São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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Abusos dos investidores voltam ao debate

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL À BASILEIA

Medidas para ampliar a regulamentação do mercado e tentar conter as "vendas a descoberto" -em que investidores compram ou vendem ativos sem que os detenha- são o foco de atenção dos presidentes de bancos centrais reunidos na Basileia (Suíça).
O problema é que os banqueiros trancados desde ontem na sede do BIS (Banco para Compensações Internacionais), embora saibam que precisam fazer algo sobre o problema, ainda não sabem o que. E tempo, na atual crise, é crucial.
A prática é vista como um catalisador da crise da dívida orçamentária europeia, que estourou na Grécia mas já afeta outros países. Uma discussão, segundo afirmou uma pessoa familiarizada com ela, é se é possível limitar o quanto pode haver de "venda a descoberto".
O debate foi classificado como muito incipiente, mas muito mais específico e urgente do que nos encontros mais recentes do organismo, quando ele já era visto como preocupação.
A reunião, que entrou pela noite após o jantar, continuaria hoje pela manhã no encontro do Conselho de Estabilidade Financeira do BIS e amanhã na reunião do FMI em Zurique.
Uma das críticas repetidas por economistas é que com a demora em fixar e aplicar as medidas, a janela para regulamentar melhor o setor bancário e provê-lo de uma capacidade de recuperação mais rápida em caso de crise pode fechar.
Os banqueiros se veem instados agora a apresentar propostas para "ontem".
A transparência é a preocupação crucial. Uma ideia é definir quem são os principais atores nesse mercado e avaliar a concentração de risco -mas o plano similar de listar instituições de grande risco ao sistema financeiro patina há meses.
De qualquer forma, busca-se melhorar o monitoramento e combater a especulação, que vem servindo nesta crise como gasolina serve a uma fogueira.
Em outra frente, o Parlamento Europeu deve aprovar hoje uma diretriz para fortalecer a regulamentação dos fundos de hedge e das empresas privadas de investimento (private equity), informou o jornal britânico "The Guardian".
As medidas são defendidas pela Alemanha e pela França, que terão as maiores fatias no pacote de resgate de 110 bilhões à Grécia costurado entre União Europeia e FMI.
Mas enfrentam oposição de britânicos, que concentram os serviços financeiros na Europa, e de americanos e suíços, que sofreriam as consequências.


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