São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BNDES negou crédito a nova candidata a assumir Varig

Multilong quis repassar empréstimo-ponte, mas banco rejeitou por falta de garantia

Empresa faz proposta de US$ 800 milhões, recebida com desconfiança pelo Ministério Público por "não ter nada de concreto"


DA SUCURSAL DO RIO
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

A Multilong Corporation, que apresentou ontem proposta de compra das operações domésticas e internacionais da Varig por US$ 800 milhões, já havia tentado participar do processo de recuperação da companhia aérea. Ela fez parte do grupo de três investidores interessados em repassar para a Varig um empréstimo-ponte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em maio. A proposta foi rejeitada por falta de garantias.
A oferta de ontem foi recebida com desconfiança. O promotor do Ministério Público Gustavo Lunz disse que a proposta "não tem nada de concreto".
Segundo Michael Breslow, dono da Multilong, o banco ignorou carta de intenções da Boeing, que estaria disposta a atuar como parceira no negócio. "O banco disse que negou porque faltava uma carta de fiança bancária, mas eu tinha uma carta de recomendação da Boeing dizendo que, se eu fosse o vencedor, poderia me ajudar." A Boeing informou ontem que a carta não é verdadeira.
A proposta enviada ontem à Justiça solicita ordem judicial para que o BNDES dê aporte total do financiamento. O argumento é que se trata de motivo de força maior e de interesse nacional.
Segundo Breslow, a Multilong oferece duas formas de pagamento. Na primeira, o BNDES financiaria US$ 800 milhões, com três anos de carência e pagamento em parcelas semestrais durante oito anos. Na segunda, o BNDES financiaria US$ 365 milhões. O restante seria negociado com a Boeing e com a emissão de debêntures da nova empresa. "Vou colocar as ações da nova Varig no mercado secundário, emitir debêntures, fazer um IPO [abertura de capital]."
O argumento de Breslow é que o BNDES já financiou outras empresas em situação emergencial. Segundo o dono da Multilong, a empresa atua nos ramos de logística e marketing. Conta com representantes em conselhos de administração de diversos conglomerados. Breslow se negou a citar o nome de um desses conglomerados porque os representantes poderiam ser chamados para trabalhar na nova Varig. A Multilong tem 25 funcionários.
Questionado sobre o motivo para decidir investir em aviação, Breslow, que é brasileiro e filho de um inglês, disse que acredita no país e sabe que as melhores oportunidades de negócio estão surgindo em países emergentes, como Rússia, México e Brasil. "Os trabalhadores já tiveram oportunidade de mostrar o que fizeram com a Varig. Pretendo renovar a frota e reestruturar a empresa. Espero que haja vontade política para que o BNDES nos ajude."


Texto Anterior: Gesner Oliveira: "Crepúsculo de jogo"
Próximo Texto: Grupo tentará convencer juiz dos EUA a manter "proteção" da Varig contra credor
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.