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LETRA CAPITAL
Livro vê dimensão social de blocos
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
Os vários processos de integração
econômica regional
são provavelmente
o mais importante
fenômeno sóciopolítico da segunda metade do século 20.
União Européia, Mercosul, Nafta, entre outros blocos, foram formados a partir de 1960, e ainda há
os que começam agora a ser gestados, como a possível área de livre comércio União Européia-
Mercosul e a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
Esses conjuntos de países, que
desafiam o conceito de Estado-nação, prevalente na geopolítica
dos últimos 150 anos, estão moldando o mundo do século 21.
O Brasil, que se firmou como
ativo "global player" no comércio
internacional, dividindo seus negócios com as Américas, a Europa
e a Ásia em proporções comparáveis, tem participado de maneira
ativa das negociações que viabilizam esses mecanismos.
Não fosse um incidente fortuito
(a famosa captação via antena parabólica de conversa que ele estava tendo com um jornalista numa
emissora de TV antes de ir ao ar),
o diplomata brasileiro Rubens Ricupero (então ministro da Fazenda do governo Itamar Franco) teria sido um forte candidato à liderança inicial da Organização
Mundial do Comércio.
Apesar da sua relevância relativa nesse cenário, o Brasil tem uma
produção modesta de livros a respeito desse assunto.
Quase toda a bibliografia referente aos processos de constituição dos blocos de que participa se
preocupa com questões jurídicas,
econômicas ou sociológicas.
A dimensão social da integração
tem sido objeto de poucos estudos, pelo menos que cheguem a
público. O que, de certo, reflete a
pequena participação da sociedade no debate sobre o tema.
Exceto em alguns momentos
episódicos, como durante a reunião ministerial dos países do hemisfério em Belo Horizonte, em
1997, sindicatos, entidades patronais e a própria academia brasileira não se mobilizam para discutir,
oferecer idéias e defender pontos
de vista sobre um assunto que as
vai afetar diretamente.
Por isso, deve ser saudado com
satisfação o lançamento de livros
como "Mercosul, Nafta e Alca -
A Dimensão Social" (LTr Editora
Ltda.), com organização de Yves
Chaloult e Paulo Roberto de Almeida.
Chaloult é professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília e Almeida, diplomata, é editor da "Revista Brasileira de Política Internacional".
O volume tem 11 artigos, de alguns dos principais estudiosos do
comércio internacional no Brasil.
Entre eles, o cientista político
Tullo Vigevani, o economista Gilberto Dupas e a socióloga Maria
Silvia Portella de Castro.
O livro se divide em três partes.
A inicial trata especificamente da
dimensão social dos processos de
integração regional, das relações
entre os blocos e o papel do Estado e da integração do Mercosul.
As outras duas partes lidam
com os movimentos sociais nesses processos de integração, sendo que, dentre eles, os sindicatos
merecem tratamento especial.
Além disso, o volume oferece
dois anexos de grande utilidade
prática: uma cronologia dos processos de integração nas Américas e um glossário de organizações de integração e cooperação.
A OBRA
"Mercosul, Nafta e Alca -
A Dimensão Social" - Organização de Yves Chaloult e Paulo
Roberto de Almeida. LTr Editora
Ltda. (rua Apa, 165, São Paulo, São
Paulo, CEP 01201-904. 272 páginas. Internet: www.ltr.com.br
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