São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2005

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SEM GÁS

Papel da empresa já perdeu 21% nesta semana por causa da crise na Bolívia

Ação da Comgás cai 10% e puxa Bovespa para baixo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise na Bolívia derrubou a ação da maior distribuidora de gás do país. A ação preferencial "A" da Comgás desabou 10,17% no pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo, mostrando que os investidores estão preocupados com os reflexos dos problemas enfrentados pela Bolívia no mercado local.
No acumulado da semana, o papel PNA da Comgás já perdeu 20,95% de seu valor.
Ontem cresceu o temor de que haja problemas no abastecimento de gás natural no Brasil em poucos dias.
A Bovespa fechou em baixa de 0,88%, penalizada pela queda da ação da distribuidora de gás. A perda de 0,56% registrada pelo papel preferencial do Itaú -que foi responsável por quase 36% dos negócios totais do pregão de ontem- também pesou negativamente.
Desde o aprofundamento da crise política, a partir da segunda-feira, após as denúncias do presidente do PTB, Roberto Jefferson, feitas em entrevista à Folha, a Bovespa já caiu 7,14%.
Com a aproximação do fim de semana, aumentaram as especulações em torno da possibilidade de que surjam novas denúncias contra o PT. Nesse clima, investidores procuraram diminuir a exposição ao risco.
No exterior, o risco-país brasileiro subiu 1,13% e fechou a 448 pontos.
Já o dólar encerrou as operações de ontem com expressiva alta de 1,42%, a R$ 2,497. Durante os negócios, a moeda chegou a romper a barreira dos R$ 2,50.
A alta da moeda americana no exterior também ajudou a empurrar a cotação do dólar no mercado doméstico.
Lá fora, as declarações do presidente do Fed (banco central dos EUA), Alan Greenspan, de que a economia americana segue firme e indicando que os aumentos graduais dos juros naquele país devem continuar, concentraram as atenções (leia texto na pág. B9).

Rumo dos juros
Hoje será divulgado o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de maio. Após conhecido o resultado do índice de inflação, os analistas devem fazer os últimos ajustes em suas apostas para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que acontecerá na próxima semana. O IPCA é o índice oficial, por meio do qual o governo acompanha sua meta de inflação.
"É muito pouco provável que a política econômica sofra alguma alteração por conta da crise na esfera política", diz Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. "Mas o cenário de instabilidade no quadro político reduz a confiança do empresariado na economia local, o que, se não inviabiliza, ao menos adia seus planos de investimentos no país", completa a economista.
Ontem, as projeções para as taxas futuras de juros nos contratos com vencimentos mais longos subiram. Isso indica maior cautela dos investidores com o longo prazo.
Os contratos DI -que espelham as taxas praticadas entre os bancos- de prazos de resgate mais curtos pouco oscilaram no pregão de ontem da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), mostrando ser mais forte a parcela dos investidores que esperam pela manutenção da taxa básica de juros, que está em 19,75%.
No DI que vence daqui a seis meses, a taxa foi de 19,45% para 19,50%. No contrato que vence em 18 meses, a taxa subiu de 18,01% para 18,25%.
O número de contratos negociados na BM&F foi 52% maior que o registrado no pregão do dia anterior, superando os 544 mil.


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