|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para facilitar cooperação externa,
Embrapa vai se internacionalizar
Mudança na lei facilitará operações no exterior, que cresceram na gestão Lula
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) passará a ser uma empresa
internacional, o que facilitará
suas operações de cooperação
técnica fora do país, atendendo
à demanda crescente da África
e da América Latina.
A legislação atual só permite
que a estatal tenha unidades
próprias no Brasil, e o anúncio
da mudança deve acontecer no
encontro de três dias que reunirá a partir de hoje, em Brasília, cerca de 50 representantes
de ministérios da Agricultura e
do Desenvolvimento Rural de
países africanos.
Há anos a Embrapa presta
assessoria agrícola na África,
por meio da ABC (Agência Brasileira de Cooperação), do Itamaraty. Em 2009, a agência
gastou US$ 6,8 milhões no continente -aumento de 1.478%
em relação a 2005.
Mas a necessidade de dotar a
empresa de personalidade jurídica que lhe permita alugar instalações e movimentar contas
no exterior surgiu a partir de
projetos recentes de longo prazo, que exigem a permanência
de seus técnicos no país-sede.
Ditos "estruturantes", esses
programas começaram na África em 2008 com o Cotton-4, sediado no Mali e que visa aumentar a produtividade do algodão naquele país e em Burkina Fasso, Benin e Chade.
A Embrapa iniciará em junho
um plano de rizicultura no Senegal e prepara-se para instalar
em Moçambique três projetos
cofinanciados pela ABC e as
agências de cooperação internacional do Japão (Jica) e dos
EUA (Usaid).
Os programas em Moçambique movimentarão ao menos
US$ 18,2 milhões e um deles, o
ProSavana, tentará replicar o
Prodecer, que transplantou
culturas de clima temperado ao
cerrado brasileiro e teve apoio
japonês, nos anos 1980.
"Trabalhamos com um desenho que deu certo no Brasil,
com adaptações locais", disse
Francisco Basílio Souza, diretor da área internacional da
Embrapa, que é vinculada ao
Ministério da Agricultura.
A cooperação técnica não é
condicionada à contratação de
empresas ou à compra de produtos brasileiros, mas reforça a
presença do país num continente em crescimento devido
ao boom das commodities e cujo mercado é disputado por
China e Índia, além das ex-metrópoles europeias.
O embaixador Rubens Ricupero, que nos anos 70 participou da primeira grande missão
do Itamaraty à África, diz que o
governo Lula "teve sensibilidade e senso de oportunidade"
em sua política africana. "Existe ali um capital de boa vontade
grande em relação ao Brasil."
Entre 2002 e 2008, as exportações brasileiras para a África
cresceram 339% -75% delas
foram de itens manufaturados.
Ricupero não compartilha
das críticas à abertura de 13 novas embaixadas na região (são
hoje 34), embora considere que
exista "uma deficiência sistemática" da diplomacia em torná-las mais efetivas.
Mas ele afirma que a tendência de alta no comércio com a
África vai depender menos da
ação diplomática do que da "capacidade de oferta" brasileira
-hoje, o câmbio e o custo do capital desfavorecem a competição com os chineses.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice
|