São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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Economia tem expansão menor no 2º tri

Demanda segue aquecida, mas alguns indicadores mostram desaceleração entre abril e junho; IBGE divulga hoje PIB do 1º trimestre

Produção de setores como os de eletrônicos, vestuário e alimentos caiu em abril na comparação com março, mas avançou sobre 2007

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira continuou aquecida em abril, maio e no início deste mês na comparação com igual período do ano passado. Alguns indicadores, porém, mostram que o país pode crescer menos neste trimestre sobre o anterior.
O IBGE divulga hoje o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no primeiro trimestre deste ano.
A expansão do crédito, dos prazos de financiamento, do emprego e da renda ainda mantém a demanda aquecida. E, como conseqüência, a produção e o emprego estão maiores do que no ano passado. "A expectativa, porém, é de uma acomodação desse crescimento. Se alguns setores estavam crescendo dois dígitos, poderão a partir deste trimestre crescer um dígito", diz Fabiana D" Atri, economista da consultoria Mauá.
A produção industrial em abril deste ano cresceu 10,1% sobre abril do ano passado, mas, na comparação com março, ficou praticamente estabilizada -o crescimento foi de 0,2%, com ajuste sazonal.
Em abril, os setores de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos), de semiduráveis (vestuário e calçados) e não-duráveis (alimentos) apresentaram queda ao redor de 1% na produção em relação a março, mas todos eles registraram crescimento em relação a igual período de 2007.
"A indústria já vinha com sinais de crescimento menor desde março. E isso ainda não tem a ver com inflação ou alta de juros. O que está acontecendo é desaceleração de setores que cresciam a taxas até superiores a 20%, como o de bens de capital, o de aparelhos celulares e o automobilístico. Não é possível sustentar taxas como essas. Isso deve ter reflexo no desempenho da indústria e do PIB, mas será apenas uma desaceleração do crescimento", diz Júlio Gomes de Almeida, consultor econômico do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Em maio, a produção de carros caiu 3,5% em relação abril. De janeiro a maio, porém, a produção cresceu 21% sobre igual período de 2007.
Outro sinal que indica crescimento menor da economia é desempenho do mercado de trabalho da indústria. Em abril, o estoque de ocupados na indústria foi 2,6% maior do que o de igual período de 2007. Desde outubro de 2007, a taxa girava em torno de 3%. "Significa que o ritmo de contratação da indústria, apesar de estar crescendo, cresce num ritmo menor do que o do final de 2007 e início de 2008", diz Fábio Romão, da LCA Consultores.

Estabilização
André Rebelo, economista da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), diz que a atividade da indústria está estabilizada num nível alto. No acumulado dos últimos 12 meses terminados em abril, o nível de atividade da indústria paulista (INA) cresceu 7,7%. De janeiro a abril deste ano, o crescimento foi de 9,3% sobre igual período do ano passado.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) também vê acomodação no consumo. Nos meses de abril e maio, as vendas a prazo, medidas pelo número de consultas ao SPC, subiram 8,7% em relação a igual período de 2007. As vendas à vista, medidas pelo número de consultas ao Usecheque, subiram 8,4%, no período. "O consumo continua no mesmo ritmo, por enquanto", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP.


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