|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil demora a retomar investimento na Bolívia
Abastecimento de gás na Argentina corre risco
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Cinco meses depois da visita
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva a La Paz para anunciar
a retomada dos investimentos
na Bolívia, a Petrobras ainda
não chegou a um acordo para
que a promessa se materialize.
O impasse nas negociações traz
o risco de atrasar o aumento da
produção no curto prazo, prejudicando principalmente a Argentina, que atravessa uma grave crise energética.
O imbróglio envolve o campo
de Itaú, um dos maiores da Bolívia e pertencente à empresa
francesa Total, com a qual a Petrobras não vem conseguindo
fechar um acordo.
"Obviamente, é preocupante.
Já é um tempo bastante prolongado que a Petrobras e a Total estão tomando", disse à Folha o ministro de Hidrocarbontetos, Carlos Villegas, em entrevista durante visita a Caracas, onde participou da primeira reunião do Conselho Energético da América do Sul.
Também em Caracas, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster,
confirmou que as negociações
estão atrasadas, mas não quis
detalhar os motivos.
O acordo sobre Itaú entre as
duas empresas não é o único
obstáculo. Como envolve mudanças na composição acionária, terá de ser ratificado pelo
Congresso, onde a oposição
controla o Senado. A crise política boliviana faz com que a tramitação seja uma incógnita.
A falta de acordo surpreendeu o analista de energia Carlos
Miranda. "Itaú é uma espécie
de estepe que poderíamos usar
para aumentar a produção num
curto prazo. É uma lástima."
De acordo com Miranda, não
há nenhum outro campo além
de Itaú que poderia aumentar a
produção num curto prazo. Para ele, o grande prejudicado é a
sedenta Argentina, que vem recebendo apenas de 1,5 milhão a
2,5 milhões de metros cúbicos
diários, quando o contrato em
vigência prevê 7,7 milhões de
metros cúbicos/dia.
A previsão inicial era que, numa primeira fase, Itaú produzisse mais 1,5 milhão de metros
cúbicos por dia dentro de um
ano. Em média, a Bolívia produz diariamente cerca de 40
milhões de metros cúbicos.
Nem Miranda nem Villegas
disseram que o envio de gás ao
centro-sul do Brasil (31,6 milhões de metros cúbicos/dia)
está sob risco a curto prazo. O
ministro boliviano, no entanto,
disse que não há previsão para
retomar a venda para Cuiabá,
paralisada desde setembro.
Texto Anterior: Produção de carros passa de 300 mil em um mês Próximo Texto: Petrobras 1: Lucro na Argentina cresce 5% no 1º trimestre Índice
|