São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Lula diz que esperava resultado melhor e cobra mais medidas

KENNEDY ALENCAR
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do discurso otimista do governo, o presidente Lula considerou o resultado do PIB pior do que imaginava. Esperava, no pior cenário, uma queda de 0,5%. Chegou a pensar até que poderia evitar a chamada recessão técnica, mas a taxa negativa de 0,8% o surpreendeu, segundo apurou a Folha.
Em evento ontem, Lula disse: "Fiquei triste porque a gente vinha num crescimento tão extraordinário de 5%, 6%, estava numa situação tão boa, mas de repente veio uma crise causada pelos países ricos e nos traz esse transtorno".
Acrescentou ainda que "o dado concreto é que o PIB cresceu menos do que eu queria mas decaiu menos do que foi pronunciado nos últimos três meses por especialistas. Todo mundo dizia que ia ser uma catástrofe e não foi". Lula disse também que há sinais de recuperação e pediu mais investimentos de Estados e municípios a governadores presentes.
O resultado do PIB aumenta a pressão do Palácio do Planalto sobre o Banco Central, que decide hoje a nova taxa básica de juros, a Selic. Lula quer queda de 0,75 ponto percentual ou mais. O BC está dividido. O presidente Henrique Meirelles está ao lado dos que acham possível atender ao desejo de Lula. Mas outra ala da diretoria de oito membros prefere uma redução mais moderada. Auxiliares de Lula dizem que esse grupo quer queda de 0,5 ponto (para 9,75%) ou menos, sob o argumento de que, se baixar mais agora, pode voltar a subir a Selic em 2010, ano eleitoral.
Esse grupo joga com o argumento de que, eleitoralmente, talvez seja melhor ao governo ter paciência agora. Mas a Fazenda está preocupada com o crescimento do PIB no ano.
Oficialmente, o governo fala em crescimento de 1%. Nos bastidores, diz que qualquer número acima de zero será um gol. Lula quer medidas para obter um resultado positivo.
A decisão do BC deverá influenciar eventuais novas medidas. Se o BC optar por queda mais conservadora, o governo deverá renovar a redução de IPI para automóveis e eletrodomésticos e poderá ainda tentar incentivar o consumo.
Lula tem dito reservadamente que o governo não deve "abusar da paciência da população". Ou seja, o governo colhe bons índices de avaliação na crise. Lula voltou a ter popularidade recorde na serie histórica do Datafolha.
Para o presidente, é importante que o governo siga empenhado em mostrar à população que tenta fazer o melhor num cenário de crise. Considera que a sensação do eleitor sobre a economia será fundamental para um candidato do governo vencer em 2010.


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