São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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Presidente da TAM era caso fora das regras dos manuais de marketing

CÉLIA CHAIM
DA REPORTAGEM LOCAL

A TAM tem seis vice-presidentes à altura de ocupar o cargo de presidente da empresa. Homens competentes, de confiança do comandante Rolim.
Nenhum, porém, tem o extraordinário poder de simbolizar as três letras da companhia com a popularidade e o alcance do comandante.
Quem trabalha com marketing reconhece em Rolim um caso raro, fora das regras e do figurino convencional dos manuais.
Rolim era a cara da TAM, assim como o grupo Votorantim é a cara do empresário Antonio Ermírio de Moraes e a Microsoft é a de Bill Gates. A diferença é que, no caso da TAM, a empresa também é a cara do dono.
Como sobreviver sem ele? Essa será provavelmente a primeira missão espinhosa dos que hoje recomeçam o trabalho no comando da empresa.
A cartilha verbal de Rolim está lá, impregnada em todos os setores da empresa, mas isso não basta para amenizar o peso da transição. Ninguém estará, como ele, andando de meias pelos corredores para bisbilhotar e palpitar em todos os setores. Ninguém estará lá para ter aquelas idéias mirabolantes que nenhum consultor de marketing teve antes.

Tapete vermelho
O tapete vermelho que, dizem, surgiu quando Rolim viu um funcionário da limpeza do avião colocando um tapetinho na ponta da escada para limpar os pés, perde a graça sem ele, gesticulando e abraçando passageiros que tinham medo de avião. Todos os dias o tapetinho estava ali. Só ele viu um novo uso para uma peça tão prosaica.
Recuperar o seu significado de boas-vindas será o menor dos trabalhos da TAM sem Rolim. A personalidade do "caipira" do dono da TAM não aparece nem em sua filha, Maria Cláudia, diretora de marketing da companhia.
Dentro do avião, distribuindo aos passageiros balas ou paçocas nas festas juninas, ele fazia o espetáculo que o tornou conhecido mesmo para quem nunca pisou num avião.
A TAM começa hoje uma nova fase, sem o comandante Rolim. O peso da primeira reunião, ainda não marcada, será o de um Boeing.
À mesa, toda a herança deixada subitamente por ele. Amenizado o trauma da tragédia, os seis vice-presidentes -Rubel Thomas (Relações Internacionais), Luis Eduardo Falco (Comercial e Marketing), Jean Duboc (Serviços ao Cliente e Gente), Marco Bologna (Finanças e Gestão), Daniel Martin (Corporativa e Estratégia) e Ruy Amparo (Operação)- terão que, com o conselho, encontrar o número dois que Rolim nunca teve.

Escola de samba
Ele sempre atuou no papel principal, o mesmo que lhe tinha sido reservado pela escola de samba do Salgueiro no desfile do Carnaval do Rio em 2002.
A TAM investiu R$ 1,2 milhão no enredo da Salgueiro, "Aviação Brasileira". Rolim ganhou o lugar de destaque no último carro alegórico da escola. A Salgueiro também enfrenta o desafio da pergunta: e agora?



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