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Japão pode elevar juros nesta semana
Segundo relatos da imprensa local, país pode subir em 0,25 ponto percentual a taxa básica, a 1ª alta em quase 6 anos
Notícia surge no momento em que o BC europeu dá sinais de que subirá as taxas e em que o Fed realizou sua 17ª elevação consecutiva
DA ASSOCIATED PRESS
O Banco do Japão, o BC local,
deve decidir nesta semana alterar sua política de juro zero pela primeira vez em quase seis
anos, de acordo com informações da imprensa do país. Segundo elas, a taxa de juros deve
subir 0,25 ponto percentual.
A decisão é aguardada há algum tempo e representa uma
mudança dramática na segunda maior economia mundial.
Nos últimos anos, os juros japoneses têm permanecido em
0%, uma tentativa de reanimar
a economia do país, prejudicada pela queda do preço de
ações, pelo desemprego crescente e pela deflação -uma espiral constante de preços em
queda- que corroem os salários dos trabalhadores e os lucros da companhias.
Caso se concretize, o aumento das taxas no Japão aconteceria no momento em que as outras duas maiores zonas econômicas do planeta, os EUA e a
União Européia, tomam ou planejam tomar medida similar.
Na última semana, o Banco
Central Europeu anunciou que
manteria sua taxa de juros em
2,75%, mas deu sinais de que
poderá haver aumento a partir
de agosto, muito antes do que o
projetado por analistas. No fim
do mês passado, o Fed (Federal
Reserve, o BC dos EUA) elevou,
pela 17ª vez consecutiva, a taxa
de juros do país, que subiu de
5% para 5,25% anuais.
Juros mais altos nas economias centrais atraem capital e
reduzem a liquidez mundial,
prejudicando economias emergentes como a brasileira.
Segundo os jornais "Asahi" e
"Mainichi", a decisão de aumentar os juros será tomada
durante reunião de dois dias do
conselho de política do Banco
do Japão, que inicia na quinta.
Ainda de acordo com as reportagens, a primeira elevação
será de 0,25%, porém não disseram quando ela começará a
ser colocada em prática. As matérias dizem que os técnicos do
BC japonês acreditam que a
economia local é suficientemente sólida para agüentar o
aumento. No entanto, setores
da política e do empresariado
afirmam temer que a elevação
nos custos de empréstimo, decorrente da mudança nas taxas,
atrapalhe a retomada do crescimento do país. Para o ministro
da Economia, Kaoru Yosano, a
resistência vem diminuindo.
Segundo ele, as condições de
mercado, preço e econômicas
começam a se adequar a uma
situação que permita a alta.
"Se isso acontecerá em julho
ou em agosto, cabe ao Banco do
Japão decidir, já que é uma instituição independente. Eu
acredito que eles a tomarão de
maneira responsável e com discernimento", disse o ministro.
A independência de decisão
do BC também foi reiterada pelo primeiro-ministro Junichiro
Koizumi. O premiê afirmou
que o momento da implementação das novas taxas de juro "é
algo que o Banco do Japão deve
decidir monitorando de perto"
a mudança nos preços e deu entendeu a entender que respeitará a medida dos técnicos.
As especulações sobre alterações na política de juros de BC
cresceram ultimamente, incentivadas pelos dados econômicos recentes. Pesquisas mostram que as empresas estão
mais otimistas em relação ao
futuro. Ao mesmo tempo, depois de vários anos de deflação,
informações mostram que os
preços voltaram a subir e de
maneira consistente.
O mercado de ações do Japão
dá sinais de recuperação em relação ao ano passado, assim como também há dados positivos
em relação ao desemprego e ao
crescimento econômico.
A última vez que o BC japonês aumentou sua taxa de juros
foi em agosto de 2000, de 0% a
0,25%. Ela caiu para 0,15% em
fevereiro de 2001 e para 0% no
mês posterior. Desde então, ficou inalterada. Entre fevereiro
de 1999 e agosto de 2000, os juros também ficaram em 0%.
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