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Abusos dos investidores voltam ao debate
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL À BASILEIA
Medidas para ampliar a regulamentação do mercado e tentar conter as "vendas a descoberto" -em que investidores
compram ou vendem ativos
sem que os detenha- são o foco
de atenção dos presidentes de
bancos centrais reunidos na
Basileia (Suíça).
O problema é que os banqueiros trancados desde ontem
na sede do BIS (Banco para
Compensações Internacionais), embora saibam que precisam fazer algo sobre o problema, ainda não sabem o que. E
tempo, na atual crise, é crucial.
A prática é vista como um catalisador da crise da dívida orçamentária europeia, que estourou na Grécia mas já afeta
outros países. Uma discussão,
segundo afirmou uma pessoa
familiarizada com ela, é se é
possível limitar o quanto pode
haver de "venda a descoberto".
O debate foi classificado como muito incipiente, mas muito mais específico e urgente do
que nos encontros mais recentes do organismo, quando ele já
era visto como preocupação.
A reunião, que entrou pela
noite após o jantar, continuaria
hoje pela manhã no encontro
do Conselho de Estabilidade
Financeira do BIS e amanhã na
reunião do FMI em Zurique.
Uma das críticas repetidas
por economistas é que com a
demora em fixar e aplicar as
medidas, a janela para regulamentar melhor o setor bancário e provê-lo de uma capacidade de recuperação mais rápida
em caso de crise pode fechar.
Os banqueiros se veem instados agora a apresentar propostas para "ontem".
A transparência é a preocupação crucial. Uma ideia é definir quem são os principais atores nesse mercado e avaliar a
concentração de risco -mas o
plano similar de listar instituições de grande risco ao sistema
financeiro patina há meses.
De qualquer forma, busca-se
melhorar o monitoramento e
combater a especulação, que
vem servindo nesta crise como
gasolina serve a uma fogueira.
Em outra frente, o Parlamento Europeu deve aprovar hoje
uma diretriz para fortalecer a
regulamentação dos fundos de
hedge e das empresas privadas
de investimento (private
equity), informou o jornal britânico "The Guardian".
As medidas são defendidas
pela Alemanha e pela França,
que terão as maiores fatias no
pacote de resgate de 110 bilhões à Grécia costurado entre
União Europeia e FMI.
Mas enfrentam oposição de
britânicos, que concentram os
serviços financeiros na Europa,
e de americanos e suíços, que
sofreriam as consequências.
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