São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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Hotéis do Rio criticam crédito para a Copa

Entidade diz não poder cumprir exigências como estar com os impostos em dia; governo diz que são normas de praxe

Linha do BNDES foi lançada em fevereiro e tem, por ora, três projetos em análise; ministério diz que, apesar de críticas, hotéis estão cheios

Rafael Andrade - 14.mar.08/Folha Imagem
O hotel Glória, no Rio, passa por reforma e deve ser reaberto até o ano que vem

JANAINA LAGE
CIRILO JUNIOR
DA SUCURSAL DO RIO

Redes tradicionais de hotéis estão enfrentando dificuldades de acesso a crédito para reformas antes da Copa do Mundo de 2014, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Álvaro Bezerra de Mello, da rede Othon.
Segundo ele, a linha lançada pelo governo em fevereiro, a ProCopa Turismo, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), não ajuda tanto o setor.
Apesar do orçamento de R$ 1 bilhão e das condições diferenciadas de empréstimo, ele diz que o setor não tem como cumprir as exigências do banco, como a de estar em dia com os impostos. "As redes tradicionais terão de fazer uma ginástica financeira para ter acesso a crédito", afirma Mello.
O presidente da ABIH-RJ, Alfredo Lopes, da rede Protel, questiona as exigências ambientais, por exemplo.
Lançada em fevereiro, a linha oferece prazo mais longo e juros mais baixos para quem se dispuser a obter certificações energética e ambiental. "Existe muita burocracia para obter recursos nessa linha. Algumas das regras de sustentabilidade têm custos absurdos", afirma.
Procurado pela reportagem, o BNDES não quis comentar o assunto. A linha conta hoje com uma carteira de três projetos em análise -os financiamentos para construção e reformas somam R$ 250 milhões. Outros 60 estão em perspectiva e somam R$ 590,8 milhões em financiamentos.
Para Hermano Carvalho, do Ministério do Turismo, as redes hoteleiras estão se estruturando no tempo adequado para ingressar no banco com o pedido de financiamento.
Ele ironizou as queixas. "É uma operação bancária, e o BNDES, como qualquer outro banco, faz as exigências habituais. O fato é que tem gente que reclama, apresenta prejuízo no balanço, mas o hotel está sempre cheio", disse.

Investimentos no Rio
Apesar das reclamações, no Rio já existe um ritmo aquecido de investimentos na construção de hotéis e em reformas.
A francesa Accor vai administrar três novos hotéis, com investimentos de R$ 74 milhões -dois na zona sul e um no centro. O grupo negocia a construção de mais cinco hotéis na Barra da Tijuca.
A rede Windsor não divulga o valor dos investimentos, mas construirá dois hotéis na Barra e um em Copacabana. Ainda fará a expansão do Windsor Florida, no Flamengo, e inaugurará o Windsor Atlântica, no prédio do antigo Meridien.
Coordenador do núcleo de Turismo da FGV, Luiz Gustavo Barbosa estima que a demanda de turistas nas grandes cidades cresça entre 5% e 7% por ano até 2014. Só esse dado, salienta, garante boa parte dos investimentos previstos para os próximos anos. O Ministério do Turismo mapeou projetos que somam R$ 16 bilhões até 2016.
A rede Marriott concentra os investimentos no hotel JW Marriott, que recebeu, desde 2008, R$ 10 milhões para modernização de sua estrutura. "Focamos nos hóspedes de negócios, que representam 70% da ocupação do hotel. Nossa grande perspectiva é com o movimento pré-Copa", observa Carolina Mescolin, diretora de marketing do JW Marriott.
A reforma do hotel Glória é um dos projetos em análise no BNDES. Comprado pelo empresário Eike Batista, deve reabrir no fim de 2011, rebatizado como Glória Palace. O investimento é de R$ 120 milhões.


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