São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2006

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CÂMBIO

Em vez de socorrer apenas montadoras, governo estuda medidas para vários setores

Incentivo a exportador será ampliado

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A nova rodada de negociações do governo com o setor automotivo marcada para hoje servirá para a equipe econômica ganhar tempo enquanto avalia a adoção de medidas que minimizem ou compensem as perdas do setor exportador por causa da valorização do real diante do dólar. Em reunião marcada para esta tarde, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Luiz Marinho (Trabalho) discutirão as reivindicações das montadoras.
Segundo a Folha apurou, Mantega foi alertado para o risco de um "pacote de salvação" específico para o setor automotivo abrir precedente para que outros segmentos peçam o mesmo tratamento, deixando o governo numa saia justa. Por isso, a idéia é adotar medidas que beneficiem ao mesmo tempo vários setores voltados para a exportação.
Enquanto Mantega e Marinho estiverem discutindo com as montadoras os problemas do setor, produtores de calçados e trabalhadores desempregados da região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, estarão peregrinando pela Esplanada dos Ministérios em busca de solução para os prejuízos que alegam ter por causa da taxa de câmbio.
Eles deverão ser recebidos por representantes do Ministério do Desenvolvimento às 15h e por Mantega às 16h. Para tentar chamar a atenção do governo, pretendem mostrar que, se a Volks ameaçou demitir 6.000 empregados, eles já contabilizam, desde o início de 2005, 20 mil desempregados e 60 empresas fechadas.
A caravana de 40 ônibus, com desempregados e empresários da região, chegará à cidade bem cedo e pedirá a adoção de medidas que façam a taxa de câmbio subir.

Mais crédito
No encontro de hoje com as montadoras, agendado em função da ameaça de demissões feita pela Volkswagen há uma semana, Mantega e Marinho, porém, deverão acenar com a possibilidade de maiores facilidades de crédito para o setor, via BNDES. De resto, prometem ouvir as reivindicações, que ficarão para ser analisadas. Com isso, o governo ganha tempo para encontrar uma saída.
A liberação de linhas de crédito tem sido considerada insuficiente pelos empresários para reverter os prejuízos que alegam ter com a valorização do real. Eles querem pagar menos impostos e também alternativas que desvalorizem o real ante o dólar, aumentando a competitividade dos produtos brasileiros lá fora e a renda deles.
Na Fazenda, tem sido inicialmente descartada a idéia de fazer novas desonerações ou ainda reduzir alíquota do Imposto de Importação, para aumentar a compra de produtos externos e tentar forçar a desvalorização do real.
Mantega tem insistido em que os mecanismos para atuar no câmbio já estão sendo usados, como intervenção direta do BC e do Tesouro, comprando dólares.


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