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CÂMBIO
Em vez de socorrer apenas montadoras, governo estuda medidas para vários setores
Incentivo a exportador será ampliado
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nova rodada de negociações
do governo com o setor automotivo marcada para hoje servirá para a equipe econômica ganhar
tempo enquanto avalia a adoção
de medidas que minimizem ou
compensem as perdas do setor
exportador por causa da valorização do real diante do dólar. Em
reunião marcada para esta tarde,
os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Luiz Marinho (Trabalho) discutirão as reivindicações
das montadoras.
Segundo a Folha apurou, Mantega foi alertado para o risco de
um "pacote de salvação" específico para o setor automotivo abrir
precedente para que outros segmentos peçam o mesmo tratamento, deixando o governo numa
saia justa. Por isso, a idéia é adotar
medidas que beneficiem ao mesmo tempo vários setores voltados
para a exportação.
Enquanto Mantega e Marinho
estiverem discutindo com as
montadoras os problemas do setor, produtores de calçados e trabalhadores desempregados da região do Vale dos Sinos, no Rio
Grande do Sul, estarão peregrinando pela Esplanada dos Ministérios em busca de solução para
os prejuízos que alegam ter por
causa da taxa de câmbio.
Eles deverão ser recebidos por
representantes do Ministério do
Desenvolvimento às 15h e por
Mantega às 16h. Para tentar chamar a atenção do governo, pretendem mostrar que, se a Volks
ameaçou demitir 6.000 empregados, eles já contabilizam, desde o
início de 2005, 20 mil desempregados e 60 empresas fechadas.
A caravana de 40 ônibus, com
desempregados e empresários da
região, chegará à cidade bem cedo
e pedirá a adoção de medidas que
façam a taxa de câmbio subir.
Mais crédito
No encontro de hoje com as
montadoras, agendado em função da ameaça de demissões feita
pela Volkswagen há uma semana,
Mantega e Marinho, porém, deverão acenar com a possibilidade
de maiores facilidades de crédito
para o setor, via BNDES. De resto,
prometem ouvir as reivindicações, que ficarão para ser analisadas. Com isso, o governo ganha
tempo para encontrar uma saída.
A liberação de linhas de crédito
tem sido considerada insuficiente
pelos empresários para reverter
os prejuízos que alegam ter com a
valorização do real. Eles querem
pagar menos impostos e também
alternativas que desvalorizem o
real ante o dólar, aumentando a
competitividade dos produtos
brasileiros lá fora e a renda deles.
Na Fazenda, tem sido inicialmente descartada a idéia de fazer
novas desonerações ou ainda reduzir alíquota do Imposto de Importação, para aumentar a compra de produtos externos e tentar
forçar a desvalorização do real.
Mantega tem insistido em que
os mecanismos para atuar no
câmbio já estão sendo usados, como intervenção direta do BC e do
Tesouro, comprando dólares.
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