|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEM GÁS
Papel da empresa já perdeu 21% nesta semana por causa da crise na Bolívia
Ação da Comgás cai 10% e puxa Bovespa para baixo
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise na Bolívia derrubou a
ação da maior distribuidora de
gás do país. A ação preferencial
"A" da Comgás desabou 10,17%
no pregão de ontem da Bolsa de
Valores de São Paulo, mostrando
que os investidores estão preocupados com os reflexos dos problemas enfrentados pela Bolívia no
mercado local.
No acumulado da semana, o papel PNA da Comgás já perdeu
20,95% de seu valor.
Ontem cresceu o temor de que
haja problemas no abastecimento
de gás natural no Brasil em poucos dias.
A Bovespa fechou em baixa de
0,88%, penalizada pela queda da
ação da distribuidora de gás. A
perda de 0,56% registrada pelo
papel preferencial do Itaú -que
foi responsável por quase 36%
dos negócios totais do pregão de
ontem- também pesou negativamente.
Desde o aprofundamento da
crise política, a partir da segunda-feira, após as denúncias do presidente do PTB, Roberto Jefferson,
feitas em entrevista à Folha, a Bovespa já caiu 7,14%.
Com a aproximação do fim de
semana, aumentaram as especulações em torno da possibilidade
de que surjam novas denúncias
contra o PT. Nesse clima, investidores procuraram diminuir a exposição ao risco.
No exterior, o risco-país brasileiro subiu 1,13% e fechou a 448
pontos.
Já o dólar encerrou as operações
de ontem com expressiva alta de
1,42%, a R$ 2,497. Durante os negócios, a moeda chegou a romper
a barreira dos R$ 2,50.
A alta da moeda americana no
exterior também ajudou a empurrar a cotação do dólar no mercado doméstico.
Lá fora, as declarações do presidente do Fed (banco central dos
EUA), Alan Greenspan, de que a
economia americana segue firme
e indicando que os aumentos graduais dos juros naquele país devem continuar, concentraram as
atenções (leia texto na pág. B9).
Rumo dos juros
Hoje será divulgado o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) de maio. Após conhecido
o resultado do índice de inflação,
os analistas devem fazer os últimos ajustes em suas apostas para
a reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária), que acontecerá na próxima semana. O IPCA
é o índice oficial, por meio do qual
o governo acompanha sua meta
de inflação.
"É muito pouco provável que a
política econômica sofra alguma
alteração por conta da crise na esfera política", diz Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco
Fibra. "Mas o cenário de instabilidade no quadro político reduz a
confiança do empresariado na
economia local, o que, se não inviabiliza, ao menos adia seus planos de investimentos no país",
completa a economista.
Ontem, as projeções para as taxas futuras de juros nos contratos
com vencimentos mais longos subiram. Isso indica maior cautela
dos investidores com o longo prazo.
Os contratos DI -que espelham as taxas praticadas entre os
bancos- de prazos de resgate
mais curtos pouco oscilaram no
pregão de ontem da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros),
mostrando ser mais forte a parcela dos investidores que esperam
pela manutenção da taxa básica
de juros, que está em 19,75%.
No DI que vence daqui a seis
meses, a taxa foi de 19,45% para
19,50%. No contrato que vence
em 18 meses, a taxa subiu de
18,01% para 18,25%.
O número de contratos negociados na BM&F foi 52% maior
que o registrado no pregão do dia
anterior, superando os 544 mil.
Texto Anterior: Sem gás: Crise pode afetar mais a indústria paulista Próximo Texto: Opinião Econômica - Luiz Carlos Mendonça de Barros: Nuvens negras no horizonte Índice
|