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Dólar dá sinal de subir a novo patamar, vê Mantega
Análise de ministro da Fazenda é que moeda fique na faixa de R$ 2,25 a R$ 2,30
Apesar de a cotação ser
melhor para exportadores,
ele afirmou que governo segue com estudo para reformular a lei cambial
SHEILA D'AMORIM
ENVIADA ESPECIAL A SÃO PETERSBURGO
Diante das recentes turbulências no mercado financeiro,
a taxa de câmbio no Brasil dá sinais de que deverá se estabilizar num novo patamar entre
R$ 2,25 e R$ 2,30, segundo avaliação do ministro Guido Mantega (Fazenda).
"Parece que o câmbio quer ficar aí", disse no intervalo do encontro de ministros da Fazenda que participa em São Petersburgo (Rússia). Para se confirmar o novo nível da cotação do
dólar, explicou, é preciso aguardar o fim do processo de realocação de investimentos que o
mundo atravessa após se confirmarem as expectativas de
um aperto nos juros nos EUA
maior do que o imaginado.
"Quando esse movimento de
acomodação de capitais chegar
a termo é que vamos saber." O
real mais desvalorizado deverá
atenuar as pressões dos exportadores que estarão "numa situação melhor". Ainda assim,
destaca Mantega, o comportamento da taxa de câmbio com
as turbulências no mercado financeiro nas últimas semanas
não interrompeu a discussão
no governo sobre reformulação
da legislação cambial.
Segundo o ministro, os técnicos da Fazenda continuam trabalhando normalmente e deverão concluir até o final deste
mês o texto do projeto de lei
que será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para, depois, ser encaminhado
ao Congresso. "Essa turbulência é passageira e não compromete essas medidas", disse.
"Até o final do mês deve haver
novidade", disse.
A base da proposta, de acordo
com o ministro, será o fim da
exigência para os exportadores
trazerem para o país o dinheiro
recebido com as vendas dos
seus produtos lá fora, conhecido como cobertura cambial.
Para Mantega, independentemente da conjuntura atual,
que ajudou a diminuir as pressões do setor exportador por
uma ação do governo para evitar mais apreciação do real, o
assunto se mantém na pauta do
governo porque a tendência no
longo prazo é de valorização da
moeda brasileira.
"Estamos fadados a ter valorização do real", disse. "O patamar do dólar mudou e isso deu
um alívio aos exportadores." A
tendência de valorização das
moedas de economias como a
brasileira e a russa foi o tema do
encontro com o ministro das
Finanças russo, Alexey Kudrin.
Mantega quis saber o que a
Rússia está fazendo para conter
uma apreciação excessiva do
rublo, a moeda local. "Eles estão fazendo praticamente o
mesmo que nós. A diferença é
que a Rússia tem a peculiaridade de ter um único bem [na
pauta de exportação, o petróleo] e a receita vai toda para o
Estado". disse.
Com isso, o governo criou um
fundo onde são depositados os
dólares obtidos com exportações de petróleo para evitar que
a entrada desses recursos se
traduza em mais gastos públicos. Ainda assim, a medida tem
trazido problemas com a inflação, em torno de 10% ao ano.
A crise financeira internacional foi o principal assunto no
encontro reservado que Mantega teve com o secretário do
Tesouro dos EUA, John Snow.
Mantega quis saber a avaliação
do secretário sobre o cenário
do seu país e, segundo ele, ambos pensam igual.
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