São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Dólar dá sinal de subir a novo patamar, vê Mantega

Análise de ministro da Fazenda é que moeda fique na faixa de R$ 2,25 a R$ 2,30

Apesar de a cotação ser melhor para exportadores, ele afirmou que governo segue com estudo para reformular a lei cambial


SHEILA D'AMORIM
ENVIADA ESPECIAL A SÃO PETERSBURGO

Diante das recentes turbulências no mercado financeiro, a taxa de câmbio no Brasil dá sinais de que deverá se estabilizar num novo patamar entre R$ 2,25 e R$ 2,30, segundo avaliação do ministro Guido Mantega (Fazenda).
"Parece que o câmbio quer ficar aí", disse no intervalo do encontro de ministros da Fazenda que participa em São Petersburgo (Rússia). Para se confirmar o novo nível da cotação do dólar, explicou, é preciso aguardar o fim do processo de realocação de investimentos que o mundo atravessa após se confirmarem as expectativas de um aperto nos juros nos EUA maior do que o imaginado.
"Quando esse movimento de acomodação de capitais chegar a termo é que vamos saber." O real mais desvalorizado deverá atenuar as pressões dos exportadores que estarão "numa situação melhor". Ainda assim, destaca Mantega, o comportamento da taxa de câmbio com as turbulências no mercado financeiro nas últimas semanas não interrompeu a discussão no governo sobre reformulação da legislação cambial.
Segundo o ministro, os técnicos da Fazenda continuam trabalhando normalmente e deverão concluir até o final deste mês o texto do projeto de lei que será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para, depois, ser encaminhado ao Congresso. "Essa turbulência é passageira e não compromete essas medidas", disse. "Até o final do mês deve haver novidade", disse.
A base da proposta, de acordo com o ministro, será o fim da exigência para os exportadores trazerem para o país o dinheiro recebido com as vendas dos seus produtos lá fora, conhecido como cobertura cambial.
Para Mantega, independentemente da conjuntura atual, que ajudou a diminuir as pressões do setor exportador por uma ação do governo para evitar mais apreciação do real, o assunto se mantém na pauta do governo porque a tendência no longo prazo é de valorização da moeda brasileira.
"Estamos fadados a ter valorização do real", disse. "O patamar do dólar mudou e isso deu um alívio aos exportadores." A tendência de valorização das moedas de economias como a brasileira e a russa foi o tema do encontro com o ministro das Finanças russo, Alexey Kudrin.
Mantega quis saber o que a Rússia está fazendo para conter uma apreciação excessiva do rublo, a moeda local. "Eles estão fazendo praticamente o mesmo que nós. A diferença é que a Rússia tem a peculiaridade de ter um único bem [na pauta de exportação, o petróleo] e a receita vai toda para o Estado". disse.
Com isso, o governo criou um fundo onde são depositados os dólares obtidos com exportações de petróleo para evitar que a entrada desses recursos se traduza em mais gastos públicos. Ainda assim, a medida tem trazido problemas com a inflação, em torno de 10% ao ano.
A crise financeira internacional foi o principal assunto no encontro reservado que Mantega teve com o secretário do Tesouro dos EUA, John Snow. Mantega quis saber a avaliação do secretário sobre o cenário do seu país e, segundo ele, ambos pensam igual.


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