|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hotéis do Rio criticam crédito para a Copa
Entidade diz não poder cumprir exigências como estar com os impostos em dia; governo diz que são normas de praxe
Linha do BNDES foi lançada em fevereiro e tem, por ora, três projetos em análise; ministério diz que, apesar de críticas, hotéis estão cheios
Rafael Andrade - 14.mar.08/Folha Imagem
|
|
O hotel Glória, no Rio, passa por reforma e deve ser reaberto até o ano que vem
JANAINA LAGE
CIRILO JUNIOR
DA SUCURSAL DO RIO
Redes tradicionais de hotéis
estão enfrentando dificuldades
de acesso a crédito para reformas antes da Copa do Mundo
de 2014, segundo o presidente
da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Álvaro Bezerra de Mello, da rede Othon.
Segundo ele, a linha lançada
pelo governo em fevereiro, a
ProCopa Turismo, do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
não ajuda tanto o setor.
Apesar do orçamento de R$ 1
bilhão e das condições diferenciadas de empréstimo, ele diz
que o setor não tem como cumprir as exigências do banco, como a de estar em dia com os impostos. "As redes tradicionais
terão de fazer uma ginástica financeira para ter acesso a crédito", afirma Mello.
O presidente da ABIH-RJ,
Alfredo Lopes, da rede Protel,
questiona as exigências ambientais, por exemplo.
Lançada em fevereiro, a linha
oferece prazo mais longo e juros mais baixos para quem se
dispuser a obter certificações
energética e ambiental. "Existe
muita burocracia para obter recursos nessa linha. Algumas
das regras de sustentabilidade
têm custos absurdos", afirma.
Procurado pela reportagem,
o BNDES não quis comentar o
assunto. A linha conta hoje com
uma carteira de três projetos
em análise -os financiamentos
para construção e reformas somam R$ 250 milhões. Outros
60 estão em perspectiva e somam R$ 590,8 milhões em financiamentos.
Para Hermano Carvalho, do
Ministério do Turismo, as redes hoteleiras estão se estruturando no tempo adequado para
ingressar no banco com o pedido de financiamento.
Ele ironizou as queixas. "É
uma operação bancária, e o
BNDES, como qualquer outro
banco, faz as exigências habituais. O fato é que tem gente
que reclama, apresenta prejuízo no balanço, mas o hotel está
sempre cheio", disse.
Investimentos no Rio
Apesar das reclamações, no
Rio já existe um ritmo aquecido
de investimentos na construção de hotéis e em reformas.
A francesa Accor vai administrar três novos hotéis, com
investimentos de R$ 74 milhões -dois na zona sul e um no
centro. O grupo negocia a construção de mais cinco hotéis na
Barra da Tijuca.
A rede Windsor não divulga o
valor dos investimentos, mas
construirá dois hotéis na Barra
e um em Copacabana. Ainda fará a expansão do Windsor Florida, no Flamengo, e inaugurará o Windsor Atlântica, no prédio do antigo Meridien.
Coordenador do núcleo de
Turismo da FGV, Luiz Gustavo
Barbosa estima que a demanda
de turistas nas grandes cidades
cresça entre 5% e 7% por ano
até 2014. Só esse dado, salienta,
garante boa parte dos investimentos previstos para os próximos anos. O Ministério do Turismo mapeou projetos que somam R$ 16 bilhões até 2016.
A rede Marriott concentra os
investimentos no hotel JW
Marriott, que recebeu, desde
2008, R$ 10 milhões para modernização de sua estrutura.
"Focamos nos hóspedes de negócios, que representam 70%
da ocupação do hotel. Nossa
grande perspectiva é com o movimento pré-Copa", observa
Carolina Mescolin, diretora de
marketing do JW Marriott.
A reforma do hotel Glória é
um dos projetos em análise no
BNDES. Comprado pelo empresário Eike Batista, deve reabrir no fim de 2011, rebatizado
como Glória Palace. O investimento é de R$ 120 milhões.
Texto Anterior: Ajuda à Grécia: Conselho do FMI aprova parcela de 30 bilhões Próximo Texto: Frase Índice
|