São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Japão pode elevar juros nesta semana

Segundo relatos da imprensa local, país pode subir em 0,25 ponto percentual a taxa básica, a 1ª alta em quase 6 anos

Notícia surge no momento em que o BC europeu dá sinais de que subirá as taxas e em que o Fed realizou sua 17ª elevação consecutiva


DA ASSOCIATED PRESS

O Banco do Japão, o BC local, deve decidir nesta semana alterar sua política de juro zero pela primeira vez em quase seis anos, de acordo com informações da imprensa do país. Segundo elas, a taxa de juros deve subir 0,25 ponto percentual.
A decisão é aguardada há algum tempo e representa uma mudança dramática na segunda maior economia mundial. Nos últimos anos, os juros japoneses têm permanecido em 0%, uma tentativa de reanimar a economia do país, prejudicada pela queda do preço de ações, pelo desemprego crescente e pela deflação -uma espiral constante de preços em queda- que corroem os salários dos trabalhadores e os lucros da companhias.
Caso se concretize, o aumento das taxas no Japão aconteceria no momento em que as outras duas maiores zonas econômicas do planeta, os EUA e a União Européia, tomam ou planejam tomar medida similar.
Na última semana, o Banco Central Europeu anunciou que manteria sua taxa de juros em 2,75%, mas deu sinais de que poderá haver aumento a partir de agosto, muito antes do que o projetado por analistas. No fim do mês passado, o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) elevou, pela 17ª vez consecutiva, a taxa de juros do país, que subiu de 5% para 5,25% anuais.
Juros mais altos nas economias centrais atraem capital e reduzem a liquidez mundial, prejudicando economias emergentes como a brasileira.
Segundo os jornais "Asahi" e "Mainichi", a decisão de aumentar os juros será tomada durante reunião de dois dias do conselho de política do Banco do Japão, que inicia na quinta.
Ainda de acordo com as reportagens, a primeira elevação será de 0,25%, porém não disseram quando ela começará a ser colocada em prática. As matérias dizem que os técnicos do BC japonês acreditam que a economia local é suficientemente sólida para agüentar o aumento. No entanto, setores da política e do empresariado afirmam temer que a elevação nos custos de empréstimo, decorrente da mudança nas taxas, atrapalhe a retomada do crescimento do país. Para o ministro da Economia, Kaoru Yosano, a resistência vem diminuindo. Segundo ele, as condições de mercado, preço e econômicas começam a se adequar a uma situação que permita a alta.
"Se isso acontecerá em julho ou em agosto, cabe ao Banco do Japão decidir, já que é uma instituição independente. Eu acredito que eles a tomarão de maneira responsável e com discernimento", disse o ministro.
A independência de decisão do BC também foi reiterada pelo primeiro-ministro Junichiro Koizumi. O premiê afirmou que o momento da implementação das novas taxas de juro "é algo que o Banco do Japão deve decidir monitorando de perto" a mudança nos preços e deu entendeu a entender que respeitará a medida dos técnicos.
As especulações sobre alterações na política de juros de BC cresceram ultimamente, incentivadas pelos dados econômicos recentes. Pesquisas mostram que as empresas estão mais otimistas em relação ao futuro. Ao mesmo tempo, depois de vários anos de deflação, informações mostram que os preços voltaram a subir e de maneira consistente.
O mercado de ações do Japão dá sinais de recuperação em relação ao ano passado, assim como também há dados positivos em relação ao desemprego e ao crescimento econômico.
A última vez que o BC japonês aumentou sua taxa de juros foi em agosto de 2000, de 0% a 0,25%. Ela caiu para 0,15% em fevereiro de 2001 e para 0% no mês posterior. Desde então, ficou inalterada. Entre fevereiro de 1999 e agosto de 2000, os juros também ficaram em 0%.


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