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Lucro recorde de banco anima mercados
Informação de que o Tesouro dos EUA finaliza testes e que pode dar mais dinheiro a instituições também turbina Bolsa
Índice Dow Jones sobe 3,14%; Wells Fargo recebeu dinheiro público e teve ajuda do governo para ficar com o rival Wachovia
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
O Wells Fargo, segundo
maior banco dos EUA em empréstimos imobiliários, anunciou ontem um lucro recorde
de US$ 3 bilhões no primeiro
trimestre deste ano.
O banco havia recebido em
outubro US$ 25 bilhões em injeção de dinheiro público logo
no início da atual crise do sistema bancário, quando também
adquiriu, com a ajuda do governo, o banco Wachovia.
Também ontem, o Departamento do Tesouro dos EUA vazou a informação de que está finalizando os chamados "testes
de estresse" entre os 19 maiores bancos dos EUA. E que se
dispõe a injetar mais dinheiro
público nas instituições que
não passarem pela prova. Ou
seja, antecipou que não permitirá a falência desses bancos.
As notícias impulsionaram
as ações da maioria dos bancos
negociadas em Wall Street, que
viu principalmente no resultado do Wells Fargo sinais de que
o pior da crise bancária pode
ter ficado para trás -restando
agora o forte desaquecimento
da economia não financeira.
Também ontem, algumas das
maiores redes de varejo nos
EUA anunciaram os resultados
de março, que vieram ainda
piores que os de fevereiro. No
setor como um todo, as vendas
no mês caíram 1,8%, segundo a
Thomson Reuters.
Outros bancos como Citigroup e Bank of America farão
conhecer seus resultados entre
janeiro e março na semana que
vem. Mas o mercado já vem antecipando há cinco semanas a
possibilidade de os balanços terem melhorado.
Ontem, o índice S&P 500 da
Bolsa de Nova York fechou em
alta de 3,81%, e o da Bolsa eletrônica Nasdaq, de 3,89%. Os
papéis dos bancos lideraram as
valorizações. As ações do Wells
Fargo subiram 32%. As do
Bank of America, 35%. No Brasil, o Ibovespa subiu 3,07% (leia
texto ao lado).
No caso do Wells Fargo, boa
parte do lucro maior (50% acima do registrado no mesmo período em 2008) veio de terem
expirado contratos com clientes e investidores fechados com
o Wachovia, que os atraíra oferecendo remunerações acima
da média do mercado.
Muitos analistas acreditam
que os grandes bancos apresentarão resultados melhores também porque a chamada "competição irracional" acabou. Até
setembro, quando a crise bancária explodiu nos EUA com a
quebra do Lehman Brothers, os
bancos ofereciam imensos retornos a quem quer que fosse.
Averiguação
Agora, estão tendo a ajuda do
próprio governo, com dinheiro
barato, para manter o equilíbrio. Mais capital com dinheiro
público poderá ser despejado
nos bancos daqui em diante,
dependendo do resultado dos
chamados "testes de estresse"
realizados pelo Tesouro.
Cerca de 200 funcionários do
departamento averiguaram a
situação de cada um dos 19 bancos alvos dos testes, que devem
ser concluídos ao fim do mês.
Entre os cenários colocados
aos bancos para ver como seria
o seu desempenho, o Tesouro
prevê uma contração no PIB
dos EUA de 3,3% neste ano (e
zero em 2010), o nível de desemprego atingindo 10,3% (está em 8,5%) e os preços dos
imóveis caindo mais 22%.
A saúde dos bancos é considerada crucial na atual crise, já
que, por conta de elevadas perdas, eles travaram os empréstimos a empresas e consumidores. Desde 2007, os bancos nos
EUA já assumiram oficialmente US$ 1,3 trilhão (quase o PIB
do Brasil) em perdas, mas o
FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que elas devem ultrapassar US$ 3 trilhões.
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