São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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Lula pretende ampliar produção de adubos

SHEILA D'AMORIM
LETÍCIA SANDER

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da alta dos preços dos fertilizantes no mercado internacional, o governo estuda medidas para reduzir a dependência do país de insumos importados. Isso exigirá maior participação da Petrobras e da Vale. Ao ampliar a oferta do produto no mercado nacional, o governo quer ainda ajudar a reduzir o custo dos alimentos.
O tema foi assunto ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seus ministros. Apesar de ser ponto pacífico a necessidade de reverter o aumento das importações de fertilizantes, a questão esbarrou em problemas ambientais, em mudanças legais e na resistência da Petrobras em destinar mais gás para produzir adubos.
Ontem, segundo o ministro José Múcio (Relações Institucionais), "o presidente pediu para que o ministro de Minas e Energia [Edison Lobão], a ministra Dilma [Rousseff, da Casa Civil] e mais alguns ministros mantivessem reunião com diretores da Petrobras e da Vale, para ver o que deveríamos fazer para mudar o quadro".
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) tem defendido que a Petrobras destine mais gás natural para o setor. O gás é a base para produção de nitrogenados, um dos componentes mais importantes na fabricação dos adubos. Os outros são potássio e fósforo.
Empresa de controle privado, a Vale informou que já atua na produção de potássio e fosfato e que tem interesse em aumentar a produção.
No ano passado, o Brasil importou 75% do nitrogênio usado na indústria de fertilizantes, que somou 2,8 milhões de toneladas, segundo dados da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária).

Preços disparam
A dependência externa do potássio é maior: 91% dos 4,2 milhões de toneladas vieram de fora. Enquanto isso, 51% dos 3,7 milhões de toneladas de fósforo foram importados.
Stephanes destacou que os fertilizantes têm duplicado de preço, alguns triplicado. O primeiro problema para reverter esse quadro vem da "escassez de gás". Depois da nacionalização das reservas da Bolívia, a Petrobras interrompeu investimentos naquele país, o que ajuda a encarecer o produto e dificulta aumentar a produção.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, tem insistido em que o gás brasileiro está em US$ 7 o milhão de BTU [unidade térmica britânica de gás]. Uma fábrica de fertilizantes se viabiliza internacionalmente na faixa de US$ 2.
No caso do potássio, a solução identificada passa por cima de uma reserva indígena onde está a mina com potencial de exploração, em Nova Olinda, no Amazonas.
Para o fósforo, o governo estuda alterar a legislação atual e impedir que as empresas posterguem a exploração de minas por falta de interesse e também não deixem nenhuma outra companhia fazer o serviço. Mas isso demorará porque precisa passar pelo Congresso.


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