São Paulo, sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Lucro recorde de banco anima mercados

Informação de que o Tesouro dos EUA finaliza testes e que pode dar mais dinheiro a instituições também turbina Bolsa

Índice Dow Jones sobe 3,14%; Wells Fargo recebeu dinheiro público e teve ajuda do governo para ficar com o rival Wachovia

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O Wells Fargo, segundo maior banco dos EUA em empréstimos imobiliários, anunciou ontem um lucro recorde de US$ 3 bilhões no primeiro trimestre deste ano.
O banco havia recebido em outubro US$ 25 bilhões em injeção de dinheiro público logo no início da atual crise do sistema bancário, quando também adquiriu, com a ajuda do governo, o banco Wachovia.
Também ontem, o Departamento do Tesouro dos EUA vazou a informação de que está finalizando os chamados "testes de estresse" entre os 19 maiores bancos dos EUA. E que se dispõe a injetar mais dinheiro público nas instituições que não passarem pela prova. Ou seja, antecipou que não permitirá a falência desses bancos.
As notícias impulsionaram as ações da maioria dos bancos negociadas em Wall Street, que viu principalmente no resultado do Wells Fargo sinais de que o pior da crise bancária pode ter ficado para trás -restando agora o forte desaquecimento da economia não financeira.
Também ontem, algumas das maiores redes de varejo nos EUA anunciaram os resultados de março, que vieram ainda piores que os de fevereiro. No setor como um todo, as vendas no mês caíram 1,8%, segundo a Thomson Reuters.
Outros bancos como Citigroup e Bank of America farão conhecer seus resultados entre janeiro e março na semana que vem. Mas o mercado já vem antecipando há cinco semanas a possibilidade de os balanços terem melhorado.
Ontem, o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York fechou em alta de 3,81%, e o da Bolsa eletrônica Nasdaq, de 3,89%. Os papéis dos bancos lideraram as valorizações. As ações do Wells Fargo subiram 32%. As do Bank of America, 35%. No Brasil, o Ibovespa subiu 3,07% (leia texto ao lado).
No caso do Wells Fargo, boa parte do lucro maior (50% acima do registrado no mesmo período em 2008) veio de terem expirado contratos com clientes e investidores fechados com o Wachovia, que os atraíra oferecendo remunerações acima da média do mercado.
Muitos analistas acreditam que os grandes bancos apresentarão resultados melhores também porque a chamada "competição irracional" acabou. Até setembro, quando a crise bancária explodiu nos EUA com a quebra do Lehman Brothers, os bancos ofereciam imensos retornos a quem quer que fosse.

Averiguação
Agora, estão tendo a ajuda do próprio governo, com dinheiro barato, para manter o equilíbrio. Mais capital com dinheiro público poderá ser despejado nos bancos daqui em diante, dependendo do resultado dos chamados "testes de estresse" realizados pelo Tesouro.
Cerca de 200 funcionários do departamento averiguaram a situação de cada um dos 19 bancos alvos dos testes, que devem ser concluídos ao fim do mês.
Entre os cenários colocados aos bancos para ver como seria o seu desempenho, o Tesouro prevê uma contração no PIB dos EUA de 3,3% neste ano (e zero em 2010), o nível de desemprego atingindo 10,3% (está em 8,5%) e os preços dos imóveis caindo mais 22%.
A saúde dos bancos é considerada crucial na atual crise, já que, por conta de elevadas perdas, eles travaram os empréstimos a empresas e consumidores. Desde 2007, os bancos nos EUA já assumiram oficialmente US$ 1,3 trilhão (quase o PIB do Brasil) em perdas, mas o FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que elas devem ultrapassar US$ 3 trilhões.


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