São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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Realizar 60% do PAC já é avanço, diz Dilma

Ministra vê "altíssimo risco" de que sejam cumpridos apenas 70% do programa, maior prioridade do governo Lula

Chefe da Casa Civil diz que o governo pretende iniciar contratação de projetos de infra-estrutura social-urbana de junho a julho


Sergio Lima - 7.mai.07/Folha Imagem
A ministra Dilma, ao anunciar balanço do PAC na segunda


VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Gerente" do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ministra Dilma Rousseff disse à Folha que "se 60% [do plano] der certo" será uma grande diferença em relação ao que se fazia antes.
A chefe da Casa Civil fez a previsão ao falar sobre suas expectativas de sucesso do PAC. Afirmou que o governo vai trabalhar com a meta de 100% e que há um "altíssimo risco" de se cumprir 70% do programa, lançado em janeiro e que prevê investimentos de R$ 503,9 bilhões até 2010.
Na segunda-feira, Dilma e outros seis ministros fizeram o primeiro balanço do programa -52,5% das 1.646 medidas avançaram e 47,5% enfrentam dificuldades, segundo o governo. O resultado recebeu críticas e foi tachado de marketing pela oposição, que destacou a inclusão de obras velhas com selo verde de adequado.
"O problema é que, para algumas pessoas, não podemos acertar", disse Dilma. "Há um altíssimo risco de 70% de tudo isso dar certo. Se 60% der certo, é uma diferença tão grande em relação ao que se fazia antes nesse país. 60%, não estou falando de 70%, isso nunca foi feito antes."
A ministra mostrou-se incomodada com os julgamentos de que o PAC e seu balanço são peça de marketing. "Podem divergir de mim, dizer que obra classificada de verde [andamento adequado] deveria estar em amarelo ou vermelho [preocupante], mas não que tudo seja marketing. Se fosse, eu colocava tudo em verde."
Dilma destacou que ao listar obras com o selo amarelo, de atenção, seu objetivo foi mostrar que há vários projetos correndo riscos e que o governo é obrigado a tomar as medidas necessárias para evitá-los.
"Prestação de contas é isso. Bobeou, levou. O PAC expõe o governo, nos obriga a organizar", disse, acrescentando que com ele ninguém pode alegar que não sabia que havia risco de apagão energético no país.
É uma referência aos entraves ambientais às usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira (RO), classificadas de vermelho no balanço divulgado na segunda, e uma alfinetada indireta no governo FHC, surpreendido por um apagão em 2001.
Ela também rebateu as análises de que o PAC é um conjunto de obras velhas. Primeiro, disse que são um número pequeno do programa todo. Depois, que alguns projetos são velhos, mas novos "em termos de realização".
Por fim, questionou seus críticos: "Só porque é velha não vou terminar, vou deixar a obra parada e inacabada, sabendo que ela é estratégica?", citando a Ferrovia Norte-Sul, com dois trechos no PAC, um com selo verde e outro amarelo.
Com respostas prontas para defender o governo Lula, Dilma nem fez referências às divergências com o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda) ao ser questionada por que essas obras não foram tocadas no primeiro mandato.
"Com que roupa? Com que margem fiscal? Recebemos um governo com inflação de dois dígitos, risco Brasil lá em cima, falta de divisas, uma fragilidade fiscal enorme, a prioridade era a estabilidade", afirmou, sobre a situação herdada no primeiro mandato, quando protagonizou uma disputa com a equipe econômica por mais verbas para investimentos.
Sobre o setor com pior avaliação até agora, o de infra-estrutura social-urbana, ela diz que o governo pretende "iniciar os processos de contratação de junho a julho, essa é a nossa meta, depois vocês podem cobrar, [se não sair] vamos ter de dar explicações".
Ao final da entrevista, disse que o PAC "dá muito trabalho, mas quando engrenar, voa". Daqui a quatro meses ela fará novo balanço e poderá ser checado se o programa ainda está no chão ou se decolou.

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