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Governo define teto para energia de Jirau
Preço máximo será de R$ 91 por MWh; geração deve começar em 2013, se cronograma da obra do PAC for cumprido
Leilão da usina deve ocorrer na primeira quinzena de maio; vence a disputa a empresa ou o consórcio que oferecer a menor tarifa
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo definiu em R$ 91
por MWh (megawatt-hora) o
preço máximo da energia da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (RO). O leilão da usina deverá acontecer na primeira
quinzena de maio. Vence a disputa a empresa ou consórcio
que oferecer a menor tarifa.
A hidrelétrica de Jirau (3.300
MW), obra de R$ 8,7 bilhões
prevista no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento), é
a segunda usina do chamado
Complexo do Madeira. Se o
cronograma for cumprido, começa a gerar energia em 2013.
A primeira é Santo Antônio
(3.150 MW), já leiloada em dezembro de 2007. Naquela ocasião, o preço teto era de R$ 122
por MWh (34% maior que o de
Jirau), e o leilão foi vencido pelo consórcio Furnas (estatal)/
Odebrecht, que se comprometeram a vender a energia por
R$ 78,90 (deságio de 35,3%). A
usina ainda não está em construção porque não obteve licença de instalação do Ibama.
No cronograma do governo, a
licença sairá até o fim de julho.
O TCU (Tribunal de Contas
da União) aprovou ontem os
estudos feitos da EPE (Empresa de Pesquisa Energética, estatal que planeja o setor) para a
obra de Jirau. Apesar da aprovação, o TCU recomendou mudanças que, se acatadas, podem
reduzir o preço teto para R$ 85
por MWh. A Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica)
deve aprovar o edital hoje.
O secretário-executivo do
Ministério de Minas e Energia,
Márcio Zimmermann, informou que o governo não vai seguir as recomendações do TCU.
"O Ministério de Minas e Energia vai encaminhar o leilão com
R$ 91 por MWh. Temos expectativa de que haja competição e
que o preço venha a cair", disse
ele. O governo planeja fazer o
leilão em 12 de maio.
Para chegar ao preço da tarifa
teto, a EPE simulou vários custos, entre eles o de capital (juros sobre empréstimos feitos
pelo vencedor da disputa). Na
simulação, 75% do custo da
obra poderá ser financiado.
Desse total, 90% (cerca de R$ 6
bilhões) viriam do BNDES.
A estatal também levou em
conta que o vencedor venderá
30% da energia gerada no chamado "mercado livre" -espécie de Bolsa de Valores de energia, com preços flutuantes, do
qual participam grandes consumidores, como indústrias.
O preço oferecido pelo consórcio vencedor de Jirau valerá
só para o mercado "cativo" -o
atendido pelas distribuidoras
de energia, onde estão, entre
outros, os consumidores residenciais. No "mercado livre", o
preço é definido entre as partes, de acordo com as leis de
mercado (oferta e procura). A
EPE estima que o vencedor de
Jirau venderá energia no mercado livre a R$ 124 por MWh.
Subsídio
De acordo com a Abiape (Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de
Energia Elétrica, que representa grupos como Alcoa, Vale,
Gerdau, CSN e outros), no modelo elaborado pelo governo,
grandes consumidores de energia que estão no mercado livre
subsidiam os consumidores
das distribuidoras.
"Acho o preço [R$ 91 por
MWh] baixo. Os consumidores
do mercado livre vão subsidiar
os do mercado cativo. Essa estratégia só é possível quando há
risco de falta de energia, e os
preços no mercado livre estão
muito altos", afirmou Mário
Menel, presidente da entidade.
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