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BNDES negou crédito a nova candidata a assumir Varig
Multilong quis repassar empréstimo-ponte, mas banco rejeitou por falta de garantia
Empresa faz proposta de
US$ 800 milhões, recebida
com desconfiança pelo
Ministério Público por
"não ter nada de concreto"
DA SUCURSAL DO RIO
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO
A Multilong Corporation,
que apresentou ontem proposta de compra das operações domésticas e internacionais da
Varig por US$ 800 milhões, já
havia tentado participar do
processo de recuperação da
companhia aérea. Ela fez parte
do grupo de três investidores
interessados em repassar para
a Varig um empréstimo-ponte
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) em maio. A proposta foi
rejeitada por falta de garantias.
A oferta de ontem foi recebida com desconfiança. O promotor do Ministério Público Gustavo Lunz disse que a proposta
"não tem nada de concreto".
Segundo Michael Breslow,
dono da Multilong, o banco ignorou carta de intenções da
Boeing, que estaria disposta a
atuar como parceira no negócio. "O banco disse que negou
porque faltava uma carta de
fiança bancária, mas eu tinha
uma carta de recomendação da
Boeing dizendo que, se eu fosse
o vencedor, poderia me ajudar." A Boeing informou ontem
que a carta não é verdadeira.
A proposta enviada ontem à
Justiça solicita ordem judicial
para que o BNDES dê aporte
total do financiamento. O argumento é que se trata de motivo
de força maior e de interesse
nacional.
Segundo Breslow, a Multilong oferece duas formas de pagamento. Na primeira, o
BNDES financiaria US$ 800
milhões, com três anos de carência e pagamento em parcelas semestrais durante oito
anos. Na segunda, o BNDES financiaria US$ 365 milhões. O
restante seria negociado com a
Boeing e com a emissão de debêntures da nova empresa.
"Vou colocar as ações da nova
Varig no mercado secundário,
emitir debêntures, fazer um
IPO [abertura de capital]."
O argumento de Breslow é
que o BNDES já financiou outras empresas em situação
emergencial. Segundo o dono
da Multilong, a empresa atua
nos ramos de logística e marketing. Conta com representantes em conselhos de administração de diversos conglomerados. Breslow se negou a citar o
nome de um desses conglomerados porque os representantes poderiam ser chamados para trabalhar na nova Varig. A
Multilong tem 25 funcionários.
Questionado sobre o motivo
para decidir investir em aviação, Breslow, que é brasileiro e
filho de um inglês, disse que
acredita no país e sabe que as
melhores oportunidades de negócio estão surgindo em países
emergentes, como Rússia, México e Brasil. "Os trabalhadores
já tiveram oportunidade de
mostrar o que fizeram com a
Varig. Pretendo renovar a frota
e reestruturar a empresa. Espero que haja vontade política para que o BNDES nos ajude."
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