|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente da TAM era caso fora das
regras dos manuais de marketing
CÉLIA CHAIM
DA REPORTAGEM LOCAL
A TAM tem seis vice-presidentes à altura de ocupar o cargo de
presidente da empresa. Homens
competentes, de confiança do comandante Rolim.
Nenhum, porém, tem o extraordinário poder de simbolizar as
três letras da companhia com a
popularidade e o alcance do comandante.
Quem trabalha com marketing
reconhece em Rolim um caso raro, fora das regras e do figurino
convencional dos manuais.
Rolim era a cara da TAM, assim
como o grupo Votorantim é a cara do empresário Antonio Ermírio de Moraes e a Microsoft é a de
Bill Gates. A diferença é que, no
caso da TAM, a empresa também
é a cara do dono.
Como sobreviver sem ele? Essa
será provavelmente a primeira
missão espinhosa dos que hoje recomeçam o trabalho no comando
da empresa.
A cartilha verbal de Rolim está
lá, impregnada em todos os setores da empresa, mas isso não basta para amenizar o peso da transição. Ninguém estará, como ele,
andando de meias pelos corredores para bisbilhotar e palpitar em
todos os setores. Ninguém estará
lá para ter aquelas idéias mirabolantes que nenhum consultor de
marketing teve antes.
Tapete vermelho
O tapete vermelho que, dizem,
surgiu quando Rolim viu um funcionário da limpeza do avião colocando um tapetinho na ponta
da escada para limpar os pés, perde a graça sem ele, gesticulando e
abraçando passageiros que tinham medo de avião. Todos os
dias o tapetinho estava ali. Só ele
viu um novo uso para uma peça
tão prosaica.
Recuperar o seu significado de
boas-vindas será o menor dos trabalhos da TAM sem Rolim. A personalidade do "caipira" do dono
da TAM não aparece nem em sua
filha, Maria Cláudia, diretora de
marketing da companhia.
Dentro do avião, distribuindo
aos passageiros balas ou paçocas
nas festas juninas, ele fazia o espetáculo que o tornou conhecido
mesmo para quem nunca pisou
num avião.
A TAM começa hoje uma nova
fase, sem o comandante Rolim. O
peso da primeira reunião, ainda
não marcada, será o de um
Boeing.
À mesa, toda a herança deixada
subitamente por ele. Amenizado
o trauma da tragédia, os seis vice-presidentes -Rubel Thomas
(Relações Internacionais), Luis
Eduardo Falco (Comercial e Marketing), Jean Duboc (Serviços ao
Cliente e Gente), Marco Bologna
(Finanças e Gestão), Daniel Martin (Corporativa e Estratégia) e
Ruy Amparo (Operação)- terão
que, com o conselho, encontrar o
número dois que Rolim nunca teve.
Escola de samba
Ele sempre atuou no papel principal, o mesmo que lhe tinha sido
reservado pela escola de samba
do Salgueiro no desfile do Carnaval do Rio em 2002.
A TAM investiu R$ 1,2 milhão
no enredo da Salgueiro, "Aviação
Brasileira". Rolim ganhou o lugar
de destaque no último carro alegórico da escola. A Salgueiro também enfrenta o desafio da pergunta: e agora?
Texto Anterior: Mais de 300 acompanham enterro de Rolim Próximo Texto: Vítima biografava mulher de ditador Índice
|