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Lula diz que esperava resultado melhor e cobra mais medidas
KENNEDY ALENCAR
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do discurso otimista
do governo, o presidente Lula
considerou o resultado do PIB
pior do que imaginava. Esperava, no pior cenário, uma queda
de 0,5%. Chegou a pensar até
que poderia evitar a chamada
recessão técnica, mas a taxa negativa de 0,8% o surpreendeu,
segundo apurou a Folha.
Em evento ontem, Lula disse: "Fiquei triste porque a gente vinha num crescimento tão
extraordinário de 5%, 6%, estava numa situação tão boa, mas
de repente veio uma crise causada pelos países ricos e nos
traz esse transtorno".
Acrescentou ainda que "o dado concreto é que o PIB cresceu menos do que eu queria
mas decaiu menos do que foi
pronunciado nos últimos três
meses por especialistas. Todo
mundo dizia que ia ser uma catástrofe e não foi". Lula disse
também que há sinais de recuperação e pediu mais investimentos de Estados e municípios a governadores presentes.
O resultado do PIB aumenta
a pressão do Palácio do Planalto sobre o Banco Central, que
decide hoje a nova taxa básica
de juros, a Selic. Lula quer queda de 0,75 ponto percentual ou
mais. O BC está dividido. O
presidente Henrique Meirelles
está ao lado dos que acham
possível atender ao desejo de
Lula. Mas outra ala da diretoria
de oito membros prefere uma
redução mais moderada. Auxiliares de Lula dizem que esse
grupo quer queda de 0,5 ponto
(para 9,75%) ou menos, sob o
argumento de que, se baixar
mais agora, pode voltar a subir
a Selic em 2010, ano eleitoral.
Esse grupo joga com o argumento de que, eleitoralmente,
talvez seja melhor ao governo
ter paciência agora. Mas a Fazenda está preocupada com o
crescimento do PIB no ano.
Oficialmente, o governo fala
em crescimento de 1%. Nos
bastidores, diz que qualquer
número acima de zero será um
gol. Lula quer medidas para obter um resultado positivo.
A decisão do BC deverá influenciar eventuais novas medidas. Se o BC optar por queda
mais conservadora, o governo
deverá renovar a redução de
IPI para automóveis e eletrodomésticos e poderá ainda tentar incentivar o consumo.
Lula tem dito reservadamente que o governo não deve
"abusar da paciência da população". Ou seja, o governo colhe
bons índices de avaliação na
crise. Lula voltou a ter popularidade recorde na serie histórica do Datafolha.
Para o presidente, é importante que o governo siga empenhado em mostrar à população
que tenta fazer o melhor num
cenário de crise. Considera que
a sensação do eleitor sobre a
economia será fundamental
para um candidato do governo
vencer em 2010.
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