São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2007

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SP perde competitividade na indústria

Guerra fiscal e mão-de-obra mais barata fizeram participação no PIB nacional cair de 49,4% (1996) para 40% (2004)

Segundo o atlas lançado na Fiesp, capital e nove regiões no entorno de 100 km da cidade concentram 61,8% do PIB industrial do Estado


TATIANA RESENDE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A guerra fiscal entre os Estados, a busca por mão-de-obra mais barata e a concorrência com os produtos asiáticos foram os principais responsáveis pela queda da participação de São Paulo no PIB industrial do país, que passou de 49,4% em 1996 para 40% em 2004. Há casos em que a unidade fabril até foi transferida, mas a sede da empresa continua no Estado.
A desvalorização do dólar frente ao real é outro problema, que passa a ser maior com a iminência da moeda americana romper a barreira dos R$ 2.
Segundo o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do Estado, Carlos Américo Pacheco, num Estado altamente industrializado como São Paulo, o câmbio é prejudicial porque retira a competitividade dos produtos exportados e reduz o preço dos itens manufaturados importados.
Considerando a divisão por nível de intensidade tecnológica, o comportamento da indústria paulista se diferenciou do resto do país em três segmentos. Nos de baixa e de média alta tecnologia, houve queda na participação de 1996 para 2004 superiores a do país. Já no setor de alta tecnologia, o Estado teve uma redução bem menor.
"Em São Paulo estão os produtos de maior valor agregado, que podem continuar pagando os salários mais altos", argumentou José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que apresentou ontem o Atlas da Indústria Paulista, uma parceria do órgão com a Fundação Seade.
Segundo o Atlas, além da migração para outros Estados, como Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul, houve a interiorização da indústria. Para isso contribuíram fatores como o crescimento do agronegócio e as políticas de atração municipal.
A análise da participação do VTI (Valor da Transformação Industrial), conceito que mede a atividade industrial, mostra como o interior do Estado cresceu em detrimento da região metropolitana. Em 1989, por exemplo, São Paulo tinha 50,7% do VTI do país, sendo 28,7% distribuído pela região metropolitana e 22% no interior. Em 2003, quando a participação do Estado tinha caído para 43,8% nacionalmente, o interior já concentrava 27%.
A capital e nove regiões que ficam no entorno de 100 km da cidade de São Paulo concentram 61,8% do PIB da indústria paulista, com destaque para Campinas (14,45%). Os mesmos locais respondem por 63,1% da massa salarial.
A análise dos dados compilados no atlas, que está disponível no site da Fundação Seade, vai dar suporte aos setores público e privado para a elaboração e implantação de políticas de competitividade industrial.


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