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São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

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ENERGIA

Secretário norte-americano convoca reunião de emergência após suprimentos caírem ao nível mais baixo desde 1976

EUA podem ficar sem gás durante o verão

SHEILA McNULTY
DO "FINANCIAL TIMES", EM HOUSTON

Os suprimentos de gás natural dos EUA atingiram níveis criticamente baixos nos últimos meses e podem ser inadequados para atender à demanda em caso de verão quente neste ano.
Spencer Abraham, secretário da Energia dos Estados Unidos, convocou uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Petróleo para este mês, em meio a pedidos de que o governo enfrente urgentemente a escassez.
"O desafio requer que nós entremos em ação hoje", disse Abraham. Ele solicitou ao conselho consultivo que se reúna em Washington no dia 26 de junho para discutir o nível "incomumente baixo" dos suprimentos de gás.
Ele disse que os Estados Unidos dispunham de 696 bilhões de pés cúbicos (19,7 bilhões de m3) de gás natural estocados no final de março, o nível mais baixo desde 1976, quando o registro dos estoques começou a ser mantido. Na semana terminada em 11 de abril, o nível dos estoques se havia reduzido a 623 bilhões de pés cúbicos (17,6 bilhões de m3).
"O espaço de armazenagem disponível aumentou de lá para cá, mas ainda assim o total armazenado equivale a apenas metade do disponível no ano passado e fica 42% abaixo da média dos últimos cinco anos", disse Abraham.
Hoje, Alan Greenspan, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), vai depor diante do comitê de Comércio e Energia da Câmara dos Deputados sobre as potenciais ameaças que a escassez acarreta para a economia.
As informações são de que os preços do gás natural teriam aumentado até 700% nos últimos três anos, levando setores que variam da siderurgia à petroquímica a solicitar que o governo dos Estados Unidos remedeie aquilo que eles classificam como "a outra crise de energia", porque ela é muito menos conhecida do que a escassez interna de petróleo.
"Nenhuma empresa, nenhum setor, nenhum consumidor é capaz de absorver um aumento que triplique os preços de uma matéria-prima básica e ainda assim continuar competindo no mercado mundial", disse Greg Lebedev, presidente do Conselho de Química Norte-Americano, que congrega os maiores usuários industriais do gás natural. "E nenhuma economia que esteja vacilando à beira da recessão pode esperar sem ajuda até a recuperação. Na verdade, todas as recessões desde a Segunda Guerra Mundial foram precedidas por essa espécie de aumento nos custos da energia."
O problema surgiu depois que o governo norte-americano começou a encorajar o uso do gás natural como alternativa energética mais favorável ao ambiente, mas se recusou a abrir à exploração áreas que o secretário Abraham estima equivalerem a 40% dos recursos potenciais de gás dos EUA, localizados em terras federais onde a exploração é proibida ou está sujeita a severas restrições.
"É um trem correndo pelos trilhos a caminho de um acidente", disse Robin West, chairman da PFC Energy, uma consultoria de Washington especializada em energia.


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