São Paulo, sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Governo estuda novos aumentos de impostos

O governo está analisando uma nova rodada de aumento de carga tributária de alguns setores para desonerar outros que pretende estimular em meio à crise econômica. Há rumores de que o próximo a pagar tributos mais altos para compensar benefícios concedidos a outros setores será a indústria de cosméticos, além de bebidas.
A medida seria aplicada para estimular alguns setores em meio à crise sem prejudicar a arrecadação fiscal. A receita do governo caiu 27% em fevereiro ante o mesmo mês de 2008.
A ação já foi feita no final de março, quando o governo aumentou o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) do cigarro. A carga maior sobre o produto veio para compensar a redução do imposto a materiais de construção e a prorrogação do benefício do IPI reduzido aos veículos.
De Portugal, o presidente da Abihpec (associação da indústria de cosméticos), João Carlos Basilio da Silva, falou com a Folha. Ele disse estar "chocado" com a perspectiva de os impostos do setor subirem e que o governo não entrou em contato com a entidade para discutir o aumento. "A nossa perspectiva era de redução de impostos, e não de aumento."
De acordo com ele, o setor já é punido com altas cargas tributárias e não há espaço para elevações. A incidência de impostos no setor varia de 40% do preço de fábrica, para produtos de higiene oral, a 94%, para tintas de cabelo, por exemplo, afirma Silva.
Hoje, a expectativa da Abihpec é que o setor registre um crescimento real de 5% neste ano -três pontos percentuais acima da projeção do governo de expansão do PIB.
Se esse aumento for concretizado, Silva considera que o setor não terá condições de atingir sua meta de crescimento. "Se o governo aumentar o imposto, vamos ter desemprego no setor", afirma.
Silva disse também que, se o governo elevar a carga tributária dos cosméticos, a Abihpec vai reagir. "Não é uma medida de bom senso aumentar impostos de um setor em meio à crise. Isso pune injustamente um segmento em benefício de outro. O cosmético não é supérfluo, é uma necessidade", afirma o presidente da entidade.

BOLSO
O faturamento real do comércio no Estado do Rio de Janeiro recuou 0,6% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2008, de acordo com levantamento da Fecomércio-RJ. Segundo a entidade, os grupos mais dependentes de financiamentos foram os mais prejudicados. O faturamento do grupo de bens duráveis caiu 2,7%. O comércio automotivo teve uma queda menos acentuada, de apenas 1%, em razão da redução do IPI, que favoreceu o faturamento das concessionárias de veículos.

CARTEIRA
De acordo com o levantamento da Fecomércio-RJ, os grupos mais relacionados ao nível de renda disponível foram os que apresentaram uma resistência mais elevada aos efeitos da crise mundial. O grupo de bens não duráveis registrou crescimento de 0,5%, mantendo a sua trajetória de resultados positivos iniciada em maio de 2004. Os faturamentos dos grupos de bens semiduráveis e de combustíveis e lubrificantes registram quedas de 1% e de 1,9%, respectivamente.

NA REDE
O uso do internet banking da Caixa Econômica Federal cresceu mais de 45% entre março de 2008 e março de 2009. Aumentou a base de clientes que utilizam o canal e o volume financeiro. Em média, os clientes realizam oito transações financeiras por mês, com um tíquete médio de R$ 174,55 por transação, representando uma média de R$ 1.372,51 por cliente. As transações mais usadas na internet são as consultas de saldos ou extratos, pagamentos e transferências, nesta ordem.

BATE-BOLA
O seguro que a Fifa contratou para as Copas do Mundo de 2010, na África do Sul, e de 2014, no Brasil, prevê desde cancelamento de jogos por problemas administrativos, falta de luz no estádio, até a transferência do evento para outro país. O IRB-Brasil Re é uma das empresas que fecharam participação no pool internacional de resseguradores responsável pela cobertura. A medida foi tomada pela Fifa depois que a federação notificou atraso nos preparativos para a Copa na África do Sul.

"Uma cervejinha nunca foi problema para ninguém"

O tempo das mulheres sensuais em propagandas de cerveja definitivamente ficou para trás. O jogador Ronaldo abriu ontem uma campanha em que ele aparece, pela primeira vez, segurando um copo da bebida. No comercial da AmBev, criado pela agência Africa para a marca Brahma, o atacante afirma que tem orgulho de cair e se levantar e se intitula um "brahmeiro".
O filme dá sequência a uma série de publicidades da empresa que evitam a exposição de mulheres e pretendem aumentar a identidade entre o produto e o consumidor.
Ronaldo afirma que não considera errado um atleta ser visto com um copo na mão.
"Beber uma cervejinha nunca foi problema para ninguém, o próprio filme indica "beba com moderação'", afirma Ronaldo, que cita outros casos de esportes patrocinados por bebidas alcoólicas.
"Esse tema é um mito muito grande, mas você vê isso no mundo todo. A Champions League é patrocinada por outra marca de cerveja. Várias seleções de vários países são patrocinadas." O campeonato é patrocinado pela Heineken.
Para o presidente da AmBev, João Castro Neves, trata-se mais de uma homenagem ao jogador, que completa 15 anos de parceria com a marca. "O Ronaldo está com a gente desde que tinha 17 anos."

CRÉDITO GRÁTIS
A holding Orange Soluções Integradas acaba de criar a Minucom, companhia focada em oferecer soluções de marketing para empresas baseadas em premiação com créditos para celulares. Segundo Leandro Capozzielli, presidente da Minucom, o foco da empresa é fazer campanhas para clientes que queiram alcançar a classe C, dona da maioria dos 123 milhões de linhas de pré-pagos que existem hoje no Brasil. A Minucom já fechou contratos com cinco empresas, dos setores bancário, de cartões de crédito e alimentício. A holding investiu R$ 3 milhões na criação da empresa, que tem como meta atingir 50 grandes clientes até o final do ano. Se o objetivo da empresa for alcançado, cerca de 1 milhão de usuários vão receber créditos para ligações e envio de mensagens via celular por meio de campanhas promocionais.

PÊNALTI
O advogado tributarista Felipe Ferreira Silva acaba de lançar o livro "Tributação no Futebol: Clubes e Atletas" (editora Quartier Latin). Na obra, o autor compara dados da CBF e do Banco Central para mostrar a discrepância no pagamento de impostos e de contribuições de PIS e Confins. Segundo ele, no BC há o registro de 546 contratos de transferência de atletas -menos que os 1.085 registrados na CBF.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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