São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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Brasil demora a retomar investimento na Bolívia

Abastecimento de gás na Argentina corre risco

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Cinco meses depois da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a La Paz para anunciar a retomada dos investimentos na Bolívia, a Petrobras ainda não chegou a um acordo para que a promessa se materialize. O impasse nas negociações traz o risco de atrasar o aumento da produção no curto prazo, prejudicando principalmente a Argentina, que atravessa uma grave crise energética.
O imbróglio envolve o campo de Itaú, um dos maiores da Bolívia e pertencente à empresa francesa Total, com a qual a Petrobras não vem conseguindo fechar um acordo.
"Obviamente, é preocupante. Já é um tempo bastante prolongado que a Petrobras e a Total estão tomando", disse à Folha o ministro de Hidrocarbontetos, Carlos Villegas, em entrevista durante visita a Caracas, onde participou da primeira reunião do Conselho Energético da América do Sul.
Também em Caracas, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, confirmou que as negociações estão atrasadas, mas não quis detalhar os motivos.
O acordo sobre Itaú entre as duas empresas não é o único obstáculo. Como envolve mudanças na composição acionária, terá de ser ratificado pelo Congresso, onde a oposição controla o Senado. A crise política boliviana faz com que a tramitação seja uma incógnita.
A falta de acordo surpreendeu o analista de energia Carlos Miranda. "Itaú é uma espécie de estepe que poderíamos usar para aumentar a produção num curto prazo. É uma lástima."
De acordo com Miranda, não há nenhum outro campo além de Itaú que poderia aumentar a produção num curto prazo. Para ele, o grande prejudicado é a sedenta Argentina, que vem recebendo apenas de 1,5 milhão a 2,5 milhões de metros cúbicos diários, quando o contrato em vigência prevê 7,7 milhões de metros cúbicos/dia.
A previsão inicial era que, numa primeira fase, Itaú produzisse mais 1,5 milhão de metros cúbicos por dia dentro de um ano. Em média, a Bolívia produz diariamente cerca de 40 milhões de metros cúbicos.
Nem Miranda nem Villegas disseram que o envio de gás ao centro-sul do Brasil (31,6 milhões de metros cúbicos/dia) está sob risco a curto prazo. O ministro boliviano, no entanto, disse que não há previsão para retomar a venda para Cuiabá, paralisada desde setembro.


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