brasileiros. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em um patamar nunca antes atingido (46.854 pontos), após registrar valorização de 0,45%.
O risco-país desceu aos 156 pontos pela primeira vez na história, com queda de 4,9%. Além disso, conseguiu chegar ao fim do dia abaixo do Embi+ (que é a média do risco dos países emergentes, que ficou ontem em 157 pontos).
No fim de 2006, o risco brasileiro registrava 192 pontos, enquanto a média dos emergentes estava em 169 pontos. Isso mostra que o Brasil apresentou rápida melhora nos últimos meses. No ano, o risco do Brasil recuou quase 19%.
Calculado pelo Banco JP Morgan Chase, o risco-país reflete o comportamento dos títulos da dívida externa dos países. Quanto menor o risco menor o temor dos investidores em relação ao governo dar calote em sua dívida. A estabilidade econômica do Brasil, somada a um cenário internacional favorável, tem empurrado o indicador de risco para baixo.
"É a primeira vez que o risco brasileiro se equipara à média dos emergentes", diz Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating.
Mas apesar da rápida queda, o risco brasileiro segue acima do de países como México (90 pontos) e Peru (118 pontos).
O dólar também recuou ontem, 0,39%, indo a R$ 2,025 -valor que não atingia desde março de 2001.
Esse clima favorável foi instigado pelos dados melhores que o esperado apresentados pelo mercado de trabalho americano na sexta-feira, quando não houve negócios no mercado financeiro devido ao feriado.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve alta mais modesta, de 0,07% ontem.
Em Tóquio, o índice Nikkei saltou 1,48% e voltou aos níveis praticados antes da crise desencadeada pela Bolsa de Xangai em 27 de fevereiro.
Os números positivos do mercado de trabalho dos EUA sinalizaram que a economia do país pode estar melhor do que os analistas supunham. Assim, aumentaram as expectativas de que pode demorar mais para ocorrer a retomada da queda dos juros americanos.
"A boa evolução do mercado de trabalho reforça a idéia de que o Fed [banco central dos EUA] mantenha a taxa de juros inalterada por mais tempo. Dessa forma, mantemos nossa visão de que a redução da taxa de juros norte-americana para 5% anuais ocorrerá apenas na última reunião do ano", avaliou, em relatório, o Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco.
Os juros americanos estão atualmente em 5,25% anuais.
Durante o pregão de ontem, A Bovespa chegou aos inéditos 47.239 pontos.
Os pontos da Bolsa oscilam de acordo com o valor das ações. O fato de a Bolsa estar com pontuação recorde mostra que as ações listadas no mercado acionário brasileiro nunca valeram tanto. As companhias listadas na Bovespa encerraram a semana passada valendo R$ 1,67 trilhão.

Real forte
Com o cenário externo favorável e o risco-país brasileiro em queda, analistas avaliam que o dólar pode romper o piso dos R$ 2 ainda nesta semana. Para isso, terá de recuar cerca de 1,25%.
Neste mês, o dólar registra desvalorização de 1,70% diante do real. No ano, a queda acumulada chega a 5,24%.
Como o Banco Central tem intervindo apenas com compras de dólares das instituições financeiras, sem uma turbulência externa o real tende a continuar se apreciando.
"Não temos piso para a taxa de câmbio. A tendência do dólar é para baixo, tendo tudo para romper os R$ 2 nos próximos dias", afirma Agostini.
Para mudar a rota do câmbio, profissionais do mercado afirmam que o BC teria de mudar sua postura. Ofertar contratos de "swap cambial reverso" (títulos que têm o efeito de compras de dólares no mercado futuro) é a opção mais lembrada pelos analistas como forma de conter a apreciação do real.


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