São Paulo, sábado, 10 de abril de 2010

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Emprego e horas extras crescem nas indústrias

Empresas lançam mão de jornada extra, indicador que antecede a criação de vagas

Recuperação do mercado de trabalho industrial ganhou força, impulsionada pelo ritmo mais acelerado nas indústrias, segundo o IBGE


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Passada a crise, o emprego na indústria começou a reagir com mais força em 2010 e, mais otimistas, empresários lançam mão de horas extras, indicador antecedente da criação de postos de trabalho.
Segundo o IBGE, o número de postos de trabalho na indústria cresceu 0,6% em fevereiro na comparação livre de efeitos sazonais com janeiro. É o segundo resultado positivo seguido. Já na comparação com janeiro de 2009, a expansão foi de 0,7% -a primeira taxa positiva desde novembro de 2008.
Para André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE, a retomada do emprego industrial teve início no segundo semestre de 2009, mas só agora ganhou corpo e tende a se intensificar.
Isso porque, diz, o número de horas pagas na produção (indicador que mede as horas extras) cresce a um ritmo mais intenso do que o emprego.
Pelos dados do IBGE, o total de horas pagas cresceu 1,5% na passagem de janeiro para fevereiro, num sinal de novas contratações à frente. Já na comparação com igual mês de 2009, o indicador subiu 1,6% -primeiro resultado positivo desde outubro de 2008.
"Está claro que a recuperação do mercado de trabalho industrial ganhou força, impulsionada pelo ritmo mais acelerado da produção do setor nos dois primeiros meses deste ano. A indústria não zerou ainda as perdas da crise, mas já reage", diz Macedo.
O atual nível de emprego iguala o do janeiro de 2007. Ou seja, ainda restam quase dois anos para o setor recompor as perdas provocadas pela crise.
Para o Iedi, os resultados de fevereiro, porém, são positivos e indicam uma recuperação mais firme do emprego nos próximos meses, sinalizada pelo avanço das horas pagas.
Tanto o Iedi como Macedo ressalvam, porém, que parte da expansão do emprego está relacionada à fraca base de comparação de janeiro de 2009, quando o setor fabril sucumbia diante da crise.
Setorialmente, o emprego voltou a se expandir em ramos intensivos em mão de obra. Em fevereiro, os destaques ficaram com papel e gráfica, têxtil, alimentos e bebidas e calçados e couro. Exceto alimentos, os demais figuraram entre os mais afetados pela crise.
Sob ótica regional, as indústria de São Paulo, região Nordeste e Ceará impulsionaram o emprego em fevereiro. Os setores líderes do crescimento têm forte presença nesses locais.
Descontados os efeitos sazonais, a folha de pagamento real da indústria cresceu 2,7% de janeiro para fevereiro. Em relação a fevereiro de 2009, a expansão foi de 2,8%.


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