São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Valor de empresas da Bolsa subiu 58% desde fundo do poço

A alta da Bolsa de Valores tem sido a grande surpresa da economia nas últimas semanas. Do fundo do poço da crise, no dia 27 de outubro de 2008, o valor de mercado das 306 empresas listadas cresceu 57,7% até a última quinta-feira. Essa alta representa um ganho de R$ 1,6 bilhão no valor das ações. No ano, a alta já chega a 26,6%, o que se traduz em R$ 332,1 milhões de valorização adicional das empresas abertas.
Os setores mais beneficiados por esse otimismo da Bolsa foram aqueles ligados a commodities, que também tinham sido os mais atingidos pela crise.
De acordo com estudo da Economática, o segmento de petróleo e gás, por exemplo, voltou a se tornar o com maior valorização. O valor de mercado do setor atingiu a marca de R$ 354,9 bilhões na semana passada, com uma valorização de 85,9% em relação ao dia 27 de outubro.
Os bancos voltaram a ocupar o segundo lugar na comparação entre os setores por valor de mercado. O valor do total das ações dos bancos somava R$ 309,2 bilhões na última quinta-feira, uma alta de 64,3% em relação ao fundo do poço da crise econômica. No final do ano passado, os bancos lideravam esse ranking.
Outro destaque foram as empresas ligadas ao setor de papel e celulose. O setor foi o que apresentou a maior valorização na Bolsa, com uma alta de 95,2% em relação ao dia 27 de outubro do ano passado. Ou seja, as ações quase dobraram de valor do pior momento da crise até hoje.
"O incrível é que esse setor chegou a ser considerado o patinho feio da crise", diz Einar Rivero, da Economática.
A grande pergunta é como vai ser daqui para a frente. A euforia da Bolsa se justifica ou seria mais uma bolha? As opiniões se dividem, embora o coro dos otimistas hoje seja maior do que o dos pessimistas. Há muito mais analistas apostando na tese de que "o pior já passou".
Para Sérgio Werlang, vice-presidente do Itaú Unibanco, por exemplo, a probabilidade de grande depressão está se mostrando cada vez mais difícil de se concretizar. Nessas condições, e com os juros muito baixos no mundo inteiro, os ativos, como as Bolsas, passam a se valorizar mais.
"Está ficando cada vez mais claro que o mundo não vai derreter", diz ele.
Já o economista José Francisco de Lima Gonçalves, do banco Fator, não se mostra tão otimista. Ele acha que essa alta da Bolsa não passa de uma bolha provocada pelo excesso de dólar no mundo. A seu ver, a economia ainda vai sofrer um segundo mergulho, embora mais suave do que o do final do ano passado.
Para Gonçalves, o problema dos bancos nos Estados Unidos ainda não está resolvido, apesar dos sinais positivos do "teste de estresse". "Sei que esta não é a avaliação dominante, mas eu não estou tão tranquilo com o que pode acontecer daqui para a frente", afirma.

REI
O ex-jogador de futebol Pelé participou nesta semana de um bate-papo com 200 funcionários do banco Santander e cerca de 200 clientes, em São Paulo. Pelé é o garoto-propaganda do banco na Copa Santander Libertadores, torneio que recebeu o nome do banco no ano passado. O contrato de patrocínio do campeonato é de 7 milhões por ano e se estende até 2012. Apenas no Brasil, o banco vai investir R$ 7 milhões em eventos e publicidade relativas à Libertadores neste ano. De acordo com o Santander, o patrocínio representou uma exposição da marca para um público de cerca de 1,3 bilhão de expectadores que assistiram aos jogos da Libertadores no ano passado.

EM CASA
O número de novos contratos de locação de imóveis residenciais fechados na cidade de São Paulo subiu 18% nos quatro primeiros meses do ano ante o mesmo período de 2008, segundo levantamento da Lello. Março foi o mês que mais contribuiu para puxar a média de novos negócios para cima, com alta de 13% na comparação com o mês anterior.

PELO MUNDO
O Brasil teve destaque na imprensa internacional no primeiro trimestre. Segundo levantamento da agência Imagem Corporativa em publicações estrangeiras, o país foi apontado como local de investimento em 15,8% das reportagens. Apesar de o país ser visto de forma geralmente positiva, com 73% das citações nesse sentido, a vulnerabilidade em relação à crise recebeu destaque em 13,7% das reportagens.

PLATEIA
O Programa Cinema do Brasil participa do Festival de Cannes, neste mês. O programa acompanhará uma delegação de 35 produtoras brasileiras e exibirá 15 filmes nacionais ao mercado de Cannes.

Itaú Unibanco realoca quase 900 após fusão

O programa de oportunidade de carreira do Itaú, que promovia migração de vagas e ascensão dentro do banco, ficou congelado depois da fusão do Itaú Unibanco e foi reaberto em abril.
Adriano Lima, diretor de gestão corporativa de pessoas do banco, já realocou quase 900 pessoas. Outros 170 estão em processo seletivo interno, candidatando-se a posições em diretorias, superintendências e gerências.
Profissionais de fora ainda não estão sendo contratados. O foco agora, segundo Lima, "é priorizar a seleção de colaboradores do Itaú e do Unibanco para vagas que surgem na nova instituição, muitas recém-criadas, fruto do rearranjo das estruturas".
Após a fusão, a nova instituição decidiu encerrar as operações da financeira Taií, que empregava mil funcionários, os quais agora participam do programa de realocação. O banco pretende realocar a maioria. Os cem profissionais demitidos pelo Itaú BBA no início do ano não fazem parte do processo.
Itaú Unibanco possui atualmente cerca de 106 mil funcionários.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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